duda.1909 23/09/2024
"Talvez os livros possam nos tirar um pouco dessas trevas."
E se fosse proibido ler livros e consumir literatura? E se, num mundo autoritário, a pessoa que transgredisse essa lei, fosse possivelmente presa ou até morta? Em Fahrenheit 451, a literatura é expressamente proibida, e o único meio de entretenimento é as gigantescas TVs e telões que transmitem 24 horas por dia um conteúdo. O mundo inteiro é vivido sob as telas, são viciados em tecnologia. Se alguém vir você lendo um livro ou ter conhecimento que você tem uma biblioteca, esse alguém pode te denunciar para os bombeiros, para que eles possam ir até a sua casa e queimarem os livros. Ah, não só os livros. Eles não ligam se vão destruir sua casa ou te matar. Eles vão queimar tudo. Então, como é que se vive em uma sociedade assim? Guy Montag é um bombeiro veterano que matou milhares de pessoas e já queimou muitas casas e muitos livros. É um bombeiro bem sucedido e acredita fielmente que livros não podem existir. Porém, tudo começa a desmoronar e a mudar quando ele conhece uma garota astuciosa e curiosa que faz com que Montag duvide de si próprio e do trabalho que os bombeiros têm. Afinal, por que os livros são proibidos? Que mal eles trazem para serem tão odiados assim?
Ray Brandbury possui uma mente tão criativa e curiosa. Esse universo de Fahrenheit 451 é muito interessante e muito bem escrito por Ray. Ele traz personagens incríveis, cada um com a sua importância e faz o leitor questioná-los em praticamente todo o livro. ?Por que ele pensa desse jeito??; ?Por que ele tem essas atitudes??; ?Por que ele fala de tal maneira??. É impossível não refletir sobre eles. O protagonista é alguém que tem dúvida de quem é na sociedade, até porque ele começa a duvidar do trabalho dos bombeiros. Porém, ele não pode falar abertamente sobre isso com quase ninguém no mundo, senão ele pode sofrer as consequências de discordar do mundo e das leis. E os personagens secundários com quem o protagonista tem contato também são perfeitos. São simples, mas são ótimos, e agregam muito na construção da narrativa, que, diga-se de passagem, parece ?simples? ao criar uma distopia na qual livros são proibidos, mas que no final, faz com que pensemos sobre. Ray não inova no que se diz respeito à escrita, já que ela é fácil de ler e não com muitos adjetivos ou palavras difíceis, mas que mesmo assim é filosófico de alguma forma, algo perfeitamente feito.
Minha experiência com esse livro foi incrível. As páginas passam voando e nem parece que você leu tudo aquilo. Ou seja, é um livro rápido de ler, muito bom e com uma história super diferente e instigante. Traz vários questionamentos sobre a nossa sociedade, sobre o vício em telas (obs: o livro é de 1953), sobre como a literatura é desvalorizada e também questões sobre a sociedade mundial como um todo, além de diversos outros assuntos que eu consegui captar durante a leitura e refletir muito sobre. É, com certeza, um livro que mudou minha mente.
Por fim, Fahrenheit 451 é uma obra incrivelmente bem trabalhada e construída, com momentos muito bons e uma trama engenhosa, uma distopia bem próxima da realidade, que faz críticas ao nosso modo de pensar, mas não deixa de ser um livro ficcional, por mais difícil que seja de acreditar. Um livro que deveria ser lido por muitos!