Renan Caíque 20/04/2021
Maneco
"Poesias Completas" reúne toda a obra poética de Álvares de Azevedo. Além do clássico “Lira dos Vinte Anos” que apareceu aqui no último post, apresenta também “Poesias Diversas” e poemas dramáticos byronianos “O Poema do Frade” e “O Conde Lopo”.
“Poesias Diversas” conta com poemas belíssimos do mesmo estilo “Lira dos Vinte Anos”, e há algumas poesias famosíssimas, principalmente “Se eu morresse amanhã”, um dos seus poemas mais conhecidos.
"O poema do frade" (publicado em 1855) é uma narrativa inacabada em cinco cantos, em versos decassílabos. Nos cantos I e II as estrofes são em oitavas, e nos III, IV e V em sextetos. A premissa do poema parte de um frade devasso que narra a história do infausto amor entre um poeta libertino chamado Jônatas e a bela cortesã Consuelo.
"O Conde Lopo" (publicado em 1886) é uma longa narrativa também incompleta, dividida em oito cantos, e conta uma história trágica, envolvendo amor, traição e morte, que é encontrada num livro em versos de um poeta morto, o Conde Lopo. O protagonista guarda um segredo do passado, o que o faz viver melancólico: a donzela que ele amara, Madalena, havia se casado com o seu irmão em sua ausência, e por isto ele se torna um sedutor que corrompia e destruía as donzelas que o amavam.
Ambos os poemas, "O poema do frade" e "O Conde Lopo", são tipicamente byronianos, estando repletos da ironia ácida, a morbidez sombria e o satanismo romântico de Lord Byron. Esta edição é bem simples e em alguns momentos a formatação pode incomodar um pouco a leitura, mas é uma publicação de grande relevância por conter “O Poema do Frade” e “O Conde Lopo”, duas obras que são quase desconhecidas e foram publicadas poucas vezes. O que é explicável, talvez por serem considerados rascunhos, que não tiveram tempo de ser revisados, e encarados muitas vezes pela crítica como meras tentativas confusas de imitação de Byron. Mas os poemas tem o seu valor para fãs da obra azevediana e são essenciais para conhecer o lado mais obscuro do poeta.
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