Juarez28 04/05/2024
Um breve comentário sobre como foi a minha experiência de leitura:
Li em uma resenha, aqui mesmo neste aplicativo, que ler Borges é um ato de humildade. Creio que não poderia expressar a sensação de melhor forma. Esta foi minha primeira experiência com o seu texto, e saio desta leitura não apenas grato, mas mais consciente de que o saber é tão infinito quanto as páginas do livro de areia. Digo isto não de forma a remeter uma noção anterior de possuir grande saber (o que nunca possui e nem tive a pretensão de expressar), mas o contato com um texto tão recheado de conhecimento formal, nos faz verificar ainda mais como o tempo é finito frente a tudo que se poderia ou desejaria aprender.
Em certo conto, o personagem indica possuir 2 mil livros em sua biblioteca, sendo questionado pelo homem do futuro que responde ter apenas uns cem, e que o mais importante seria reler. Depois do livro de areia, me vejo confiante em cogitar que Borges tenha lido, relido e efetivamente estudado muito mais do que 2 mil livros.
Meu caderninho se encheu rapidamente com as diversas pesquisas necessárias para entender as quase infindáveis referencias, o que foi algo realmente divertido de se fazer, embora tenha me obrigado a constante volta e releitura do texto. Sobre este aspecto, a minha edição quase não possui notas, algo de que senti falta e talvez seja suprido em outras edições (vale a pena conferir antes de comprar).
Em um dos contos (se me lembro bem, o que faz referência à lovecraft), Borges menciona o nome de Giovanni Piranesi, o que me tirou uma leve risada, já que seus contos, àquele momento principalmente, soavam para mim justamente como uma gravura de Piranesi.
Em resumo, creio que esta seja uma obra a ser guardada em um local de fácil acesso, de onde não se deve esperar muito, pegando-o novamente antes que a poeira o recubra. Admito que não me senti pronto para embarcar no texto de Borges. A viagem foi difícil, mesmo mantendo-se prazerosa e surpreendente em vários momentos. Ao final, já mais acostumado com o estilo da prosa, vi o prazer suprimir muito melhor as dificuldades desta primeira leitura. Aguardo ávido a próxima e fico imensamente curioso em relação as demais obras do autor, as quais já estou providenciando.
A maioria dos contos, em um ou outro momento, pelo teor poético e fatídico dos acontecimentos, me fez repensar em muito a minha própria vida, meus objetivos, minhas dores, alegrias e amores (acho que esse último seria no singular mesmo). Como tudo ainda está muito fresco na memória (e esta não deixa de ser uma rede social), me resguardo para, quem sabe, escrever mais especificamente em relação aos contos em outro momento.
Não vou classificar os contos que mais gostei, pois gostei de todos e não são tantos assim. Ademais, não possuo quase nenhum conhecimento acadêmico (na verdade não possuo nenhum mesmo), o que me impede de fazer considerações muito formais sobre o texto. Assim, o que posso afirmar é que estes contos certamente possuem a capacidade de entreter, fazer pensar e até mesmo sentir (e isso não seria uma das coisas mais importantes?).