edusrds 16/07/2024
A solidão perdura
Inicialmente, tive muitos problemas com esse livro, foi preciso um esforço para desvincular algumas questões abordadas da realidade e apenas seguir o fluxo da história. Passado esse desconforto, foquei na beleza da escrita, e de fato é um livro grandioso, imenso, e não falo pelo tamanho mas pela história majestosa. Foi o meu primeiro contato com o Gabo, e eu acredito sinceramente que poucas pessoas na história da humanidade tiveram a capacidade de escrever uma história assim, dessa forma, com essa maestria que só uma pessoa com o dom de escrever poderia ter. Até metade do livro eu não conseguia parar de pensar no quão insano ele é, e realmente não existe outra palavra no meu vocabulário limitado para descrever Cem anos de solidão a não ser: insano. Que bom que o Gabo se propôs a nos contar essa história e que bom que eu me coloquei em posição de ler, é uma experiência que com certeza enriqueceu a minha vida.
Para mim, a história dos Buendía parece que teve vida própria em ser contada, o escritor agiu apenas como um condutor de algo que já existia e sempre vai existir independente da sua não existência. É a história mais velha do mundo e ainda assim a que vai nos acompanhar eternamente. É sobre sobrevivência e propósito, pilares da existência humana. Diversas passagens me fizeram rir, seja pela ironia da escrita como pela ironia da situação. Diversas passagens me fizeram sentir como se estivesse incluída no pequeno vilarejo de Macondo, que por sua vez funciona como um personagem tanto quanto um Buendía. Talvez um nem exista sem o outro. E os anos passam, e as guerras acontecem, e os filhos nascem e morrem, e o amor cresce e é negado, mas a solidão perdura. Nessa família, a solidão sempre há de perdurar.
A naturalidade da escrita do Gabo foi um dos pontos altos pra mim, todas as falas e reações são tão reais mesmo em meio a uma realidade tão fantástica que eu não pude duvidar da veracidade de nada, por isso acredito que essa história quis ser contada e mais uma vez: que bom que foi. As passagens sobre a guerra, o que ela faz com a humanidade, sobre os deveres e sobre os propósitos, sobre o amor e a falta dele, sobre as formas de enfrentar e/ou reduzir a solidão são coisas que dificilmente irei esquecer.
Que livro rico. Queria que todos tivessem a oportunidade de lê-lo e que bom que eu li.