Tatá 04/01/2024
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
É tão surreal, que não parece real. Mas é. O marinheiro vítima de um naufrágio, que ocorre por conta de um temporal no qual eles não conseguem manobrar o navio direito devido o excesso de mercadorias contrabandeadas dos Estados Unidos na embarcação, contou essa história para Gabriel García Márquez, que com a sua fluidez maravilhosa de escrita somada à grande capacidade narrativa do marinheiro, se transformou nisso.
Na época em que ocorreu o naufrágio, a ditadura militar colombiana não permitiu revelar o real motivo (excesso de mercadorias de contrabando), enfatizando apenas que havia sido um naufrágio por conta da tormenta.
As reflexões solitárias do marinheiro Velasco dão angústia e são profundamente intensas. Se de primeiro momento pensamos que não se há muito o que escrever estando à deriva por 10 dias no mar, o que se vê é totalmente o oposto: dias intensos, tubarões ao redor, gaivotas trazendo expectativas, além das alucinações, pesadelos e de um corpo em carne viva com um instinto de sobrevivência intenso, nos provocam a vontade de devorar o livro de uma vez só.
Parafraseando Dorival Caymmi: O mar... marinheiro quando sai
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica