Tacia7 25/08/2024
MAESTRIA
Três contos, de Gustave Flaubert (principal autor do Realismo francês), foram escritos tão magnificamente, que é lamentável que a única obra desse maestro escritor que é citada, principalmente em escolas, seja o livro que deu início ao Realismo, a obra Madame Bovary, (1857), da qual, está sendo a minha leitura atual.
Em Três contos (1877), Flaubert, segundo a minha pesquisa, estava passando por uma crise quando as criou. Mas a sua sublime e profunda escrita, deixa-nos claro, o gênio na arte da palavra, que ele era. Tanto que, ao fim da escrita, o próprio autor garantiu que tinha se recuperado da crise.
Os contos são: Um coração simples, A lenda de São Julião Hospitaleiro e Herodias.
Em Um coração simples, o autor narra a história da criada Félicité. Poderia até afirmar que é uma história de formação. Pois narra desde o seu nascimento até a sua morte. Detalhando para o leitor com riquezas, seus sonhos, suas perdas, sua dedicação e suas poucas alegrias, incluindo uma delas que foi o papagaio Lulu. Fiquei extremamente tocada por esse conto. Flaubert foi de uma sensibilidade ao escrever a personalidade Felicité que não tem como não nos envolver em cada situação na qual ela passa e não conseguimos deixar de torcer por um final feliz!
O segundo conto, a hagiografia de São Julião Hospitaleiro, foi o que me deixou mais curiosa em chegar ao fim da história. É um conto que perturba e inquieta o leitor. Fiquei já extremamente fascinada pela leitura, desde da primeira linha. Também considero um romance de formação. A linha narrativa desse conto é perfeita. Flaubert fez uma construção narrativa singular em todo o enredo. É extremamente profunda a história e diz muito ao leitor. Um clássico, sem dúvida, como nos demais contos.
O terceiro e último conto, Herodias, é a confirmação de que ele encerrou o livro com chave de ouro. Flaubert, em sua leitura na história bíblica de João Batista, apresenta-nos a seu ver, em sua escrita, detalhes e acontecimentos que culminaram na decapitação de São João Batista, que poderiam ter acontecido de fato. Isso sem se perder das citações bíblicas citadas no conto. Que excelência de conto! Estou encantada com a riqueza da escrita desse conto!
Finalizo, que Gustave Flaubert é com certeza um dos maiores escritores da literatura e que suas obras sempre vão ter muito a dizer!