trdll 22/09/2024
36º leitura de 2024
Um livro com um poder de imersão sem igual, você sente e se compadece com a luta do velho. Acima de tudo, é uma obra que fala sobre a vida e suas batalhas, sobre resiliência, solidão, dores, gratidão, esperança, oportunidades, compaixão e sobre a linha tênue entre vitória e derrota. É mágico ver como o autor faz um simples conto de pescador carregar tantos acontecimentos valiosos.
Esse livro realmente foi impactante para mim. Em todo momento da batalha entre o velho e o peixe, eu pensava nos ensinamentos budistas sobre compaixão e consciência. Consciência porque sempre nos é lembrado de ter gratidão pelo alimento que comemos, pois existiu grande esforço de muitas pessoas para ele chegar em nossa mesa. Nas dúvidas do velho sobre o merecimento ou não das pessoas que iriam saciar a carne daquele peixe e na dor que ambos passaram durante toda a batalha, eu percebi como um koan. Sobre a compaixão, chega a ser óbvio. O velho enxergava os humanos como irmãos dos peixes e aves, algo como iguais, dignos das mesma honras, ou até mais merecedores delas. Compaixão é entender o outro como parte de você, se essa parte sofre, então você também sofre. E não para por aí, acontece essa identificação até mesmo com os supostos inimigos, os tubarões. Em certa parte da história, o velho diz que as feras não são muito diferentes deles, já que também estão apenas matando o peixe, apenas sobrevivendo.
Aproveitando esse gancho, outro ponto interessante é como o velho tenta se manter presente, não vaguear em pensamentos, como é descrito em diversos momentos da obra onde ele diz para si mesmo para "não pensar". Mais uma vez, o conto vai de encontro ao ensinamentos de Buda. Estar no momento presente e apenas fazer. Não pensar e apenas pescar o peixe, apenas se concentrar na batalha que ocorre no agora.
Poderia falar muito mais, mas em resumo é isso, uma obra magnífica. Recomendadíssimo!