oz. 08/05/2023
Homem com H - Ney Matogrosso
"Tyler me arranja um emprego de garçom, depois o mesmo Tyler está colocando uma arma em minha boca e dizendo que o primeiro passo para a vida eterna é que você tem que morrer."
Um homem aparentemente sem nome busca incansavelmente a iluminação na vida tentando alcançar o fundo do poço, porque, de acordo com ele, uma pessoa pode ser o que quiser depois que se perde tudo.
"Se eu podia acordar em um lugar diferente em uma hora diferente, será que podia acordar como uma pessoa diferente?"
Ele era uma boa pessoa, um cara legal. Até o momento em que conheceu Tyler Durden e Marla Singer. Duas pessoas que viraram seu mundo de ponta cabeça, fazendo-o alcançar o tão desejado fundo do poço. Tyler lhe mostrou seu pior lado. Marla lhe mostrou que havia algo no mundo que merecia ser salvo. E no final, a culpa pela ruína do moço sem nome é de quem?
"Que eu nunca me sinta completo. Que eu nunca me sinta satisfeito. Que eu nunca seja perfeito. Me salve, Tyler, de ser completo e perfeito."
Eu não ia escrever uma resenha para esse livro porque não sei como expressar a minha opinião sobre. Assim, não é um livro ruim. Mas a abordagem dele é bem estranha. A narrativa é muito perturbada, como se alguém estivesse ditando os acontecimentos no momento em que eles acontecem, sem se aprofundar nos detalhes e jogando tudo no ar, o que, no caso, foi uma ferramenta que o autor utilizou para prender a atenção do leitor, mas isso não me agradou.
Sem contar a construção do clube da luta. Eu achei o motivo para eles lutarem meio besta. É tipo "ain, eu cresci sem meu pai, então vou lutar para aprender a virar homem", e os caras cometem um monte de crime nesse meio tempo. Eu até entendo a mensagem que o livro entregou no final, e gostei muito de como tudo foi resolvido. Mas esse clube da luta é uma bosta (o único que tinha motivo para sentir a dor das lutas era o protagonista). O clube da luta não tem nenhum significado importante, só o jeito macho de lidar com as coisas (o próprio autor disse isso no posfácio).
"O que você vê no clube da luta é uma geração de homens criados por mulheres."
(isso é tão ruim assim?)
Sobre as críticas a sociedade: a única que gostei foi a encarnação do conceito ?sociedade do cansaço?, o livro descasca o excesso de perfeição que o mundo cobra, seja no trabalho ou na vida pessoal, e como isso gera o cansaço das pessoas. O resto, ficou tudo muito jogado e sem desenvolvimento. O autor quis criticar capitalismo e outras questões com relação à ideologia de direita/esquerda na mesma medida, e acabou se perdendo no pensamento.
O plot foi o motivo que fez esse livro ultrapassar a marca de 2 estrelas.