Malau López 24/04/2024
História para ninar gente grande
“Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco.”
Em determinadas fases da vida, as pessoas costumam se deparar com o fato de estarem meio perdidas. Seja na adolescência, quando temos que responder constantemente ao que queremos da vida, no futuro desconhecido e iminente que se aproxima assustadoramente aos 20 e tantos anos, ou ainda na crise de meia idade, em que a suficiência do presente é questionada. “O Conto da Ilha Desconhecida”, não fala diretamente sobre nenhum desses momentos, mas abarca todos eles no fluxo constante da escrita de Saramago.
Brincando com os saberes, deveres e desejos das pessoas, o conto, que tem seu livro próprio, é daqueles que se resolvem em uma hora e te deixam com um sorriso gostoso no final. Talvez depois, o leitor até se pegue assumindo o lugar de contador, repassando adiante os acontecimentos narrados.
É como se o conto pedisse para ser contado a outras pessoas, como histórias de dormir, dessas que te aconchegam para o sono. Deve ser porque ele nos aconchega para a vida.