Alex 11/01/2024Um pequeno tratado da injustiçaDumas é brilhante no retrato social de sua época e da pretérita. Me agrada muito a forma que ele expressa, rememora e tece suas obras, com essa tecitura da sociedade que ele vivia ou que o antecedeu.
Em A Tulipa Negra não é diferente, ele trata de temas universais, a injustiça, a inveja humana, o amor e a fé. Durante todo o percurso desse curto romance, esses elementos irão surgir, se entrelaçar e findar de alguma forma, feliz ou não.
Quanto à injustiça, ele nos apresentará através da transição do antigo regime político e os desdobramentos cruéis e insensatos... não falo mais que isso para não entregar nada da trama. Mas, sem prejudicar um futuro leitor, posso dizer que o ser humano, com irracionalidade e ira, comete injustiças já no início do livro. Mas também, retrata a injustiça penal, tema que lhe é muito caro, e estava em voga pelos autores dessa época. Dumas, denuncia a ausência de um julgamento justo, a ausência de um juiz natural, a execução de forma indiscriminada, entre outros temas.
A inveja é retratada do começo ao fim. Sem folga, de forma genial e convincente. A inveja é sempre direcionada à alguém muito próximo e, a vítima, geralmente não sabe nada do que se passa. No livro isso é magistralmente retratado, carrega toda a trama.
O amor, está presente, surge como os amores mais leves, inesperadamente, cresce com o cuidado e a rega e, floresce de forma peculiar.
E por fim, a fé, que, aqui foi utilizada como um recurso literário mesmo, Deus ex machina, a fé salva, resolve e até diminui o trabalho do autor. Eu não gosto desse recurso, parece coisa de preguiçoso, mas tudo bem, ficou muito bem encaixado no livro.
Por fim, apesar de tudo, não vale 5 estrelas por ter final feliz, feliz demais. E na vida, não há finais felizes. Logo, perde uma estrela por esse motivo, mas é ´pura opinião pessoal, há aqueles que irão amar o desfecho.
Recomendo a leitura, é muito diferente Do conde de Monte Cristo, mas ainda assim, é muito parecida à forma com que Dumas conta a história e tece seu retrato social de época.