jonathanmelo 15/04/2020
Agradabilíssimo e interessante.
Fatigado pela comemoração regada à bebida do dia anterior, Pausânias pede aos presentes no banquete que lhe indiquem um modo mais cômodo de beber. Tendo como resposta a indisposição dos demais, Erixímaco sugere que cada um beba o quanto lhe aprouver, e propõe a todos discursar sobre o amor, um deus tão negligenciado.
Em sequência, temos acesso aos discursos mais importantes, como se recorda Aristodemo. Dentre eles, selecionei alguns.
Para Aristófanes, grande comediógrafo grego, três eram os gêneros da humanidade: o masculino, o feminino, e o andrógino. Este último era um misto de masculino e feminino e possuía tudo em dobro. Após laboriosa reflexão, Zeus decide dividir o andrógino em dois, e desde então, uma metade ansiava pela outra para que, unidas, formassem o todo. Isso se aplicava tanto ao homem e sua outra metade mulher e vice-versa, quanto ao homem e sua outra metade homem, e à mulher e sua outra metade mulher. “Cada um de nós portanto é uma téssera complementar de um homem, porque cortado como os linguados, de um só em dois; e procura então cada um o seu próprio complemento.”
Já Agatão, o anfitrião do banquete, busca trazer ao seu discurso a essência do amor e não os resultados deste, dizendo que o amor é delicado, belo, e reside no mais brando entre os seres.
Enfim, para Sócrates, quem ama, ama algo, e, portanto, o amor é uma necessidade do que não se tem. Aprendera com Diótima, uma sacerdotisa estrangeira, que o amor está entre o belo e o feio, o bom e o mau, a sabedoria e a ignorância, o meio. Além disso, discorre sobre a origem do amor “[...] por ser filho o Amor de Recurso e de Pobreza [...] ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo [...] mas é duro, seco, descalço e sem lar [...] porque tem a natureza da mãe [...] Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico [...] ávido de sabedoria e cheio ele de recursos, a filosofar por toda a vida [...] e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele germina e vive [...]; ora morre e de novo ressuscita [...] assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância."
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