Geografia da fome

Geografia da fome Josué de Castro




Resenhas - Geografia da Fome


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naoesteves 17/08/2024

Grande decepção
Me sinto quase culpada por não ter gostado desse livro, considerando o tanto de boas indicações.

A verdade é que achei bem técnico, cansativo na maior parte do tempo. Estava na expectativa de encontrar uma análise geográfica, social, ambiental, cultural e honestamente o texto empaca em detalhes nutricionais de uma série de alimentos, no funcionamento metabólico de populações, enfim... e olha que eu nem sou avessa a essa perspectiva mais biológica, mas de fato achei exagerado nesse aspecto. Inclusive acho que o título engana muito nesse sentido.

Não menos importante é o fato de que o livro tem passagens preconceituosas. Ainda não consegui me aprofundar sobre o autor em relação a isso, mas acho pertinente comentar sobre.
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LarizaP 22/06/2024

Transformação
Esse livro muda tudo. Uma âncora para nos trazer a realidade e um fornecedor de asas para alçar voo contra desigualdade. Que livro fantástico, necessário! Orgulho do meu Pernambuco e dos autores da minha terra.
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Jeff_Rodrigo 19/06/2024

Leia e devore com a fúria dos famintos
É engraçado perceber como a figura de Josué de Castro sempre me rondou e eu, não só incapaz de entender as referências cotidianas como também materialmente impossibilitado de conhecer o seu legado, demorei a perceber a sua grandeza.

A primeira vez que ouvi o seu nome foi na música "Da Lama ao Caos", do Nação Zumbi, em que dizia:

"Ô Josué, eu nunca vi tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Peguei um balaio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
'Aê minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir'
E com o bucho mais cheio comecei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar"

Ali, numa mistura de um diálogo curto com reflexão, sob um som estridente (mesclado e ousado), vi um pouco do fundamento da sua obra: a indignação diante da pior condição social existente, a fome. Mas naquele momento, confesso, não fui curioso o suficiente para buscar conhecer quem era essa figura.

Posteriormente, já na faculdade, também fui negligente. Mesmo tendo contato com partes dos seus textos, não tive a capacidade de abrir espaço para ler uma das suas mais importantes obras, "Geografia da Fome". E que obra!

Nesse livro, escrito em 1946 e com mais de 15 edições posteriores, temos um compilado minucioso e bem detalhado das características endêmicas da fome ao longo do território brasileiro. Usando de vários conceitos médicos, de referências históricas e trabalhos sociológicos, Castro vai construindo uma argumentação lógica sobre a relação entre as crises alimentícias e as características físicas e humanas que compõem os diferentes territórios do Brasil. Assim, neste livro nos é apresentado não só a definição científica das diferentes doenças causadas pela carência de nutrientes fundamentais à vida, com suas características e consequências, mas também como cada território se tornou propenso às crises alimentares.

Partindo da Região Norte, Castro nos mostra os perigos da falta de organização centralizada da gestão econômica e política do território. O destaque é feito para o flagelo enfrentado pela leva de população que migrou para essa região durante o ciclo da borracha, no final do século XIX. De como essa opção econômica, praticamente a única nesse território durante todo esse período, resultou em um enorme perigo de saúde pública, caracterizado pelo alastramento do raquitismo, anemia, pelagra, xeroftalmia, beribéri, escorbuto e toda uma gama de doenças que deformam o físico e afetam a psique do indivíduo. Notório, também, é como ele faz a distinção entre os hábitos daqueles que já estavam acostumados às condições locais (índios, caboclos, ribeirinhos e antigos colonos) com aqueles que se aventuraram por essas terras sem planejamento algum.

Na Região Nordeste, por sua vez, o autor nos apresenta um estado calamitoso, provocado pelo legado histórico da ocupação. A monocultura de cana, o uso de mão de obra escrava e a concentração de terras nas regiões efetivamente produtoras, resultaram num quadro vicioso de epidemias de fome ao longo desse território. A má utilização dos recursos disponíveis, com degradação do solo, destruição do bioma, falta de pesquisa e incentivo da utilização racional da fauna e flora restante, resultaram numa população que vive arcaicamente, quase à beira do feudalismo, sujeita a toda sorte de doenças causadas pela carência de nutrientes (doenças físicas e mentais). Nesse ponto, o autor destaca a diferença com a população da região norte: ainda que haja uma carência de vitaminas e minerais importantes, essa é compensada pela alta ingestão de proteínas, fato resultante da cultura herdada dos colonizadores europeus. O processo de colonização do nordeste foi tão violento, aliás, que simplesmente ignorou e destruiu os saberes e técnicas de sobrevivência que as populações indígenas daquela região utilizavam para sobreviver.

Por fim, descrevendo a região sul (sul e sudeste, na classificação atual), Castro aborda a carência de nutrientes e minerais importantes entre as populações locais, como o iodo e, claro, as suas terríveis consequências. Também faz uma boa referência ao fato da discrepância e descompasso entre a produção industrial e a agrícola, identificando e alertando como a má distribuição de renda nos centros urbanos é responsável por vários problemas de saúde e conturbações sociais.

O autor finaliza o livro tocando o dedo na ferida. Denuncia que os males enfrentados pela fome no Brasil são frutos de uma opção política, gerada e organizada por uma classe social egoísta, que prefere se aproveitar rápida e vorazmente de todos os recursos físicos e humanos em um curto espaço de tempo, ao invés de pensar em um projeto integrador, racional e justo para todos os seus compatriotas. Evidencia que as condições morfoclimáticas locais pouco influenciam para a condição de perigo à que o grosso da população brasileira é sujeita. Cita como a monocultura e a concentração de terras no Brasil são uma ameaça à saúde pública e à segurança nacional, capaz de provocar tensões e problemas sociais de toda ordem.

Não é à toa que esse livro, junto com demais trabalhos feitos por Josué de Castro, foi tão estudado, reproduzido e tenha servido de inspiração para outros trabalhos semelhantes ao redor do mundo. É um documento que acendeu alertas, provocou debates científicos e colocou o Brasil no mapa da fome mundial.

Não é à toa, também, que Josué de Castro foi perseguido pela Ditadura Militar de 1964. Esse livro tocou em temas sensíveis da estrutura econômica e social brasileira. Temas que, infelizmente, ainda são pertinentes. Portanto, não faça como os malditos milicos, negligenciando, ignorando e escondendo essa obra que continua sendo atual. Leia e devore ela com a fúria dos famintos.
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Santos 09/06/2024

Geografia da fome
Esse livro é muito necessário. É triste ver como o assunto do livro é tão atual mesmo sendo um livro de anos atrás...
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Aislan8 16/05/2024

Essa josué de castro é uma bixa babadeira
Como nutri acho que esse livro deveria ser material básico para a formação. É revoltante perceber que um livro de 64 continua tão atual.
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Lalalala 05/05/2024

Geografia da fome
O livro é maravilhoso. É impressionante a quantidade de informações e a organização. Josué conseguiu explicitar o problema da fome, relacionando-o a desigualdade, industrialização, história e modelo agrícola brasileiro no contexto histórico o qual ele estava inserido.

Ao tratar da fome como um fenômeno político, muitas coisas, inclusive na atualidade, passam a fazer sentido. É um livro que muda a percepção do mundo e do Brasil.
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Bruno Oliveira 04/12/2023

AINDA DE GRANDE RELEVÂNCIA
Geografia da fome: O dilema brasileiro: pão ou aço, do pernambucano Josué de Castro aponta, claramente, a origem da fome no país: culturas agrícolas mais voltadas ao mercado, à exploração, do que à alimentação da própria população. Lançado originalmente em meados do século passado (1946) e bem amparado por farta bibliografia das áreas de seu conhecimento (Geografia e Nutrição), este livro revela-se, surpreendentemente, atual. Josué mapeia as características específicas (geográficas, climáticas, sazonais) de cada região do país e diagnostica suas deficiências alimentares — cada região têm a sua própria carência. Livro acadêmico raiz e obrigatório para se entender o Brasil que temos para construir um mais justo almejado.
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cleber.teixeira 22/11/2023

Um dos grandes clássicos brasileiros
No Brasil, terra e fome são termos que historicamente sempre estiveram associados. Alguns clássicos da nossa literatura refletem sobre essa relação a partir das narrativas ficcionais ou pela perspectiva jornalística. Mas é com Josué de Castro que esse binômio ganha definitivamente status de ciência, através de sua abordagem pelo método geográfico. "Geografia da fome" (1946) é muito mais do que um ensaio. É um manifesto em prol de milhões de brasileiros vítimas da fome e da miséria, que, como ele comprova, não se dão apenas pelas catástrofes climáticas, mas por projetos políticos que ignoram essas massas enquanto se concentram em alavancar o progresso industrial a qualquer custo. Médico, filósofo, geógrafo e cidadão do mundo, o pernambucano Josué de Castro escreve com propriedade, precisão e extrema clareza, demonstrando profundo conhecimento do tema e de toda literatura que o discute, na ficção e fora dela. A obra está na lista dos 200 livros para entender o Brasil, publicada no ano passado pela Folha. Indico também àqueles que desejam adquirir repertório para escrever redações e ir além dos clichês da internet. "Geografia da fome" é primoroso em termos de ciência, de linguagem e, sobretudo, de humanismo.
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Tarsila.Helena 03/07/2023

Indico para todo brasileiro
É até difícil para mim dizer algo desta obra que para mim foi tão marcante. A Geografia da fome é um clássico livro sobre sociedade, alimentação, desigualdades, indústria, agricultura, e fala muito da história do Brasil como um todo.

Josué de Castro foi exilado pelos militares na ditadura devido seus ideais progressistas. Josué acreditava em um progresso em que ninguém fique para traz morrendo de fome enquanto outros enriquecem desenfreadamente, ele acreditava na saúde para todos, reforma agrária, aproveitamento do solo, e tantos outros valores essenciais até hoje.

O caminho que o livro percorre é muito rico e justifica o título da obra. Ele vai percorrendo as regiões do país e finaliza com uma conclusão do Brasil como um todo, mas sempre trazendo riqueza de relatos, referências e fatos de um país que até hoje deixa os seus morrerem de fome.

Pretendo ler de novo. Li fazendo anotações marcações e anotando outros autores que Josué menciona, para continuar me aprofundando neste tema que para mim é tão caro.
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Rech_ 20/06/2023

O dilema do subdesenvolvimento
O retrato nu do fenômeno da fome estrutural, expresso com apontamentos sociais e naturais que ocasionam na situação de fome enfrentada pelas cinco áreas brasileiras catalogadas por Josué de Castro, com enfoque principalmente nas áreas de fome endêmica, Amazônia e Nordeste açucareiro, e de epidemias de fome, Sertão Nordestino.
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malubsballarotti 24/03/2023

é quase doloroso ver como esse livro é atual, mesmo sendo da década de 40.

Josué é imprescindível pra entender uma associação entre fome e território, pra entender o motivo de muito do que vemos hoje e pra pensar também a reforma agrária. leitura valiosa!
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Juan 12/03/2023

Um livro mais do que indicado pra quem quiser entender mais sobre os problemas mais profundos da fome no nosso país, ocasionados principalmente pelo nossos problemas socioeconômicos, herança do nosso passado colonial. O livro seriq perfeito se não fosse pelo incentivo, de certo modo moderada, à exploração da Amazônia, o que é entendível na época em que foi escrito, anterior aos grandes debates ambientais de hoje. Indico a todos. Abraço
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Mariana 27/02/2023

Maravilhoso
Essa leitura é indispensável para o Geógrafo. Josué de Castro conseguiu reunir tanta informações preciosas para desenvolver a sua análise que, por mais que o tema da fome seja devastador, o sentimento ao ler esta obra é de puro fascínio.
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juliabmelo 22/01/2023

uma visão da fome despida de eufemismos
?nenhum plano de desenvolvimento é válido, se não conduzir em prazo razoável à melhoria das condições de alimentação do povo, para que, livre do peso esmagador da fome, possa este povo produzir em níveis que conduzam ao verdadeiro desenvolvimento econômico equilibrado, daí a importância da meta ?alimentos para o povo?, ou seja, ?LIBERTAÇÃO DA FOME??.

parafraseando Paulo Freire, sem teoria revolucionária, não há movimento revolucionário; a revolução ocorre com a práxis, a reflexão e ação incidindo sobre as estruturas a serem transformadas.

numa infeliz coincidência temporal, termino este livro num ponto do espaço-tempo em que tragédias invadem as manchetes de jornal: o povo Yanomani, o qual detém o maior território indígena remanescente no país, grita de fome. crianças definham raquíticas, num semblante seco e exaurido de qualquer vida, devorados pela malária e consumidos pela desnutrição. isso não às custas de uma briga entre homem e terra, mas decorrente de uma economia mineradora de exploração, envenenados pelo mercúrio amargo nas mãos do colonizador.

são essas notícias que comprovam que nosso país segue preso às correntes do subdesenvolvimento. porque a grandeza só se atinge com um estado de bem-estar social. que construamos um Brasil para Brasileiros, todos eles.
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Vanessa 07/11/2022

Leitura atual e necessária. O problema da fome no Brasil continua atual e urgente e o autor apresenta as grandes áreas da fome e as principais características.
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