Cris 24/11/2016
Chega a ser fantasioso de tão horripilante!
Terminar "Os Espinhos do Mal" cético sobre certos acontecimentos é totalmente compreensível visto que metade desses acontecimentos fogem da normalidade e da nossa zona de conforto. Para quem não conhece, estou falando da série Foxworth escrito pela já falecida autora V. C. Andrews. A história narra em um longo espaço de tempo a vida dos quatros irmãos que foram trancafiados num sótão pela mãe e avó materna por cerca de três anos, e, ao longo desse período os irmãos mais velhos Christopher e Cathy, acabam desenvolvendo um sentimento amoroso, que para eles, é inocente e incompreendido. Não entrarei em detalhes acerca de "Jardim dos Esquecidos" e "Pétalas ao Vento", esta resenha só diz respeito ao terceiro livro que, diferentemente, dos anteriores será narrado pelos filhos de Cathy, Jory de quatorze anos, e Barth de nove.
De início teremos uma família, aparentemente, feliz e "perfeita". Com pais amorosos e filhos responsáveis que nada temem do futuro. Porém, a suposta estrutura familiar logo é arruinada com a chegada de uma nova e misteriosa moradora. Como Jory e Barth vão lidar com o assombroso segredo de seus respectivos pais, Christopher e Cathy? E esta nova moradora, que papel fundamental na história ela teria?
"Oh, os pecados de mamãe e papai formavam uma pilha que atingia o céu."
Ler a última página deste livro e ter uma opinião concisa a respeito de tudo é praticamente impossível. A contar do princípio que é o incesto, já temos milhões de conclusões e achismos embasados em diversos questionamentos e inclinações. Mas, deixando essa particularidade de lado, o que pude tirar da leitura? Nada de bom! Tudo foi dolorido e recheado de pessimismo e torturantes sentimentos. O que mais me incomodou na história foi a construção de alguns personagens, entre eles, o filho mais novo de Cathy, Barth. A todo momento me irritava com o garoto e procurava motivos para entender seu detestável comportamento para com os demais, a meu ver ele não tinha motivos plausíveis para total desrespeito. Seus problemas psicológicos e emocionais foram agentes de compreensão por minha parte e, embora eu tenha entendido e relevado muita coisa, ainda o acho totalmente cruel ( diabólico) e ingrato.
A construção da história em nada se difere dos livros anteriores, os dramalhões mexicanos presentes em cada capítulo apenas enaltece a curiosidade do leitor em continuar a ler, porém, ainda acho que seu início deixou a desejar, mostrando um enredo um tanto enfadonho e fantasioso de tão horripilante, cheguei a cogitar a sanidade da autora em nos apresentar uma história neste formato, nada termina em felicidade e tudo é doloroso e infinitamente trágico. Com o desenrolar das páginas, fui me envolvendo novamente e quando menos percebi estava atônica com o desfecho dado, em contrapartida já me vi ansiosa por sua continuação, "Sementes do Passado"
Para encerrar, mesmo gostando e sendo refém desta série, ainda me sinto muito insegura ao indicá-la. Existe sim uma coerência na história, creio que a autora quis mostrar o obscuro do amor e suas adjacentes, no entanto, ler os cinco livros lançados não é para qualquer um, já dizia o ditado: "O que começa errado, termina errado". Talvez eu encontre a felicidade para seus personagens nos demais livros e, embora não esteja confiante quanto a isso, continuarei minha trajetória junto à Cathy e Christopher.
Se fosse indicar a série, indicaria para aqueles que amam e buscam leituras diferentes, nada convencionais e absurdamente perturbadoras. Aos amantes de romances clichês, fujam! Esses livros não foram feitos para você.
"Não existe inferno a não ser o que nós mesmos criamos para nós. Não existe céu senão o que construímos juntos."