Carla.Parreira 04/11/2023
A ilha perdida (Maria José Dupré)...
Eduardo e Henrique vão passar as férias na fazenda do padrinho ás margens do rio Paraíba do Sul nos arredores de Taubaté. Durante a estadia, eles localizam uma ilha perdida no meio do rio e escutam dos seus primos muitas histórias esquisitas a respeito dela. Um dia eles encontram uma canoa e secretamente decidem reforma-la e usa-la para atravessar o rio e explorar aquela ilha. Com medo de serem impedidos, eles decidem ir sem contar a ninguém. Chegando lá sem muitas dificuldades, os garotos começam a explorar o lugar, mas não encontram nada de diferente. Quando tentam voltar para casa, eles se perdem e acabam ilhados devido a uma forte inundação que fez o rio ficar mais alto e perigoso. Em busca de sobreviver até chegar ajuda, eles exploram a ilha, mas acabam se perdendo um do outro.
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Melhores trechos: "...Então Henrique viu uma espécie de gruta de pedra em cima de um barranco; ao lado do barranco, duas árvores gigantes. Uma outra escada de quatro degraus, feita de cipós e tábuas, conduzia à porta da caverna. Quando Henrique levantou os olhos para a morada do homem, ficou branco de susto: deitada na entrada da gruta, uma oncinha-pintada lambia as patas. Era pequena; mais parecia um gato enorme; tinha olhos amarelados, o pelo brilhante, todo cheio de pintas amarelas, e bigodes de fios compridos e pretos... Entraram na caverna. Era bem grande e forrada de areia clara; sobre a areia havia peles de animais e folhas secas; de um lado estava a cama do homem; era feita de tiras de couro trançadas e presas nos paus da cama. Sobre as tiras estavam estendidas peles de animais servindo de colchão e uma espécie de manta feita de penas coloridas de aves. Nas paredes da gruta viam-se penas, plantas, armas feitas de pedra. Henrique olhava tudo, mudo de admiração. A oncinha deu umas voltas pela gruta, depois deitou-se na entrada como se fora um cão de guarda. O homem disse a Henrique que se deitasse sobre um colchão de penas de aves; não era propriamente um colchão, mais parecia uma colcha multicor. Henrique estava tão cansado que obedeceu imediatamente; deitou-se e sentiu-se melhor. O homem ofereceu-lhe uma bebida numa caneca feita de madeira; Henrique tomou uns goles e sentiu um gosto amargo. Devia ser feita de frutas ou folhas fermentadas; mas sentiu um grande bem-estar e cerrou os olhos... Henrique reparou nos outros animais que estavam na caverna: uma tartaruga, uma coruja com olhos muito abertos e redondos e um morcego que começou a andar de um lado para outro arrastando as asas enormes. A coruja e o morcego estavam se preparando para sair; dormiam durante o dia e, à noite, enquanto os outros animais dormiam, eles saíam para percorrer a ilha... O jaracatiá era uma árvore grande, mas oca por dentro, tinha só casca; dentro continha uma polpa com gosto de coco, e as suas frutas eram comidas pelos macacos e micos do mato; a fruta era chamada 'banana-de-mico'..."