Arte Poética

Arte Poética Horácio




Resenhas - Arte Poéitca


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Tiago 22/11/2021

A vantagem de uma edição bilíngue
Livro bastante difícil. Diferente da Arte poética de Aristóteles, este parece voltado para um público bem mais especializado, bem mais restrito, aliás, visto que foi originado a partir de uma carta particular destinada pelo autor a uma família amiga. Contudo, provavelmente o que mais dificulta seja realmente a tradução, acadêmica, que pretende recompor a métrica para que não se perca a musicalidade tão cara à língua latina. Assim, tentando também replicar a estrutura das frases do latim em sua forma "desordenada" (ao menos para nós, falantes de um português moderno) o texto, por vezes, chega quase ao incompreensível - chegando ao ponto de ser útil, inclusive, recorrer à frase latina para tentar compreender a frase traduzida. Nesse caso, o fato de uma edição bilíngue se mostra ainda mais útil.

A edição, aliás, é primorosa e irretocável. Mas é realmente recomendado para um público bem instruído.
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Adriana Scarpin 20/08/2022

Passei a tarde estudando essa Arte Poética do Horácio porque um livro desses a gente não lê, estuda. Explico. A tradução e as notas do sempre magnânimo Guilherme Gontijo Flores é sempre um passo à frente na chamada leitura apenas por prazer. O tradutor é tão amplamente qualificado que até suas notas de rodapé nos auxiliam de maneira a melhor sorver o texto poético e, não só, ampliam o nosso conhecimento da interpretação, das referências, do aspecto formal, tanto que me parece pouco elogiar apenas como uma grande edição essa da Autêntica. Até faz me lamentar ter sofrido tanto nas aulas de latim da minha graduação na UEL.
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Anota 05/06/2023

"Poética" Latina
O que Horacio nos traz é ainda hoje posto para discussão: um manual de como fazer boa poesia latina? Crítica específica à alguém o qual os Pistões sabiam em específico?

O autor nos faz tal panorama com riqueza embora muito tenha se perdido até podemos hoje acessar uma de suas obras, assim como as de Aristóteles. De poeta alienado em nada transparece e sabe reconhecer sua própria capacidade.

Para o curso de Letras, a leitura é fundamental e primorosa se lida em seguida da "Poética" de Aristóteles. Ambos trazem os mesmos assuntos gerais, um mais aprofundado que o outro e não devem passar batidos.

A edição da Autêntica é belíssima, com o campo de notas explicativas de cada parágrafo, todas feitas pelo tradutor Guilherme Contijo Flores. Tal tradução, para mim, que não sou estudiosa mas curiosa, sobre os textos clássicos, ficou compreensível, levando em conta que traduzir um texto clássico não é fácil, mas com as notas parágrafo a parágrafo ficou muito melhor de entender o contexto e o que o autor possivelmente buscou explicitar em sua Epístola.
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Marcos606 19/09/2023

"Lutando para ser breve, torno-me obscuro" (Ars Poetica, Linha 25)
Quintus Horatius Flaccus escreveu esta obra crítica muito influente no final de sua longa carreira como poeta. 'Ars Poetica' é uma epístola apresentada como uma carta informal aos membros da família Piso. Originalmente escrita em hexâmetro dactílico.

Oferecendo uma lista de conselhos aos poetas iniciantes, Horácio mantém um tom íntimo ao compartilhar muitas das noções que continuam a enquadrar a nossa abordagem à poesia, incluindo ut pictura poesis. Como explica: “Assim como a pintura, a poesia também: algumas peças impressionarão mais se você estiver perto, e outras, se estiver a uma distância maior: amamos o escuro; outro, que não teme o julgamento sutil do crítico, escolhe ser visto à luz; um agradou uma vez o outro dará prazer se repetido dez vezes”

Horácio dá ênfase especial à importância do decoro na poesia e à necessidade de “juntar o instrutivo ao agradável”. Ele exorta os poetas a manterem sempre o seu público em mente e aconselha que os escritores “ou sigam a tradição ou inventem fábulas que sejam congruentes com eles”.
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brunossgodinho 19/10/2023

Nesta Arte poética, ou Epístola aos Pisões, como também ficou conhecida, Horácio escreve um tratado sobre a composição de textos. Inicialmente, o título pode enganar os incautos em pensar que se trata de uma teoria apenas da poesia. É isso também. De modo geral, a Arte poética trata de como produzir bons discursos escritos, sejam eles em prosa ou verso.

Fazendo o que sabia de melhor, Horácio escreve essa "carta" em forma de poema. Os versos clássicos estão sempre removidos de nossa experiência estética e, por isso, a ideia de um tratado teórico sobre a arte de compor textos ter sido escrito em verso pode causar estranhamento. Porém, é justo aí que se encontra o gênio horaciano: não se trata de defender a ideia meramente pelo argumento, mas também pela própria execução do que se propõe.

Horácio compôs a Arte poética através de uma série de preceitos retirados das mais variadas fontes clássicas que debateram o que nós, hoje, chamamos de "estética". O estudioso Wesley Trimpi demonstrou que, nesse tratado, o poeta advogou por uma técnica do discurso que fosse "transdisciplinar": os mesmos pressupostos poderiam ser executados na pintura, na escultura e na poesia. Por isso mesmo as imagens metafóricas evocadas pelo poeta adicionam à complexidade de sua proposta, mas, ao mesmo tempo, executam magistralmente o senso de adequação do discurso.

Nessa edição belíssima, a editora Autêntica parece ter feito um trabalho impecável. O projeto gráfico é muito bonito e vem uma edição de capa dura que dá longevidade ao livro sem, contudo, torná-lo difícil de manusear. O prefácio de Brunno V. G. Vieira dá conta, muito brevemente, do universo conceitual ao qual o leitor será introduzido. A introdução de Guilherme Gontijo Flores, que é também tradutor, apresenta o poema em seu contexto histórico e passa por pontos importantes da recepção e das escolhas do tradutor.

A edição é bilíngue, apresentando o latim e a tradução versificada de Gontijo Flores. Poeta e tradutor consumadíssimo, Gontijo Flores é provavelmente o maior e melhor tradutor de textos pré-modernos em atividade no Brasil. Eruditíssimo, mas extremamente acessível, não perde em momento nenhum da introdução ou das notas explicativas (que ele também assina, e são apresentadas ao fim do livro) a didática que lhe cabe como professor.

A Arte poética é uma leitura essencial para quem deseja conhecer as práticas letradas do mundo antigo. Quando somos brindados com uma edição de qualidade estética e editorial excelente como essa, só nos cabe agradecer e aproveitar.
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