Mari Moscou 21/12/2011
Elas, as religiões todas
O livro é simples. Páginas de papel jornal, edição de bolso talvez. Me custou bem pouco, estava em promoção. É como a Bíblia aqui, se acha por todos os preços, em todos os cantos.
Em 2005 viajei pela primeira vez para um país muçulmano, a Tunísia. Vi poucas mulheres de véu até o dia em que fomos a Souk-el-Bey, na medina. As lojas intermináveis, emendadas. Os sapatos de Alladdin pendurados. Os lenços de moedas para dançar. Eu havia começado a dança do ventre naquele ano e levei uns bons lenços pra casa dali. A pechincha... Ah, a pechincha! Um artigo de preço inicial 50 dinares, vendido ao fim por 5, provavelmente deveria valer alguns poucos centavos.
Sidi Bou Said, a cidade azul e branca, o topo do morro. O mar. Meu mar. Mesmo mar. Parecia ali que eu era séculos de história. Eu era. Mas havia os painéis tiranos, o presidente pintado em tudo que é lugar. Me irritava. Os homens tocando, agarrando, eu era também pedaço de carne. Chorava por isso.
Há mais ou menos um ano cheguei da Turquia, o segundo país muçulmano que visitei. Uma visita mais orgânica desta vez. As rezas amplificadas nas mesquitas todas. O skyline de Istambul, as torres. A música. A orquestra jovem tocando na única noite do ano em que Aya Irini abre ao público. A estrutura monumental, secular. Ao lado, Aya Sofia, ainda mais impressionante. Atravesso a praça rumo à Mesquita Azul. Acompanhada de turcas, iranianas, bangladeshis, egípcias. Feministas, de véu, sem véu. Somos todas mulheres.
Em meus últimos dias não pude deixar de ir a uma livraria. Não leio turco, exceto alguns fonemas. Não falo turco, exceto - "Posso tomar um pouco de água, por favor?" com perfeição. Mas precisava ir a uma livraria. São meus souvenires favoritos. Lá estava ele, em inglês, numa pilha da promoção. Não pude deixar passar. Era esse meu souvenir.
"The Koran", ou o Alcorão, ou o Corão, é o livro sagrado do Islã. Nesta edição, especificamente, tem um prefácio bem legal de um estudioso do islamismo explicando os fatos históricos sobre a propagação da religião muçulmana. Um processo interessante que não deve ser muito diferente daquele que propagou o cristianismo: violento. Comecei a ler o livro, não terminei. Vou lendo aos poucos. O interesse é na cultura, na visão de mundo, nas várias interpretações que são feitas.
[leia a resenha completa em http://www.mulheralternativa.net/2011/09/das-religioes-um-livro-que-me-lembra-de.html]