Lavoura Arcaica

Lavoura Arcaica Raduan Nassar




Resenhas - Lavoura Arcaica


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Hudson 26/02/2011


Boa leitura, sem dúvidas...


também gostei da forma de escrita do autor, muito séria sóbria
pesada mas ainda sim elegante e de uma certa forma concisa, ele sempre
indo direto ao ponto, a história também é interessante isso é fato mas
confesso que gostei do modo "austero" do livro.


o livro é muito "orquestrado" digamos assim, tematicamente Raduan dá
uma tônica fundada em alguns "dogmas" pessoais dos personagens que
discorrem claramente sobre o livro.



Existem várias coisas que chamam a atenção ao longo do livro, as associações presentes sobre o significado de muita que nos rodeia no cotidiano porém
se faz imperceptível muitas vezes.


As benção pessoais de cada um, e os demônios pessoais, a dura lição da
convivência e a sua necessidade peso, a vida familiar, valores conservação
e em muitas vezes partes dolorosas de nossas vidas, são plenamente expostos
nessa história, totalmente "nacional".



Fato que me chamou atenção é que um livro totalmente em realidade "Nacional"ainda acredito eu, seja possível ver algumas "Lavouras Arcaicas" por ai a
fora, não há dúvidas quanto a isso.


A Terra como paraíso de uns, e o inferno de outros que vivem sob o mesmo
teto, até as vezes um certo aplacamento de vontades quando se manisfesta
o desejo de conhecer o que é diferente, sair daquele chão, e olhar além.



O respeito pelos valores, o peso e o questionamento da tradição, deixar vivo coisas que já insistem em morrer? ou já morreram faz tempo, enterradas pelo
mundo?, ou enterradas pelo tempo? ou enterradas por nossa vontade de ver
o novo, o outro entre outras coisas.


O peso do dever, e o questionamento de sua legitimidade, frente a uma vida
que grita lá fora, a inadequação de si mesmo há muito que se refletir neste
grande livro sem dúvidas, mostrado pelo autor.


O livro oferece um mundo de amplos questionamentos válidos, pesadamente
passados na escrita repleta de simbolismos de Raduan hora indo aos temas
sagrados, ora um pouco profano, sempre completo e complexo mas de forma
"rude" e "árdua" e também as alegrias de uma vida, ainda sim não são
amplamente descritas, mas existem e estão presentes em tudo, de tudo se tiraum pouco.


Uma leitura amplamente válida, sem dúvidas um dos grandes livros da nossa
cultura não é do mais simples entendimento, porém ainda sim tão exigente
quanto recompensador.





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Cris Lasaitis 27/12/2010

http://cristinalasaitis.wordpress.com/2009/02/01/leituras-janeiro2009/

Lavoura Arcaica é uma dessas experiências de linguagem bem sucedidas que germinam quando um autor novo chuta o balde e se desprende de todos os convencionalismos da “boa literatura”. A sensação é de um fluxo de consciência em permanente delírio, uma ciranda vertiginosa com toada regionalista. Um livro indiscutivelmente bonito e criativo.
Ricardo Rocha 19/08/2014minha estante
Chutou o balde duas vezes: primeiro ao se tornar esse autor maravilhoso, reconhecido por crítica e leitores, e depois do sucesso, sair fora ao perceber o mundinho em que se metera. Muito bonito seu discernimento. Ah, tem o lance do incesto que tem uma correlação com... ops, não vou mew alongar... =)


Roberta Nunes 03/01/2015minha estante
Cris, com muito, muito atraso, atraso, que bom que você gostou do meu presente!




Aline 05/12/2010

Leitura Indigesta
A história e seus elementos são muito bons. A representação dos lugares e objetos e a expressão da agonia de cada personagem são louváveis. A cena final é impecável, impregnada de um ritmo surpreendente. O Ritmo do pensamento. O Ritmo da emoção. O Ritmo da dança.

No entanto, achei difícil de ler. Chato. Arrastado. Prolixo.
Ivan Picchi 20/11/2010minha estante
pow, qm n gosta de um livro prolixo?




lira 11/11/2010

Numa linguagem verborrágica, lírica e poética, Lavoura Arcaica nos mostra André, que narra seu retorno ao núcleo familiar (do qual se isolara) e pensamentos. Sentimento de exclusão, de amor, do pensar no tempo, nas tradições; o conflito, tudo está presenta na obra. Uma das mais impressionantes da literatura brasileira.
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Gláucia 31/08/2010

Tema indigesto
Hesitei um pouco entre duas ou três estrelas, mas tenho que ser coerente com minhas opiniões. Esse livro é extremamente elogiado e é realmente muito bem escrito. O autor se apropria de um estilo lírico que me pareceu não combinar muito com o ambiente rude onde se passa a história, mas achei um contraste interessante.
O que mais me incomodou foi o fato de tudo ter ficado nas entrelinhas, no ar. Não que num livro tudo precise ser esclarecido de forma explícita e dado de forma mastigada ao leitor, mas acho que aqui houve um excesso desse recurso.
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JJ 25/08/2010

O livro se divide em pequenos capítulos que variam entre as alucinações do protagonista André (que sofre de epilepsia) e passagens de sua vida. Nestas se inclui o encontro com o irmão mais velho, Pedro, que tem a missão de convencer André a voltar ao seio da família. A primeira metade de Lavoura Arcaica é recheada de monólogos formidáveis. Com um epílogo brilhante, o livro merece as cinco estrelas. Todavia, não entra na lista dos meus favoritos, eis que em dados momentos o lirismo exacerbado acaba fugindo da função primordial, que é a de contar uma história. Acaba exigindo demais do leitor sem um propósito definido.
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Angelica 30/04/2010

Um livro denso, difícil. Mas se conseguirmos superar o estranhamento das primeiras páginas, acabamos por mergulhar no mundo criado pelo autor, que é muito hábil em descrever cenas que apelam a todos os sentidos, fazendo com que tomemos parte nelas. Tudo a ver com a fenomenologia de Merleau-Ponty, sem dúvida alguma. Temos acesso a um dos perfis da história, com a possibilidade de criarmos outros a partir de nossa(s) leitura(s). Isso é arte.
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*Zzuulleeiikkaa 30/03/2010

"Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo, azul, violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiros os objetos do corpo "(...) pág. 7

“Já disse que não acredito na discussão dos meus problemas, estou convencido também que é muito perigoso quebrar a intimidade, a larva só me parece sábia enquanto se guarda no seu núcleo, e não descubro de onde tira a sua força quando rompe a resistência do casulo; contorce-se com certeza, passa por metamorfoses, e tanto esforço só para expor ao mundo sua fragilidade.” pág. 164

“...o tempo é farto e generoso, mas não devolve a vida aos que não nasceram; aos derrotados de partida, ao fruto peco já na semente, aos arruinados sem terem sido erguidos, não resta outra alternativa: dar as costas para o mundo, ou alimentar a expectativa da destruição de tudo; de minha parte, a única coisa que sei é que todo meio é hostil, desde que negue direito à vida.” págs. 164/165
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Di 06/12/2009

Romance de Raduan Nassar aborda o amor platônico, proibido, incestuoso. Irmãos do mesmo pai e mesma mãe vivem sob mesmo teto toda a vida, até que esse amor não consegue mais se controlar e a convivência começa a sufocar. O tormento de André é tão imenso que sai de casa por não suportar a dor da alma, a dor dos que amam e não são amados. O irmão vai a sua procura e tenta fazê-lo voltar. É neste momento que André escancara para o leitor tudo o que tem dentro do peito, histórias passadas, momentos familiares, a rejeição de sua irmã Ana ao seu amor, motivos que o levaram a fugir.

Volta pra cara ainda amando sua irmã, volta pra casa com os mesmos conflitos de quando saiu, volta pra casa sabendo que nada mudaria, voltou porque a família sofria. Nessa volta tem uma conversa com o pai – conversa esta que eu iria disponibilizar aqui.* Concluiu que os valores dos seus pais não eram os seus valores, havia uma distância muito grande entre as gerações. O homem que era o alicerce e a memória viva da família morre no último capítulo.
silcarina 10/12/2009minha estante
Você fez uma leitura bem romântica do livro. Tem certeza que André foi rejeitado? Ou ele sai de casa para não continuar com o relacionamento incestuoso? O pai morre? Eu jurava que ele matava a Ana no final. Contamos o final do livro, que horror.


Carol 19/09/2012minha estante
Poxa, devia marcar como spoiler...




pólen 19/11/2009

Um pequeno ensaio literário sobre o livro Lavoura Arcaica
Ébrio, filosófico, poético, existencial são qualidades deste livro. A narrativa é tecida pelo narrador personagem André, que almeja alçar vôos nunca antes realizados, deseja tornar-se absolutamente único e singular e penetrar o misterioso e profundo desconhecido com as suas indagações sobre o existir. Alceu Amoroso Lima, filósofo brasileiro, certa vez escreveu sobre o livro: “novela trágica, (...) numa atmosfera bem brasileira, mas dominada por um sopro universal da tradição clássica mediterrânea. Drama tenebroso, em estilo incisivo, nunca palavroso ou decorativo, da eterna luta entre a liberdade e a tradição, sob a égide do tempo”.
O livro é dividido em duas partes: a primeira trata-se da partida; a segunda, do retorno. Isto porque o livro é a parábola invertida do filho pródigo. A prodigalidade é, nesse caso, o excesso e a abundância, ou a partir do meu olhar, é a potência de vida. A afirmação dos desejos mais humanos se efetiva na própria busca de André que almeja ser o profeta da sua própria história e fundar a sua igreja particular. Tal passagem no livro melhor retrata:

“pela primeira vez senti o fluxo da vida (...) e mal saindo da água do meu sono, mas já sentindo as patas de um animal forte galopando no meu peito, eu disse cegado por tanta luz tenho dezessete anos e minha saúde é perfeita e sobre esta pedra fundarei minha igreja particular, a igreja para o meu próprio uso, a igreja que freqüentarei de pés descalços e corpo desnudo, despido como vim ao mundo, e muita coisa estava acontecendo comigo, pois me senti num momento profeta da minha própria história, não aquele que alça os olhos pro alto, antes o profeta que tomba o olhar com segurança sobre os frutos da terra, e eu pensei e disse sobre esta pedra me acontece de repente querer, e eu posso!”

Tal trecho revela a singularidade singularíssima expressada pelo personagem, que projeta as suas possibilidades podendo ser si mesmo autêntico. É a liberdade a sua potência de vida e o seu excesso. Nessa abertura de si, expressa pelo ser livre, há a sua imersão ao transe fundo, ao instante marcador da temporalidade originária . O tempo que não é o tempo cronológico, mas o tempo dos tempos, ou o tempo que se eterniza no instante. Essa é peculiaridade do livro: as lindas passagens sobre a compreensão do tempo pelo personagem.
Um aspecto importante é a construção da narrativa. Nos momentos iniciais e na primeira parte do livro (a partida), o personagem relata a sua experiência solitária dentro de um quarto numa velha pensão interiorana e elabora reflexões sobre a angústia, o desespero, o conhecimento que tem do seu corpo; quando o seu irmão, Pedro, chega com as notícias da família e diz que todos aguardam apreensivamente o seu retorno. Durante o encontro dos irmãos, André relata o percurso da sua história e das suas escolhas. No segundo capítulo, o personagem retorna a sua infância, momento crucial que o marcou diante as suas indagações sobre mundo e suas relações na família. Já era nesse tempo que ele se regozijava sozinho longe dos olhos apreensivos da família quando: “amainava a febre dos meus pés na terra úmida, cobria meu corpo de folhas e, deitado à sombra, eu dormia na postura quieta de uma planta enferma vergada ao peso de um botão vermelho. (...) que urnas tão antigas eram essas liberando as vozes protetoras que me chamavam da varanda? de que adiantavam aqueles gritos, se mensageiros mais velozes, mais ativos, montavam melhor o vento, corrompendo os fios da atmosfera?” Tal passagem revela a sensação de prazer sentida ao entrar em contato com a terra, com o movimento das folhas, o zumbido do vento nos galhos das árvores... Era o mundo ao redor o seu encanto, a sua plenitude; por isso o seio do lar se apresentava como uma concha que ao mesmo tempo acolhia-o e aprisionava-o. Quero dizer que já quando criança buscava algo que não havia na família, parece-me que ele tinha uma busca interior profunda.
Ainda ao recordar da sua infância e adolescência, ele relata para o seu irmão o valor que o pai tem para si. Este é o signo da permanência, tradição e austeridade em que pisa sobre pilares essenciais: a união, o trabalho e a verdade. Em um trecho do livro, o narrador-personagem André fala: “tudo em nossa casa está impregnado pela palavra do pai”; e quando todos da família estão sentados a mesa durante as refeições, o pai os orienta por meio do seu discurso as regras da ‘boa saúde’ . É por meio “da mensagem de pureza austera guardada em nossos santuários, comungada solenemente em cada dia, fazendo do desjejum matinal o nosso livro crepuscular” ; em que são tecidas as diferenças entre perspectivas – a do pai e a de André. E aqui vale a pena trazer a tona tais diferenças. Enquanto o primeiro buscava manter a tradição, o arcaico e o comedido; o segundo, a liberdade, o desvio e o excesso (abundância).
A voz do pai muitas vezes se confunde com a voz do narrador quando se refere ao tempo. Este é o absoluto e o infindável, no seu curso é capaz de mudar a disposição das coisas, pois a sua natureza é metafísica e sem marcação de inicio e fim. O tempo é o tempo da espera, do agir no momento exato sem precipitar. No capítulo nove é perceptível analisar tal fator relacional (o tempo e o pai):
“Que rostos mais coalhados, nossos rostos adolescentes em volta daquela mesa: o pai à cabeceira, o relógio de parede às suas costas, cada palavra sua ponderada pelo pêndulo, e nada naqueles tempos nos distraindo tanto como os cinos graves marcando os horas: ‘o tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; é o pomo exótico que não pode ser repartido, podendo entretanto prover igualmente a todo mundo; onipresente, o tempo está em tudo; (...) rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele, devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu piedoso e humilde, a conviver com o tempo”.

Nessas passagens há grandiosa sabedoria, o narrador e o personagem Pai nos ensinam a valorizar a forma de como vemos a vida e o modo de como podemos nos posicionar diante dela. A descrição do tempo se mostra dentro de uma potencialidade terapêutica. Ao saber dosar a quantidade necessária de percorrer com equilíbrio diante as próprias escolhas, é possível alcançar a maior das virtudes que o homem é capaz: a paciência. “O tempo, o tempo é versátil, o tempo faz diabruras, o tempo brincava comigo (...) porque existe o tempo de aguardar e o tempo de ser ágil”.
Nesses trechos, André observa o momento preciso de tomar sua decisão ao conseguir vagar e deslizar sobre um tempo metafísico e poderoso. Ao perpassar entre a espera e o seu projeto, submerge em seu transe fundo e reflete: “embalando nos braços a decisão de não mais adiar a vida” (idem). O que marca é a sua decisão, é a sua partida. O desvio da união familiar que o oprimia por vários motivos: a austeridade do pai, o transbordamento afetivo da mãe, e a paixão pela irmã.
A narrativa do livro permeia várias temporalidades: passado, presente, instante, salto (futuro). Isto é, há uma alternância de fatos do presente, fatos do passado, reminiscências que se atualizam no discurso do personagem e o salto da decisão (que pode ser entendido como um projetar futuro). As primeiras passagens retratam André e seu irmão, Pedro, numa pensão; e a partir da tentativa de trazê-lo de volta a casa, o protagonista relata toda a sua história e explica ao seu irmão o contexto de sua fuga. Quando se remete a infância, lembra-se muito da mãe, da sua fé, das suas brincadeiras com a pomba branca – signo da pureza e luz divina (no caso). Nos relatos da sua adolescência, há um misto de embriaguez, paixão, confusão e o temor da rigidez do pai. Como já foi falado, André também desejava desde criança buscar algo essencial e não sabia denominar a natureza da coisa em questão, posteriormente esse sentimento foi ganhando teor, substância e foi sendo transformado numa contundência em resistir e reivindicar a sua própria potência de vida.
Ainda no quarto com o teu irmão, André lembra-se de Ana, a sua irmã, e quase por um sobressalto lhe ocorreu a sua primeira crise. Ao relatar todo o seu percurso com furor decide falar sobre o seu caso com a irmã (que, talvez, potencializou o motivo de sua fuga): “Era Ana, era Ana, Pedro, a minha fome (...) era Ana a minha enfermidade, ela a minha loucura, ela o meu respiro, a minha lâmina, meu arrepio, meu sopro, o assédio impertinente dos meus testículos” . A irmã compartilhava as suas buscas e anseios desde quando era menino. A passionalidade é a característica mais marcante do personagem, quiçá seja o ponto de embate com o equilíbrio proposto pelo pai. E André vibrou com força ainda mais potente, quando se envolveu incestuosamente com um membro da família. A mãe já era o investimento de suas implicações passionais quando criança, então, com base numa interpretação minha, percebo que houve uma substituição da mãe pela irmã.
Após um longo percurso discursivo em que são entremeados presente, passado e futuro, e depois de relatar toda a sua intensidade plural e única ao teu irmão; André decide retornar a casa. Todos o aguardavam com grande expectativa e decidiram realizar uma festa para comemorar a chegada do fujão. Durante essa passagem, o protagonista e o pai dialogam. E penso ser o diálogo mais belo da história da literatura, pois mostra a complexidade relacional entre pais e filhos, entre diferentes anseios, entre a liberdade e a tradição, sob a égide dos tempos.
Filho: “Já disse que não acredito na discussão dos meus problemas, estou convencido também que é muito perigoso quebrar a intimidade, a larva só me parece sábia enquanto se guarda no seu núcleo, e não descubro de onde tira a sua força quando rompe a resistência do casulo; contorce-se com certeza, passa por metamorfoses, e tanto esforço só para expor ao mundo sua fragilidade”.
Pai: “Corrija a displicência dos teus modos de ver: é forte quem enfrenta a realidade; e depois, estamos em família, que só um insano tomaria por ambiente hostil.”
Filho: “Forte ou fraco, isso depende: a realidade não é a mesma para todos, e o senhor não ignora, pai, que sempre gora o ovo que não é galado; o tempo é farto e generoso, mas não devolve a vida aos que não nasceram; aos derrotados de partida, ao fruto peco já na semente, aos arruinados sem terem sido erguidos, não resta outra alternativa: dar as costas para o mundo, ou alimentar a expectativa da destruição de tudo; de minha parte, a única coisa que sei é que todo meio é hostil, desde que negue direito à vida” .

É por meio dessa profundidade dialógica que André decide contribuir para preservar a união da família. E se permite obedecer a soberania incontestável do tempo. Os trechos finais são de uma ‘tragicidade’ quase grega, em traços comuns pode se remeter a Édipo Rei ou a Prometeu Acorrentado. No último capítulo, Ana se cobre com todos os adereços mundanos da caixinha de André e por meio de seu ímpeto de vida dança uma violenta e ébria convulsão do corpo ao lembrar uma prostituta errante. Todos da família se assustam e o pai, ao não agüentar ver a situação decide matar a filha. E onde está a união da família?
Era como se o sobrevôo dos intempestivos fosse podado pela lâmina de uma foice.
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larissa dowdney 09/08/2009

sem palavras
O livro mais perfeito que já li na vida! A história de amor menos clichê que existe, pautada na insegurança, no ímpeto, na dúvida entre amor fraternal, carnal e muitos outros tipo de amor... A narrativa tecida de forma magnífica! Vale a pena ler, ver o filme, reler e reler e reler... É perfeito!
Paulinho 26/11/2014minha estante
Concordo. Fiquei maravilhado e já desejando reler!


Ricardo Rocha 16/02/2015minha estante
contente de ver seu entusiasmo renascido, se posso dizer assim. é um livro único realmente




Lela.c 29/07/2009

lavoura
Famílias são simulacros , nela há amor , dor , ódio , um registro certo de um microcosmo que encontraremos com o passar do tempo , um reduto onde aprendemos a ser quem realmente somos um lugar onde revelamos o que guardaremos de nossa personalidade . Não é surpresa que neste lugar nasçam paixões que são as vezes colhidas as vezes arrancadas antes do tempo e onde o cultivo seja certo.
Adjetivos agrícolas não são por acaso escolhidos, nesta lavoura da existência em que florescemos costumamos dar o nome de família
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Vinícius 08/07/2009

Subjetividade Pura
[CONTÉM REVELAÇÕES DO ENREDO] O livro é tão subjetivo que leva você a procurar mais informações sobre ele. No fim, você descobre que cada um tem uma interpretação. Ora, André e Ana tiveram realmente uma relação sexual? E André e Lula? Pedro contou para o pai que André sentia algo por Ana? E por isso o pai de Ana SUPOSTAMENTE matou-a? Aliás, Ana morreu? Ou foi somente o pai -- por uma causa desconhecida -- quem morreu? Já que o último capítulo é em memória dele...

É tanta dúvida, tanta subjetividade pura, que me fez ficar encantado com este livro. Foi uma ótima recomendação.
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silcarina 10/06/2009

Eu tenho um exemplar autografado!!!!!
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