Gi Tarrasco 28/09/2024
Não é excelente, mas vale a leitura.
No romance "Helena", de Machado de Assis, conhecemos a jovem Helena que se vê em uma situação surpreendente quando o conselheiro Vale a reconhece como filha extraconjugal em seu testamento. Após a morte dele, Helena vai morar com a família do conselheiro, incluindo seu filho Estácio e a tia rigorosa, Úrsula. Desde o início, ela enfrenta desconfiança, especialmente da tia, que não fica nada satisfeita com sua presença. Enquanto isso, Estácio começa a sentir algo mais por Helena, e essa tensão entre eles segue por toda a história.
Os personagens têm um toque de idealização, principalmente Helena, que é a clássica mocinha romântica, linda, bondosa e altruísta, mesmo sendo uma jovem entre 16 e 17 anos. Estácio, por sua vez, é um jovem de coração gentil, mas se sente preso entre as expectativas sociais e o amor que nutre por Helena. Essa luta interna entre sentimentos e obrigações é seu grande dilema.
A leitura começa devagar, com poucos acontecimentos, e confesso que cheguei a pensar que era apenas mais um romance clássico sem graça e quase desisti. No entanto, quando o passado misterioso de Helena começa a ser revelado, a expectativa de um final feliz, tão comum nas histórias, muda completamente, e percebemos que a vida real pode ser bem diferente do que imaginamos. A revelação sobre a origem da protagonista traz um peso dramático e mostra a diferença entre o que parece ser e o que realmente é.
O livro mostra as tensões sociais e morais da época e as regras rígidas da elite brasileira. Assim, o final é marcado por soluções que refletem a dureza da vida. Para ser sincera, o desfecho me pegou de surpresa e foi um verdadeiro soco no estômago. Não dei 5 estrelas apenas porque o início é um pouco arrastado e há diálogos que não são tão necessários. Mas, mesmo assim, vale muito a pena ler!