bobbie 05/11/2021
Clássico Machado, embora pouco falado.
Helena tem a assinatura de Machado de Assis do começo ao fim e, embora seja pouco conhecido por quem não segue a obra machadiana a fundo, e também eu já tenha visto algumas críticas negativas sobre o livro, trata-se de um breve romance trágico, simples e fácil de ler, que flerta com um tema espinhoso, em especial para a época em que foi escrito e lançado (não que seja menos espinhoso agora): o incesto. Depois de perder o pai, Estácio descobre, por testamento, que tem uma meia-irmã que ele jamais conheceu. É desejo do falecido que a menina - 17 anos tem ela - seja trazida para o seio da família, que agora consiste apenas em Estácio e sua tia, e por ele seja absorvida como se já fosse conhecida desde sempre. Apesar da resistência da tia, que por fim amolece o coração, a moça é trazida para o convívio da família por insistência de Estácio em respeitar a vontade póstuma do pai. A partir daí desenrola-se um relacionamento de amor platônico, que será desvendado pela figura do padre Melchior (personagem quase que integrante da família, evidenciando a infiltração da igreja dentro da casa das pessoas em níveis íntimos: o padre chega a ler as correspondências das pessoas antes que sejam enviadas), para o choque do próprio Estácio. Mas Helena possui um segredo, que fará com que a convivência pacífica, a despeito dos ciúmes velados de Estácio, caia por terra.