Padriana32 08/03/2010
Amor que rima com dor
Amei Helena, aliás, corrijo, amo as letras de Machado, ele é o escritor das miudezas, dos detalhes, do cotidiano. Não li os livros que éramos obrigados na adolescência, no muito li Dom Casmurro e claro detestei, mas sempre tive a certeza que Capitu jamais enganou o Bentinho.
Hoje continuo nessa certeza, mas os anos passam e a maturidade nos traz um outro olhar; percebo que todas as mulheres de Machado,são diferentes, eu poderia dizer que todas elas são "safo", fortes, e usam o recato, a feminilidade e a dissimulação como arma para sobreviver naquele mar de tubarões que era o século XIV, e Helena é exatamente assim: linda, feminina e dissimulada levando seu segredo até as últimas conseqüências, mas que infelizmente no final capitula; ao ler o livro pensamos que o amor vai dá certo quando seu segredo é revelado, coisa que não acontece e a tragédia é anunciada.
É engraçado olhar a história com os olhos do nosso tempo. Machado faz uma descrição detalhada da sociedade, da vida, costumes e das pessoas de sua época, pra nós pós-modernistas é difícil pensar que alguém pode capitular quando a possibilidade de amar abre portas, mas é o romantismo e nesta era amor literalmente rima com dor.
Mas as palavras mágicas ficam, o que dizer deste trecho:
" ... Colérica, rompeu com as mãos o corpinho do vestido: e o jovem seio, livre de sua casta prisão, pôde à larga desafogar-se dos suspiros que o enchiam."
Ou este: (...) O que eles disseram um ao outro com os os simples olhos, não se escreve no papel, não se pode repetir ao ouvido; confissão misteriosa e secreta, feita de um ao outro coração(...)
Machado simplesmente arrasa!!!!!