Luana 27/07/2016O livro tem um alto teor descritivo, com inúmeros termos náuticos, arrastadas explicações sobre a caça, funcionamento dos navios baleeiros em geral, e análises biológicas das baleias, fatores que tendem a deixar a leitura maçante entre os acontecimentos envolventes da aventura, mas que podem certamente representar os momentos tediosos que uma viagem de três anos no mar poderia oferecer naquela época.
Em determinado momento após revelar o propósito principal da viagem, Ahab considera tê-lo feito prematuramente por correr o risco de ser acusado de usurpação e perder o comando. “E com total impunidade, tanto moral quanto legal, sua tripulação, se assim quisesse, pois tinha competência para isso, poderia não só se recusar a obedecer-lhe, como até mesmo tirar-lhe o comando à força.” Um capitão precisa pensar na tripulação ao tomar decisões e precisa de seu apoio para cumprir um objetivo, pois o navio não pode navegar ou caçar as baleias sem ela; o mesmo se retrata no papel de um governante, uma vez que um Estado é movido fundamentalmente por seu povo e este tem o poder de se recusar a ser governado por um órgão ou alguém que não representa seus interesses.
Ao falar sobre a marcação de baleias, ele cita o sistema de leis baleeiras norte-americanas que consistiria em apenas duas asserções: um peixe preso pertence ao grupo que o prendeu; um peixe solto é caça regular para aquele que apanhá-lo mais depressa. Por mais sucinto que seja tal sistema, ele disserta sobre sua flexibilidade ao comparar o “peixe preso” à propriedade privada e o “peixe solto” às terras descobertas e consequentemente conquistadas nos séculos passados. Mesmo hoje, tem-se em mente a abstratividade característica da norma jurídica: quanto mais abstrata uma lei for, maior será sua amplitude, ou seja, poderá ser aplicada aos mais diversos casos, além de deixar abertura para diferentes interpretações, tornando-se necessário a existência de normas complementares explicativas.
O principal aspecto humano a ser destacado da história é a obsessão por vingança do capitão, que mesmo após ter sido advertido várias vezes, levou a si mesmo e quase toda a sua tripulação para um fim inevitável, deixando a lição de que nenhum bem pode vir da ideia de vingança.