LeitorAnonimo 05/05/2018minha estante"Ou por que, a despeito de todas as latitudes e longitudes, o nome do Mar Branco exerce uma impressão tão fantasmagórica sobre a imaginação, enquanto o Mar Amarelo nos embala com pensamentos mortais de tardes longas, brilhantes e amenas sobre as ondas, seguidas dos mais agradáveis e indolentes poentes?", página 215.
"Deus, que transes de tormentos suporta o homem consumido por um incomensurável desejo de vingança! Dorme com os punhos cerrados; e acorda com suas próprias unhas sangrentas cravadas nas palmas das mãos", página 225.
"Garanto a você que o Juízo Final será mais tolerante com um providente fidjiano que salgou um missionário magro em sua adega para se prevenir contra a fome do que contigo, gourmand civilizado e esclarecido, que prendes os gansos no chão e te refestelas com seus fígados dilatados em teu paté de foie gras", página 325.
"Ainda que o homem ame o seu semelhante, é também um animal que faz dinheiro, propensão essa que muitas vezes interfere em sua benevolência", página 434.
"O mar zombador tinha-lhe poupado o corpo finito, mas afogara o infinito de sua alma" ; "Assim, a sanidade do homem é a sanidade do céu; e, distanciando-se de toda razão mortal, o homem chega por fim ao pensamento celeste, que para a razão é um absurdo e um delírio", os dois na página 435.
"O homem deve diminuir ou, pelo menos, deslocar a ideia que faz da felicidade possível, não a colocando em nenhum lugar do intelecto ou da fantasia, mas na esposa, no coração, na cama, na mesa, na sela, na lareira, no campo", página 438.
"Parecia não existir nada diante de mim a não ser um breu absoluto que, vez ou outra, virava terrível devido aos vermelhos clarões. A minha impressão mais forte era de que por mais rápida e impetuosa que fosse aquela coisa na qual eu estava, ela não estava se dirigindo a um porto à frente, mas fugia de todos os portos que deixava para trás", página 444.
"E a aproximação da Morte, que a todos iguala, a todos impressiona com uma última revelação que só um autor dentre os mortos poderia expressar com propriedade", "Mas que muito além do horizonte visível seus serenos mares sem continentes se mesclavam com os céus azuis", os dois na página 496.
"Resumindo, era do pensamento de Queequeg acreditar que, se um homem decidisse viver, uma simples doença não poderia matá-lo: nada; exceto uma baleia, uma tormenta, ou qualquer força destrutiva violenta, estúpida e ingovernável dessa natureza", página 499.
"Não se sabe que doce mistério existe naquele oceano, cujos tumultos gentilmente terríveis parecem falar de um espírito oculto em suas profundezas"; "Tudo o que chamamos existências e almas jaz sonhando, sempre sonhando; revirando-se como os adormecidos em seus leitos; as ondas incessantes são assim geradas por suas inquietudes", os dois na página 500.
"Parece a maré pulsante do coração da terra", página 501.
"Trabalhava [o ferreiro] como se o trabalho fosse a própria vida; e a batida grave de seu martelo, a batida grave de seu coração", página 502.
"Oh, dor sobre dor! Ó, Morte, por que não podes às vezes ser conveniente? Se tivesses levado contigo esse velho ferreiro antes de a ruína completa se abater sobre ele, a jovem esposa teria conhecido uma tristeza amena, e os órfãos, um pai lendário, verdadeiramente venerável, com quem sonhariam nos anos futuros; e todos teriam renda suficiente, dispensando cuidados. Mas a Morte colheu outro irmão, virtuoso e mais velho, de cujos cantarolantes labores diários dependia a manutenção de outra família, e deixou o mais que inútil velho de pé, até que a repugnante podridão da vida o tornasse mais fácil de ceifar", página 503.
"Os longamente extensos vales virgens; o azul discreto das colinas; e, sobre estes, o silêncio e o sussurro insinuantes; você poderia jurar que crianças cansadas de brincar jazem dormindo nessas solidões, em algum alegre mês de maio, quando as flores dos bosques são colhidas", página 508.
"És um navio cheio e a caminho de casa, dizes: pois bem, já eu sou navio vazio e correndo de casa", página 511.
"Para os marinheiros, as juras são palavras familiares; praguejarão tanto no auge da calmaria como nas garras da tempestade", página 522.
"Então, se o casco for a pique, haverá trinta sujeitos vivos lutando por um caixão, um espetáculo que não se vê com muita frequência debaixo do sol!", página 547.
"Pode ser que, em certo sentido espiritual, o caixão seja, afinal, apenas um conservador da imortalidade! Pensarei nisso. Mas não. Tão longe fui no lado escuro da terra que o seu outro lado, aquele iluminado pela teoria, me parece apenas um incerto crepúsculo", página 549.
"Eu rastejaria para qualquer lugar, qualquer caverna, e dela faria meu retiro. E, no entanto, que coisa tão nobre e heroica é o vento! Quem já o subjugou? Em todas as lutas, dá o último e mais amargo golpe. Correi de lança em punho contra ele e apenas o atravessareis", página 582.
Em um capítulo perto do final, Ahab até pensa em desistir da caçada à Moby Dick, pensando em sua esposa e seu filho que ele deixou em terra. Mas logo seu semblante muda, e a sua obsessão, que nós vemos em várias passagens durante o livro, volta. No final ele morre, se afundando no oceano.