Paula 30/01/2024
Aviso aos navegantes: A obra Moby Dick (1851), de Herman Melville não se inicia no mar. Suas duas sessões introdutórias se passam, respectivamente, em um ginásio e em uma biblioteca. O narrador em primeira pessoa coletara informações etimológicas advindas de um funcionário tuberculoso - já falecido - do ginásio, além de diversos excertos referentes a baleias, advindas de um sub-sub- bibliotecário. Posteriormente, apresentam-se 135 capítulos curtos e um epílogo.
É importante destacar que um narrador em primeira pessoa dificilmente é cem por cento confiável. A maneira como ele se refere aos funcionários não deve ser esquecida. Aquele que pede para ser chamado de Ishmael - filho bastardo de Abraão - não é nem capitão, nem imediato, nem arpoador. Claro que duvidar de tudo o que Ishmael fala mataria uma obra cuja profundidade vai muito além da vingança de Ahab por sua perna arrancada; mas não se deve deixar de atentar às contradições, dúvidas e preconceitos de Ishmael. Ele se posiciona como um escritor sobre baleias e, por muitas vezes, a primeira pessoa se transforma em onisciência.
A obra é repleta de referências bíblicas, mitológicas , dramáticas e filosóficas, além de abordar temas como o expansionismo americano, questões étnico-raciais, e a hipocrisia da monarquia inglesa.
Diria que comecei o ano de maneira excepcional. Moby Dick é um grande clássico, rico em momentos de humor, tensão e muita informação. Alguns leitores podem dizer que os capítulos sobre cetologia sejam enfadonhos; eu, não. Entendo que elas preparem o leitor e fazem com que a narrativa corra sem que o autor precise parar e explicar termos técnicos. Entendo, também, o desejo de Ishmael, de ser um onisciente sobre baleias.
Uma nova obra para a lista de favoritos. Obras clássicos não se esgotam. Por mais que eu me extenda aqui, sinto que não falei praticamente nada sobre ela. E isso é sensacional!
#MobyDick
#HermanMelville