Luiz 14/11/2022
Macbeth, a conquista do mundo e a perda da alma no processo.
Livro: A Tragédia de Macbeth
Autor: William Shakespeare
Acompanhamos a história de Macbeth, o barão de Glamis, que no meio da guerra entre a Escócia e a Nuruega, encontra três feiticeiras que revelam pra ele, que se tornaria barão de
Cawdor e depois Rei, enquanto que seu amigo que o acompanha neste momento, Banquo, daria origem à uma linhagem de reis. Pouco tempo depois, Macbeth é nomeado barão de Cawdor, devido o antigo barão ter sido traidor da Escócia e ter se aliado a Noruega, e executado por isto.
Desta forma, começa-se um conflito ético devastador dentro de Macbeth, sobre se render ao destino para se tornar rei ou eliminar todos que se colocam no caminho para a coroa. Incentivado por sua esposa, Lady Macbeth, o personagem inicia uma jornada de morte e derramamento de sangue jamais visto no país.
Ainda que seja um conto famoso de Shakespeare, não me marcou tanto quanto Hamlet e Otelo, mas ainda sim genial por levantar questões como a natureza caída do ser humana, sua corrupção, o que faz um homem em busca de poder ganhar um mundo se no processo perde sua alma. Com certeza, se hoje Crônicas de Gelo e Fogo/ Game Of Thrones é famoso, muito provavelmente possui inspiração de Macbeth nisso.
Há também uma certa discussão, em uma camada mais profunda, de até que ponto existe a ideia de livre arbítrio e predestinação, seria Macbeth realmente rei, sem toda a matança realizada ou foi o fato dele desencadear isso que provocou esse cumprimento da revelação? Macbeth era predestinado a matar ou ele, livremente, escolheu isto, seria ele feito um assassino para que os filhos de Banquo pudessem torna-se reis? Sua alma foi corrompida para trazer glória a um terceiro e sua linhagem?
Questões essas que certamente são pensadas durante a leitura do livro, mas que refletem dúvidas na nossa vida concreta fora do mundo da imaginação, bem como nos é apresentado o como somos ficamos bestializados por nos rendermos aos nossos anseios e angústias, buscando salar nossas ambições nos corrompemos a ponto de nos deixamos de ser humanos, nos sentido virtuoso da palavra, assim como Macbeth se corrompe, juntamente com a esposa, o reflexo desse caos é em certa medida passado para o reino tutelado por Macbeth.
"[...] muitas vezes os instrumentos das trevas nos dizem parte da verdade com o intuito de atrair-nos para levar-nos à nossa própria destruição. Conquistam-nos a confiança ao nos revelar a verdade sobre insignificâncias, para depois trair-nos quando sofremos as piores consequências."
(Banquo / William Shakespeare, p. 25)
"Estrelas, escondeu vosso lume! Que a luz não veja os profundos e sombrios desejos em meu íntimo; que o olho porque para a mão, deixei acontecer o que, quando feito, o olho teme ver."
(Macbeth / William Shakespeare, p.29)
"Nada ganhaste e tudo desperdiçaste, quando conseguiste o que desejadas, e continuas infeliz. Parece-me melhor ser aquele que destruímos do que sermos o assassino e viver atormentados pela ansiedade."
(Lady Macbeth / William Shakespeare, p. 63)