TalesVR 14/06/2019
O Eu narcísico e a estética pós-moderna
Levando em consideração que esse livro foi escrito em 1988 provavelmente você já consumiu um pouco dele sem nem saber. Lipovetsky é um dos pioneiros na pesquisa da sociedade pós-moderna e existem milhares de reportagens circulando por aí com suas ideias, o que pode ser bom ou ruim dependendo do ponto de vista.
A primeira parte do livro é genial e de leitura altamente recomenda: o complexo de Narciso do indivíduo pós-moderno: Eu, Eu, Eu, o SuperEu. Existem constantes citações e voltas à Nietzsche pois o contexto pede, é como se o seu espírito rondasse dizendo: ''eu avisei, eu já estava avisando''. É filosoficamente e psicologicamente profundo ao mesmo tempo que a leitura é fluída. Assim como Édipo marcou o início do século XX, agora é a vez do mito de Narciso tomar ''posse'' das mentes humanas.
Passando disso vem a parte ''chata'': o conteúdo que trata da sociedade humorística é típica de reportagens de jornal de TV, aquela coisa que você já ouviu dezenas de vezes, fazendo com que fique um pouco chato (talvez). Como falei no início, em 1988 poderia fazer sentido falar assim, em 2019 já é tão natural que a leitura soa datada.
Por fim é uma obra até hoje utilizada em cursos de graduação em matérias de Filosofia e Ética por ter sido um dos primeiros estudos sobre o tema. Lipovetsky faz um compilado entre Psicologia, Estética e Ética sobre o ''Eu líquido'' (ele não utiliza essa terminologia do Bauman até porque ele veio antes), essa individualidade descentrada e consumista que Platão já brincava há 2.300 anos atrás. Que coisa engraçada, não?