Leitor Cabuloso 03/09/2012
Faz anos que não lia HQ e o tempo se torna ainda mais longínquo quando falo de Neil Gaiman e Dave McKaren, por isso ler Sinal e Ruído foi, para mim, não apenas um retorno aos quadrinhos, mas um retorno ao universo do Gaiman, porém cheguei ao final com a sensação de que o saudosismo ficou apenas para a leitura dos quadrinhos, porém quanto a imersam no mundo fantástico do Gaiman… acho que passei longe.
A parceria entre McKaren e Gaiman, se não me engano, principiou em Sadman. Mckaren era o capista oficial e deixava
Watchmen: quando o desenho é uma narrativa!
aquele ar de mistério e fantasia que permeia a obra do Senhor dos Sonhos. Mas, o seu trabalho como ilustrador/pintor/artista plástico/desenhista nunca me chamou a atenção, muito pelo contrário, deixava-me desorientado e desitaressado pelo visual. Quando li Whatchmen pude perceber que um desenhista pode transmitir essa emoção de detalhes, ao mostrar uma cena estática ou com uma sequência de imagens (como esta que está ao lado) mostrando o poder que o desenho possui sobre os olhos do leitor. A leitura visual nos quadrinhos faz parte da linguagem do próprio quadrinho.
Se isto não fosse o bastante, considero Sinal e Ruído um trabalho mais do McKaren do que do Gaiman e essa afirmação é baseada nos próprios textos que compõe a introdução da HQ. Mckaren diz – várias vezes – que a ideia foi dele e dado um sonho tido por ele, pouco antes do lançamento, este decidiu incluir dois trabalhos anteriores, pois no fadado sonho, a obra Sinal e Ruído ficaria no final de uma enorme coletânea de trabalhos do Gaiman, ou seja, no sonho havia mais Gaiman do que McKaren e neste trabalho que acabo de ler existe muito mais McKaren do que Gaiman.
Vamos a análise das história (sem spoilers):
Sinal e Ruído é composta de três trabalhos, sendo dois exlusivamente do Dave McKaren e o último numa parceria deste com Neil Gaiman:
Hackers
Uma motagem do McKaren sobre um texto que ele leu. O texto é muito interessante e tem seus momentos de reflexão consideráveis; as ilustrações apenas tentam transmitir a sensação de isolamento e solidão contrastando com o texto que parece uma análise anárquica da nossa sociedade.
Desconstrução
McKaren usou um embaralhador de frases, logo os textos soaram confusos e as imagens nem se falam. De todo o material que compõe a HQ este é sem sombra de dúvida o menor.
Sinal e Ruído
O primoroso texto do Gaiman sempre apegado as sutilezas chama atenção do leitor! Infelizmente o trabalho que dá nome a obra é curto e o que deveria ser um momento de deslumbramento termina antes do clímax. Concluí a leitura sentindo que gostaria de saber mais sobre o cineasta e o seu filme. Tem frases impactantes e conseguiu em vários momentos me deixar reflexivo quanto a questões como a mortalidade, o fascínio que nós temos pela morte e o apocalipse, a inquestionável realidade que o mundo continuará apesar de nosso fim corpóreo…
Como já disse acima a ilustração/colagem/pintura/desenho de McKaren que deveriam complementar o clima mórbido do quadrinho me deixou cansando e me perguntando, em certos momentos, o que ele queria dizer com certas “liberdades criativas” postas sobre o texto do autor.
Contudo, como todos já sabem, no Leitor Cabuloso nossa linha editorial é: leia e tire suas próprias conclusões, as opiniões vinculadas aqui pertencem a mim, Lucien o Bibliotecário!