Lala 29/12/2023
Loucura, loucura, loucura!
Eu sei que esse livro não é muito popular. Eu li pra faculdade e fui a única pessoa que gostou (até a professora é hater de Macunaíma) e a galera me zoa por isso até hoje kkkk. Eu entendo o porquê disso: o livro é difícil, esquisito, as coisas não fazem sentido, os personagens são tudo sequelados e é confuso. Mas eu gosto justamente disso, fazer o que kkkk.
Nos primeiros capítulos eu não estava entendendo nada e tava odiando tudo, mas depois fui me acostumando com a linguagem e isso começou a mudar. Aos poucos o livro foi me pegando. Eu sou entusiasta de folclore, então não foi muito difícil, porque esse livro é um ode a cultura popular: lendas, músicas, costumes, de tudo um pouco...tudo muito rico e muito brasileiro.
A história também é muito legal. Basicamente vemos uma jornada épica pelo Brasil atrás da lendária Muiraquitã enfrentando gigantes canibais e figuras mitológicas. O que eu mais gostei foi o maravilhoso, o non sense e o louco explorados nesse livro. Os personagens viram coisas, coisas viram pessoas, cabeças sem corpo falam, mortos são revividos com fumaça, uma amazona triste sobe até o céu escalando uma corda de estrelas, etc.
As coisas não fazem sentido e NÃO PRECISAM fazer sentido. Isso é revigorante de ler em um mundo em que até o fantástico necessita ser racionalizando, é um tipo de literatura na qual o céu é o limite e os absurdos são fascinantes. Minha cena favorita é a do Macunaíma fugindo da velha Ciuci pelo Brasil e cada vez que ele troca de cavalo, recita um versinho popular: aqui não importa a lógica de tempo e espaço, eles percorrem Amazonas-Rio Grande do Sul em passos e isso é legal demais, o livro abraça o louco sem ter vergonha disso.
A linguagem popular também é um destaque (apesar de que eu acho ela bem complicadinha) e os capítulos rapsodicos trazendo cada um uma pequena aventura. O livro, porém, tem grandes problemas de representação (em especial, da comunidade indígena) e em alguns momentos é bem datado e traz estereótipos problemáticos, o que não pode ser ignorado.
Em suma, apesar dos problemas e dificuldades, eu me diverti muito com essa leitura (que usa muito do humor na sua construção) e foi uma ótima experiência. É uma história de fantasia e aventura pra quem gosta de narrativas experimentais e excêntricas.