Amanda 07/11/2021É doce morrer no mar... | instagram: @paginasclassicasminha admiração por Jorge Amado já era grande desde que o conheci através de Capitães da Areia e aumentou quando li Gabriela, cravo e canela. agora, com Mar Morto, o escritor baiano se consagrou como um dos meus favoritos da vida.
nesse livro, acompanhamos a vida no cais de Salvador e de toda uma comunidade que tem o mar como fonte de vida, de esperança, mas também de medo.
uma das principais vozes da trama é Lívia, esposa de Guma, que implora todos os dias para que o mar traga seu marido de volta vivo. Guma é o marinheiro mais corajoso do cais, que tem nas águas toda a sua força e a sua história.
logo no início da obra nos deparamos com a trágica morte de dois marinheiros durante uma tempestade, e compreendemos que ser filho do mar é uma benção ao mesmo tempo em que é uma maldição, e que, no mar, o amanhã é tão incerto quanto as ondas que chegam à areia.
diante de tanta intensidade, pensamos que permanecer em terra firme com certeza seria uma opção mais segura... mas seria mesmo uma vida mais feliz?
a cada página lida, o Mar e Iemanjá ganham dimensões impressionantes, e é impossível não se sentir atraído por essas entidades tão poderosas e mágicas. para nós e para todos no cais, o medo e o instinto de sobrevivência passam a conviver lado a lado com o respeito por essas forças.
mais uma vez, Jorge Amado demonstra sua incrível capacidade de, apenas com palavras, gerar em nós um sentimento de pertencimento a um grupo de pessoas aparentemente comuns. em Salvador, choramos com as tragédias e compreendemos que o sentido de nossa existência são as relações que estabelecemos com quem amamos.
não sei qual será a próxima obra do autor que lerei, mas tenho certeza que suas palavras vão continuar a me levar a lugares e pessoas que irão me marcar por um longo tempo.
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