Eva 23/06/2021Na segunda parte das aventuras de Dom Quixote de La Macha publicada 10 anos depois da primeira, Cervantes mantem o ritmo da primeira parte, não percebemos no desenvolvimento esse lapso temporal, pelo contrário, senti um aperfeiçoamento da história ficando menos cansativa mantendo o destaque de Dom Quixote e Sancho Pança em todos os capítulos, os personagem secundário não têm tanto espaço para contar longos contos que nada têm a ver com os personagens principais. Não sei se foi uma autocrítica que Cervantes fez ou foi a crítica recebida na época, pois no início ele faz justamente essa análise dentro da própria história (achei genial) dizendo que esses contos, como eles dizem, não teriam relação com Dom Quixote e que alguns personagens não tiveram, após ser dada tanta visibilidade, o desfecho de suas histórias.
Na segunda parte podemos perceber um viés mais filósofo para os diálogos entre D. Quixote e Sancho sem ficar enfadonho e sem deixar de lado os momentos engraçados que fez dessa obra ser um best seller de sua época.
O fato de ter havido a publicação de uma versão não oficial da continuação de Dom Quixote deve ter influenciado o fim dado por Cervantes que, particularmente, fez total sentido já que Dom Quixote era louco conforme lhe convinha e viver sem poder se aventurar pelo mundo deve ter sido um fardo grande demais para si.
Com certeza será um dos livros que irei reler com o passar dos anos pois é uma história relevante que manterá sua importância na literatura e na vida de quem já leu.
Sobre a edição: A edição de bolso da Editora 34 com tradução, direto do espanhol, de Sergio Molina com muitas notas de rodapé apresentação de professora especialista em Cervantes ajudou bastante em minha experiência de leitura. Manteve todos os textos da edição original desde a aprovação da Igreja que era requisito da época como os prólogos do autor.