Juliana (Ju/Jubs) 24/02/2024
A leitura é um hábito que me salvou de muitos gigantes, e acredito que virou um traço da minha personalidade. Tudo teve início com uma adaptação infantil de Dom Quixote que eu li e reli incontáveis vezes. A história de um homem com uma biblioteca gigante em casa e que enlouqueceu por ler vários romances de cavalaria fazia minha imaginação correr solta. Eu queria conversar, brincar e conhecer O Engenhoso Cavaleiro da Triste Figura.
Fiquei muitos anos querendo ler o original, mas ainda é uma história de 1605 com 1857 páginas. Não achava que seria capaz de terminar essa aventura. Quando, há dois anos, criei coragem para ler o primeiro volume, a mágica de Dom Quixote me pegou novamente. É um livro de comédia, mas possui muitas camadas. E quanto mais eu pensava durante e depois da leitura, mais ele crescia.
O primeiro volume foi cansativo, não difícil nem chato, mas cansativo; como o retorno de uma longa viagem. O segundo volume segue essa linha, mas a experiência foi um pouco diferente.
O que o autor fez aqui é simples, mas genial. Ele pegou um caso de plágio(?) do volume 1, colocou na história como uma versão biográfica de um falso Dom Quixote, e inseriu personagens fãs do cavaleiro. Em resumo, ele fez as personagens secundárias fazerem o que a Juliana de 9 anos queria fazer: conversar, brincar e conhecer O Engenhoso Cavaleiro da Triste Figura.
Cervantes fez uma mescla de real e imaginário tão bem-feita que parece obra de "encantamento ou burla de um mago". Fiquei tentando descobrir como ele fez isso pela escrita, mas isso não é algo para apenas uma leitura, requer análise e aprofundamento. Enfim, se a adaptação de Dom Quixote já era especial para mim, este pequeno gigantesco livro é ainda mais.