stephb 09/06/2023Não é bom, mas é honestinhoTenho um amigo, o Carlão, que me ensinou essa coisa de algo ser honesto: não é exatamente bom, mas também não é exatamente ruim, porém é um pouco melhor do que apenas tragável, e não está se vendendo como algo incrível (às vezes). É honestinho.
Este livro é honestinho. Tanto que deu pra ler 70% em menos de duas horas.
Por um lado, é bom, porque se fosse intragável, eu teria largado. Por outro lado, é ruim, porque 80% do livro são cenas de ação péssimas, nomes de ruas e carros indo e voltando nessas ruas, então arrisco dizer que uns dois terços do livro são dispensáveis.
Mas ele tem seus méritos.
O primeiro é que se passa no curso de um dia.
Não existe uma presunção de ditar o início, o fim e o meio da contaminação. E o que ele faz mais ou menos em um dia, é melhor do que muitas outras histórias de zumbi que tentam abarcar tudo e todos e o raio que as parta.
O segundo é que o narrador-personagem é crivelmente limitado. Ele é um policial insosso, chato, muitas vezes nojento, mas ele não sabe mais do que só um cara no apocalipse zumbi saberia.
Um cara que não sabe bem que que tá acontecendo em uma noite. É justo e é estranhamente renovador para o gênero (pensando em livros apenas).
E, por fim, mas mais importante, porque é o fator que me faz não odiar o livro: ele não é idiotamente fatalista. Ele não tem aquele finalzinho que acha que é O nevoeiro (filme, galera, só o filme) mas que na real é o final meia boca do Hora do Pesadelo 5 (o final mais meia boca do PIOR filme do melhor slasher).
Tipo, haha, no fim o bebê é zumbi ou tudo isso foi uma alucinação moribunda. Ah, me poupe!
Como este livro me poupou de um finalzinho edgelord idiota, até dei meia estrela a mais.
De resto, é um livro sem sal, que eu vou esquecer que eu li, mas que eu precisava ler pra tirar esse encosto da minha vida literária.
E infelizmente o personagem que eu imaginei como Pedro Pascal morre. É a vida.
Não recomendo, mas dá pra passar o tempo.