Resenhas - Madame Bovary

Gabriela.Andrade 27/02/2024

Que livro!
Como decisões egoístas de uma pessoa (que neste caso é uma mulher) pode acabar fazendo na vida de toda uma família.

Comecei entendendo Emma e ao longo do livro só me arrependi, ela é uma egoísta e irresponsável. Inclusive, se tivesse que definir Emma em uma palavra seria essa: irresponsável!

Sobre o livro, eu gostei, mas sei que não é um livro que todoooo mundo irá gostar. O autor realmente é muito descritivo mas isso não me incomoda, inclusive em muitos momentos a minha curiosidade foi aguçada por esse requinte das descrições..

Chegou em um determinado momento do livro que eu não consegui parar, só queria saber o que ia acontecer com essas pessoas!

Só não gostei do final

juju queen 24/02/2024

Madame bovary
Eu estava bastante ansiosa pra ler esse livro, e com certeza todo o drama que se desenrola durante a história me deixou bem chocada. Eu queria ter gostado mais, confesso que fiquei bastante entediada em algumas partes, mas é um livro clássico então eu já esperava. No geral, gostei muito.

Duarda14 22/02/2024

Ânsia de viver
Ler Madame Bovary foi imaginar a vida de uma mulher burguesa não tão luxuosa do século XIX. Foi refletir sobre os desejos que significavam tudo para um ser limitado, daquelas mulheres que o sentido da vida era o casamento.

"Ela desejava um menino; ele seria forte e moreno, ela o chamaria de Georges; e a ideia de ter um filho homem era como a esperança de revanche por todas as impotências passadas. Um homem, ao menos, é livre; pode percorrer as paixões e os países, transpor obstáculos, tomar gosto pelas alegrias mais longínquas. Mas uma mulher é impedida continuamente. Ao mesmo tempo inerte e flexível, tem contra si as fraquezas da carne com as dependências da lei."

E ela se afogou em todos os desejos que a sua desilusão provocou, por não amar o marido e os frutos desse relacionamento. O desejo de viver a vida dos seus romances lidos e da pouca experiência vivida foi a corroendo tanto, que a impulsividade tomou conta de todas as suas ações e ela foi quem realmente controlou a própria vida, hipnotizada por tudo o que ela sentia perder na sua existência, se confiando a todas as promessas e sentimentos alheios, em certa mendida também era ingênua.

"O amor, assim acreditava, deveria chegar de supetão, com grandes estilhaços e clarões?um furacão dos céus que cai sobre a vida, que a perturba, arranca as vontades como folhas e leva o coração inteiro para o abismo."

Isso significava a vida, o desejo de viver foi depositado com tanta ânsia em amores, em amantes, que isso só mostra o quanto os sonhos e perpectiva da felicidade era limitada nesse momento da obra. Mas ela sabia, na minha interpretação ela sentia, mas não queria enxergar, não queria acreditar, desejava tentar a continuar amando mesmo quando o sentimento ia se esvaindo, por consequência isso foi inesquecível e sufocante para quem compartilhava da sua ânsia de ser livre, romântica e cheia de luxúria.

"Então, seguro de ser amado, não se incomodou e, sem perceber, seu comportamento mudou."

O desejo de ser liberta aprisionou ela em si.

"os discursos exagerados que escondem afeições medíocres; como se a plenitude da alma não transbordasse, às vezes, pelas metáforas mais vazias, pois ninguém, jamais, pode dar a medida exata de suas necessidades, nem de suas concepções, nem de suas dores, e que a palavra humana é como um instrumento rachado, onde tocamos melodias para fazer dançar os ursos, quando gostaríamos de enternecer as estrelas."

Enfim, a escritura é tão linda e leve. Todos os personagens possuem um espaço significativo, que de hora em hora trazem reflexões e diálogos(não tão constantes) também sobre a vida, religião, política, história, sentimentos. Mas que talvez não diretamente, foram palavras que fizeram sentido para mim e fazem parte dos meu pensar de agora, então foi uma leitura muito incrível. E até mesmo perculiar, pois somente no fim me veio a tona tudo o que eu consumi nessa leitura e eu fiquei 'estupefata'.


"Porque não se luta contra o céu, não se resiste ao sorriso dos anjos!"

Amos.Alves 22/02/2024

Uma história sem heróis
Em madame Bovary somos convidados a conhecer a história de uma casal, Emma e Charles, o relacionamento deles é marcado pelo amor quase idólatra e cego da parte dele e pela indiferença e desprezo da parte dela. Charles é um médico de vida simples do interior, nunca teve grandes ambições nem mesmo se preocupa com extravagâncias comuns à burguesia da época, seus esforços se limitam à esposa e a seus clientes. Emma, por outro lado, vivia como filha de um camponês, até se casar com Charles. O casamento logo se tornou um fardo para Emma, passou a despertar um desgosto pelo marido e um desejo de viver uma vida fantasiosa (semelhante aos livros que lia). Ideias de bailes, festas, danças passaram a entorpecer sua mente, sua alma se tornou ansiosa. Logo surge a oportunidade de amar outro homem e sua alma se angustia ainda mais, e o desprezo pelo marido aumenta. Sua desgraça começa ao conhecer Leon e Rodolphe, homens sem escrúpulos que veem nela a oportunidade de saciarem seus desejos sórdidos. Emma seduzida por Rodolphe se entrega a uma vida de adultério, despreza a maternidade e a vida conjugal. Rodolphe se cansa dela. Mais tarde, ela se reencontra com o jovem Leon, que apesar de menos experiente na arte de influenciar as mulheres consegue induzir Emma a um caso amoroso. Mas aos poucos os papéis se invertem e Emma passa a sufocar o pobre amante com sua paixão e suas excentricidades. Essas últimas, a levam a ruína. Temos portanto, uma anti-heroína, suas aventuras obscureceram a razão e a tornaram fria e manipuladora que conservava muito amor próprio, porém vivia angustiada por se sentir uma mulher sem liberdade.


O livro é marcado pela descrição do fluxo de consciência da personagem principal, como a consciência dela torna suas atitudes coerentes para sua razão. Essa característica torna a obra singular. Por outro lado temos descrições simples e claras dos ambientes e dos acontecimentos que trazem beleza e naturalidade à obra. A leitura é fluida e o enredo é envolvente. 


Madame Bovary divide opiniões, adultério sempre será um tema polêmico e imagine isso no século XIX. Por se tratar de um clássico e ser um livro pioneiro na técnica de fluxo de consciência é uma leitura válida. Mas se você despreza a insignificância de personagens fúteis sem amor ao próximo e que se preocupam unicamente em alimentar suas paixões individuais e egoístas não leiam (risos), Emma é uma história que causa repugnância em vê como a humanidade é corrupta e tola.

Emille.pravereler 22/02/2024

Pouco a dizer, ou quase nada!
Falar que o livro é muito bem escrito, deveria ser um ultraje afinal, é a única obrigação do escritor, (apesar de alguns escreverem mal), porém o livro é sim, muito bem escrito. A construção dos personagens, a evolução da historia e tudo, foi bem feita por Flaubert!
Agora quanto aos personagens? eu sinceramente não entendo a idolatria que o povo tem com Emma! Ela é uma personagem mesquinha, arrogante, interesseira e extremamente entediante. Emma só pensava em si mesma, só se interessava por Carlos quando ele estava sendo bem visto e bem sucedido, buscava não um amor, mas alguém em quem se apoiar e que a colocasse acima de tudo e todos.
Carlos é um homem sem ambição, covarde, e sem um pingo de amor próprio, não vou me prolongar nele, pois ele é apenas ?mais um? na história. Tbm nao vou falar de outros personagens, pq não vem ao caso.
Além de ser super descritivo, o livro conta um pouco sobre a vida em uma sociedade na época em que a ocupação principal da mulher era ficar em casa e servir ao homem, entendo que a Madame Bovary estava entediada com toda a situação de dona de casa e queria mais do que a vida que tinha, mas não me entra na cabeça suas atitudes e egoísmo, até o final!!

Thais645 22/02/2024

Madame Emma Bovary?
Amante de todos os romances... sonhadora... um livro de suma importância, uma leitura incrível e essencial, uma mulher que vive nos livros de romance que busca a libertação de seus problemas vivendo em um casamento infeliz com um medico, Charles Bovary um homem bom, Charles ama Emma apaixonadamente, mas o que a entristece e que ele não vê as coisas como ela vê, não dá valor as coisas que a Emma dá, então ela busca no adultério o escape de viver um romance, ao passar do tempo ate os amantes não correspondem suas expectativa se tornando difícil de ser agradada.
Sem mais palavras, eu simplesmente amei esse livro com todo meu coração, entrou para a minha lista de livros favoritos.

rizzoka 19/02/2024

"Era a amante de todos os romances"
Em 1856, Gustave Flaubert lançou Madame Bovary, um livro que trouxe uma das personagens mais icônicas da literatura em uma narrativa realista que deu um soco no estômago do que, até então, era a literatura.

Bom, tem muita coisa pra comentar sobre o livro, mas antes gostaria de dizer que a leitura é maravilhosa, a narrativa flui de maneira tranquila de entender e seguir (inclusive, adorei os textos de apoio dessa edição que explicam trechos da história da França, assim como tempo verbal e tradução de algumas palavras).

Emma Bovary é uma mulher jovem, que sonha que um dia se casará e terá um "felizes para sempre", como em seus livros de romance. É interessante como Flaubert já critica o romantismo (movimento literário "oposto"). Com isso, Emma tem uma falsa ilusão de que sua vida seria "perfeita", assim como Dom Quixote perdendo-se em romances de cavalaria.

Emma tem tudo: um marido que (apesar de um molenga) venera ela como uma deusa, uma filha carinhosa, uma casa boa, dinheiro, roupas, etc; e mesmo assim ela se sente miserável e tenta fugir da monotonia vivendo um "grande amor" de seus livros através de relacionamentos extraconjugais. Entretanto, percebi que Emma sentia muito mais prazer em sonhar com seus encontros do que realmente executá-los.

O livro não contém nada explícito como os de hoje, mas acho que "pra bom entendedor meia palavra basta". Temos que pensar também que na época de seu lançamento as coisas no mundo eram bem diferentes e a narrativa foi bem chocante.

Por fim, antes dos spoilers, Madame Bovary é um livro que critica a estupidez e superfluidade da classe média francesa (que Flaubert odiava, mas não deixava de fazer parte kkkkk). Além disso, existe uma crítica na forma como banalmente nos "identificamos" com personagens (que não existem) e como isso pode distorcer nosso senso de realidade. Talvez os livros não sejam feitos para nos identificarmos. Apenas crianças podem ser perdoadas por se identificarem com os personagens de um livro ou sentirem prazer com histórias de aventuras mal escritas, mas é o que Emma faz...

[SPOILERS ABAIXO]

Desde o começo do livro, Charles aparece como o típico SEM SAL. Ele é um bom homem e amoroso com sua esposa, mas totalmente desinteressante. Nunca foi muito inteligente, sua formação como médico foi como oficial de saúde (algo que seria básico na medicina da época) e mesmo após ler o bilhete de Rodolphe, Charles permanece estúpido até o fim.

Emma, em contrapartida, entediada com seu casamento e vida de modo geral, inicia suas traições. Emma faz compras extravagantes, trai sem medo e até isso eventualmente a deixa entediada, mostrando como o verdadeiro problema não era o estilo de vida da personagem e sim que ela nunca estava satisfeita com nada.

Como um bom fim de livro realista, após o suicídio de Emma, Charles morre de desgosto (inicialmente, até achei que ele havia se envenenado com o arsênio do cabelo de Emma kkkk) e Berthe (a única personagem inocente do livro) tem o destino cruel de uma vida pobre trabalhando numa fábrica de algodão, como consequência do que seus pais fizeram em vida.

Rodrigo Kimura 19/02/2024

Correspondeu espectativas
O livro é bem descritivo com relação aos ambientes, então nos faz imaginar bem todo o cenário que a história se desenrola. Os personagens principais são bem apresentados e elaborados. Considerando o contexto histórico da obra, entendo que foi um livro bem polêmico para a época, descrevendo paixões que incomoda muita gente ainda hoje. A edição do CLC tem ilustrações aleatórias que tem pouco a ver com a história, não descrevendo nenhum dos cenários tão bem descritos pelo autor, parecendo como se o ilustrador nem tivesse lido o livro, e ainda erra na aparência da Madame Bovary, que possui olhos grandes e pretos, destacado várias vezes com ênfase pelo autor, sendo uma de suas características físicas marcantes. O ilustrador registrou olhos azuis e pequenos, o que desagrada um pouco a apreciação da edição, que reproduz o rosto errado da personagem no final de quase todo capítulo. Tirando este detalhe da editora, o livro é bem legal e vale a pena a leitura.

Bebel13! 19/02/2024

🤬 #$%!&
Sinceramente comecei a ler o livro sem pretensão nenhuma, nem sabia do que se tratava, apenas que é um clássico.
Acabei de ler e entendi o motivo de ter sobrevivido ao tempo e ainda ser uma leitura tão importante e comentada.
Que livro! Fiquei completamente embasbacada.
A escrita é tão incrível que me deu vontade de aprender francês apenas para reler no original.
Gostei muito que não existem vilões nem mocinhas(os), ninguém é completamente bom ou ruim, são todos seres humanos falhos e desejantes.
E a história é ao mesmo tempo previsível e surpreendente.
Amei.

Debora411 18/02/2024

É um romance transgressor, de uma época em que o ponto alto da vida de uma mulher era se casar, Emma queria mais da vida. É engraçado, porque apesar de sentir raiva da Emma em vários momentos, em alguns outros ela parecia tão ingênua e eu não senti pena do Charles em momento algum. Naquela época não tinha muito mais o que fazer além de ir nas casas das pessoas, então tem muitas cenas assim, mas não achei o livro maçante. Achei um bom livro pra quem não tá acostumado com clássicos.

Luiza3248 14/02/2024

Emma Bovary
O livro "Madame Bovary" conta a história de Emma. Uma mulher que se casa e vive frustrada com a vida pós casamento. Enxerga no marido a figura de homem sem ambição, sem coragem e sem paixão, e, por isso, após lutar contra seus sentimentos, logo se entrega às aventuras de paixões proibidas.

Em vários momentos pude me identifiquei com Emma, a forma como ela se sentia em relação a sua rotina pacata e monótona que parecia lhe tirar tudo que havia de bom em si. Aquilo a atormentava e a matava aos poucos. Porém, na personagem, aquilo se tornava algo crônico, quando mesmo entregue às suas paixões mais idealizadas, ainda assim não sentia a felicidade que tanto desejava.

Diante da personagem tão marcante da época, cunha-se o termo "bovarismo" ou o adjetivo "bovarista" para descrever sujeitos como Emma, que sofrem devido à insatisfação permanente diante das circunstâncias que estão constante contraste com a vida que se pretendia ter. Até mesmo porque, Emma é uma mulher entregue às paixões ao ponto de se perder em ilusões.

A criação de um termo para o que a personagem - e outros indivíduo - vivenciam torna clara a influência desse livro na sociedade da época e, consequentemente, nas reflexões até nos dias atuais.

Além de Emma, temos personagem bastante interessante e que trazem reflexões diversas como Charles: o marido, o extremo oposto de Emma. Calmo, pacato, conformado. Aparenta ter um amor incondicional pela esposa. Temos, ainda, Monsieur Homais, o farmacêutico excêntrico em seus ideais e tagarela que gosta de estar perto de quem considera importante para a sociedade. Monsieur Lheureux, um comerciante que ganha seus clientes com conversas galanteadoras e com massagens em seus egos. Entre vários outros que fazem a leitura muito agradável e simplesmente incrível.

O livro é extremamente bem escrito, longas descrições que o autor tenta trazer como uma imagem para o leitor mas que, não torna o livro, nem de longe, cansativo. A história em si não possui um enredo super diferenciado, mas a escrita é o que encantada. Extremamente bem construído.

Synthia.Ematne 14/02/2024

A ?puta? que vive em todas as mulheres infelizes
Madame Bovary é sem dúvida o retrato de tantas mulheres que vivem suas vidas infelizes ao lado de um homem que não gostam.

Falo no presente porque não é apenas um retrato do passado, ainda hoje se vê muitas mulheres presas em casamentos infelizes.

Madame Bovary era uma sonhadora, lia e se perdia nos romances aspirando aquilo para sua vida, que o tinha em segredo. Sofri vendo ela murchar vendo que não conseguiria nada do que sonhava.

Sua ingenuidade a levou à loucura, mas como a história evolui de uma moça recatada para uma mulher quase sem escrúpulos foi majestosa!

Enfim, mais uma mulher infeliz e presa em um casamento que no fim foi chamada de puta pela sociedade.

Maria 13/02/2024

Eu sou suspeita pra falar. O livro é realmente lindo, as descrições das paisagens e, para mim, o rigor que ele assume com relação à escrita, a escolha das palavras, é incrivelmente bonito. Mas nada supera Anna Karenina. Seja no que tange a complexidade dos personagens, suas ações e pensamentos, ou até no trabalho psicológico extremamente realista que o Tolstoi constrói para eles, mas especialmente para Anna. De qualquer forma nada se perde, talvez o mais interessante mesmo, de verdade, seja poder colocá-los em paralelo, os temas que ambos autores resolveram abordar. Essa figura feminina quase que tangível de tão real (ainda que na minha opinião Tolstoi seja mais feliz nesse aspecto). Essa relação da moral e os desejos individuais. Enfim. Muito lindo

Nick 12/02/2024

Flaubert ainda não sabia, mas seu livro que foi um escandaloso romance, seria uma grande revolução na literatura.
O autor tem uma forma detalhada de escrita, mas não o bastante pra irritar. Você consegue imaginar os personagens e onde eles estão. A história em si você irá acompanhar a vida de pessoas provincianas e medíocres. Flaubert faz críticas a burguesia e a religião.
Até a metade do livro achei um pouco parado a história, porém da metade pra frente não consegui mais largar, precisava saber o que acontecia com Emma. Apesar dos pesares não consegui me afeiçoar a ela, gostei sim do final que a personagem teve. Porém quanto mais eu penso na história, mais eu gosto dela. Talvez daqui a algum tempo eu mude de ideia sobre Emma também.

Maria7823 11/02/2024

O que lhe parecia medíocre
Em sua altivez, gerada pela imatura inadimição da realidade, Emma buscou com todas suas forças justificativas, que maculassem sua escolha tão débil quanto seu marido, o que é esse pobre miserável, se não um reflexo de si que a enoja, Emma busca uma liberdade tácita, mais real que essa vida que se recusa a protagonizar, por isso se deleita em culpas que se sobrecaem ao marido, à filha, à ela própria, que é a grande elaborado daquela humilhante vida que foi sua mais secreta busca. Em seu arroubos apaixonadas nada restou, a não ser uma alma devorada pela insaciável intolerância à sua vida, essa busca que a levava a mergulhar nas mais profundas águas da deslealdade e do desespero, era sempre uma volta aos mesmos e incompletos dias, voltava à sala de jantar e sentava-se a frente de Charles, tudo tão monótono quanto ela própria ao se entregar em uma nova paixão, Emma não abandonou só uma vida medíocre, abandou uma existência mediocremente delimitada por desejos indecifráveis e irreais. E em sua morte nada muda, a cada linha parecia uma volta ao início da narrativa, seu coração parou e nada participou da sua extaticidade, nada além daquele homem que ela provavelmente esperou se reerguer, e que não fez nada além de se afundar na mesma sepultura que ela quis possuir solitariamente, e a miséria de sua existência e de sua família antagonizou às realizações daquele farmacêutico que se realizava ao equiparar a cena desastrosa da família Bovary aos escárnios de sua vida, nem em sua atitude mais egoista Emma alcançou a finalidade de se realizar, seja pelo fascínio que sua morte causou ao Sr. Homais, seja pela dor que sua findada existência levou a Charles.