Resenhas - Madame Bovary

Marilda 18/11/2021

Opinião e Fragmentos
-> É um romance que permanece vigoroso, pois se trata do uso do gênero romance para conversar sobre a psiquê humana, especialmente a feminina
-> Emma Bovary: jovem, entediada com a vida conjugal, não aceita a simplicidade da felicidade, deseja a poesia do sofrimento
-> Flaubert foi acusado de incitar as donas de casa a terem relacionamentos libidinosos
-> Flaubert dá início à narrativa indireta livre, apesar de ser narrado na terceira pessoa, descreve os sentimentos como se os assumisse
"Madame Bovary c'est moi!"
-> Em função das leituras que fez, Emma sonhou uma outra vida. A paixão, para ela, era o alicerce da sua vida
-> Tédio + melancolia + volatilidade = doença mental
-> É uma crítica contundente à sociedade da época (e, por ser um clássico, à sociedade atual) e ao modo de vida pequeno burguês
-> A inexistência do que hoje conhecemos como "sentimento materno" até nos choca pela crueza da descrição, mas era dessa maneira que os filhos da burguesia eram criados

Kássio Meniglim 14/11/2021

Madame Bovary!
Flaubert consegue extrair de um cenário, através da escrita, mais do que as câmeras são capazes. Ele explora o sentimento de uma simples ação; dá mais vida para momentos corriqueiros; torna o trivial numa imersão ímpar.
A história tem um desfecho lógico impecável; as cenas são ricas de elementos; é retratado o cotidiano de distintos corações; cada personagem tem a sua particularidade.
O clássico! Recomendadíssimo!

Jorge Armando 12/11/2021

De mal a pior
O que dizer de Madame Bovary? Bem, é uma obra que me agradou e desagradou ao mesmo tempo. No começo, a história se arrasta, somos inundados de detalhes e mais detalhes a respeito de elementos que não parecem muito importantes para a narrativa: o tamanho da sala, o modelo e cor das cortinas, os quadros, poltronas, lareira, vestimentas, sempre nos mínimos detalhes. Eu particularmente não gosto de ter todo o cenário tão bem descrito pelo autor, tenho mais facilidade em eu mesmo imaginá-lo. Mas isso é um ponto pessoal. Os personagens não são dos mais carismáticos, dificilmente nos causa alguma afeição, raramente nos identificamos com algum comportamento, fragmento de personalidade, por menor que seja, e sempre que isso ocorre, mais desagrada do que agrada. Em diversos momentos encarei de frente o que existe de mais fútil e medíocre em mim através dos personagens de Flaubert. Do meu ponto de vista, a história só fica realmente interessante (triste constatação!) quando as coisas começam a dar errado! Da metade do livro em diante fica impossível interromper a leitura. Tanta coisa acontece, tantos infortúnios, traições, rejeições. E as reviravoltas então! Ao acompanhá-las o coração acelera, a respiração se torna ofegante, sempre esperando uma desgraça maior que a anterior. Enfim, dentro desse tornado de acontecimentos, o início arrastado do livro se torna nada, os personagens ganham novo fôlego diante de suas desventuras, e a leitura vai muito bem, à mil por hora, até a última página.

Milena.Saleh 09/11/2021

Singular
Flaubert consegue transformar um tema moralizante clássico em um enredo humano, inteligente e extremamente prazeroso de se ler. Madame Bovary é um livro de qualidade, um verdadeiro clássico, que calha de trazer consigo ensinamentos e reflexões até hoje muito relevantes. Recomendo muitíssimo a leitura e mal posso esperar para saber a opinião de Nabokov em seu livro ?lições sobre literatura?!

gleysonWHO 07/11/2021

Madame Bovary
Emma Bovary? Bem, na literatura há uma grande tradição de heroínas belas e virtuosas. Sabemos que Emma era linda, então presumimos que ela era boa. Mas não, ela não era. Ela se recusa a ser boa. E Flaubert nos desafia, ele zomba de seus protagonistas, ele não nos deixa admirar ninguém. Nos dias de hoje, com o politicamente correto dando as ordens nas redes sociais, Gustave Flaubert provavelmente seria considerado um misógino. Na minha opinião, Flaubert não é ligado a gêneros, mas à espécie humana. E essa espécie habitava a cidade de Yonville, onde todos são mesquinhos e tacanhos ? mas Flaubert não nos orienta a detestá-los, ele apenas nos mostra os fatos. Flaubert não mostra nenhuma reação subjetiva em relação aos seus personagens. É isso que na história da literatura chamamos de realismo.
Emma Bovary não era uma mulher valente e virtuosa que no final sai triunfante. Era uma mulher que foi educada em um convento e possuía uma vocação religiosa, mas foi perdendo o interesse pela Igreja quando começou a ler romances de uma biblioteca pública. Nesses romances, Emma Bovary aprendeu que ela poderia escapar do mundo real para a ficção. Como? Ela aprendeu sobre encontros à meia-noite, noivas roubadas, paixão e glamour. Ela aprendeu que o amor romântico era o equivalente a uma dose de adrenalina que valia a pena ser vivido. Esse era um sonho de adolescente, impossível de realizar, mas ninguém lhe disse isso. Afinal, sua mãe já estava morta. Esse sonho tornou-se uma espécie de um ideal. Muito parecido com o Cavaleiro da triste figura, Don Quixote, que desenvolveu o mesmo encantamento lendo romances de Cavalaria, até se transformar em algo que era impossível ser.

Frank 07/11/2021

Emma Bovary acabou se casando, mas em pouco tempo percebeu que o romance não era nada igual às histórias de amor dos livros que ela tanto lia. Em busca daquela emoção, se envolve com amantes, desprezada e insatisfeita por eles, se endivida no consumismo, se destruindo aos poucos e ao marido. O autor narra de forma imparcial, sem impor moralismo ou críticas à personagem, numa escrita cheia de detalhes, feito para ser lida sem pressa.

Lara 04/11/2021

Valores.
Emma era imatura. Essa imaturidade a fez viver a vida pensando em contos de fadas, totalmente fora da realidade. Casou-se não por amor mas sim por interesse. Foi um peso na vida de seu marido e de seus funcionários. Não tinha nenhum amor a própria intimidade e para ela, casamento não significava nada de belo e moral. Era status. Gostava de dinheiro. Nem sequer sentia nada por sua filha.

Pensei em deixar a leitura várias vezes, mas a curiosidade do desfecho de tamanho egocentrismo me intrigou.

Enfim, o livro é rico em detalhes e enriquece o vocabulário. Já sobre a personagem, ela não tem nada de bom pra ser dito. E o final não me surpreendeu em nada, na verdade no meio eu já tinha palpitado que isso aconteceria.

Wellington Carneiro 31/10/2021

Quem é Madame Bovary?
Emma Bovary é uma das personagens mais complexas da literatura e até hoje faz com que pessoas se debrucem em torno do estudo da sua psicologia.
A história do livro é muito boa, levando a uma bola de neve caótica que culmina no clássico final da obra, muito bem constrúido, aliás.
Sendo um livro que fica ainda mais interessante por conta da sua história além do papel.
"Madame Bovary sou eu"

Giordano.Sereno 28/10/2021

Bom livro, mas esperava mais
O livro começa muito arrastado. Mas melhora consideravelmente com o início da história de amor entra Emma e Rodolphe.
As notas de rodapé são um caso a parte. A grande maioria delas é completamente despropositada. Não acrescentam nada à leitura. Servem apenas para o autor (das notas, não da obra) mostrar seu nível de intelectualidade e ideologia.
É um bom livro. Mas esperava mais. Talvez por ser um grande clássico

Mari 27/10/2021

A madame que fugia da realidade
Tanto na pintura como na literatura sempre achei interessante conhecer as obras que deram início a um novo movimento, e Madame Bovary é considerada o marco do realismo na literatura mundial.

O realismo surgiu para substituir o romantismo, que tinha como características: a subjetividade, o sentimentalismo, a fuga da realidade e a idealização da sociedade, da mulher e do amor.

Em Madame Bovary, Flaubert nos traz a mulher adúltera, o amor corrompido, o fracasso social e as críticas à sociedade e aos valores da época.

Emma Bovary é romântica e ingênua. Idealiza o amor e deseja vivê-lo com a mesma intensidade que o experiencia em seus livros. Ao se casar, fantasia uma vida de luxo ao lado de um marido que a ama.

Apesar de não ser o mais brilhante, nem o mais interessante dos homens, Charles é íntegro e a ama verdadeiramente, e sua situação financeira não é a pior, mas ainda assim Emma se descobre infeliz, pois não sente o que deseja sentir.

?Antes de casar, Emma julgara sentir amor; mas a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, pelo que se deveria ter enganado, pensava ela. Procurava agora saber o que se entendia, ao certo, nesta vida, pelas palavras felicidade, paixão e êxtase, que, nos livros, lhe haviam parecido tão belas.?

A sua pequena cidade e a mediocridade provinciana a irritam, o seu casamento e seu marido sem ambição a deixam com falta de ar, a filha e as obrigações da maternidade a desnorteiam, tudo se transforma em tédio e insatisfação no mundo de Emma, até mesmo os amantes - assim que os encontros escondidos passam a virar rotina, ela começa a se entediar.

A sua essência romântica e infantil faz a realidade ser um fardo pesado demais a ser suportado, e assim, a cada expectativa frustrada Emma se torna cada vez mais egocêntrica e imprudente.

Madame Bovary é, sem dúvida, um romance que vai de encontro com o romantismo. A deprimida e entediada Emma inaugura o gênero realista com louvor.

Flaubert é sensacional e a leitura flui super bem. Terminei com um nó na garganta que demorou a se desfazer.
Livro bom é assim!

?
Em 1982, o filósofo francês, Jules de Gaultier, inspirado pela obra, escreveu um ensaio onde analisa o comportamento da personagem e cria o termo ?Bovarismo? utilizado hoje na psicologia e descrito no dicionário como ?a tendência que certos indivíduos apresentam de fugir da realidade e imaginar para si uma personalidade e condições de vida que não possuem, passando a agir como se as possuíssem?

Samila 27/10/2021

O amor é capaz de destruir.
Quando comprei o livro havia em mim grande expectativa. No fim, não consegui avaliá-lo com 5 estrelas. Madame Bovary é um grande clássico e talvez por isso espera-se que seja incrível. Dito isso, é importante que você saiba que talvez não seja lá tudo isso, ou talvez eu que esperava demais. Ainda assim, Flaubert é incrível e a leitura flui de forma agradável mesmo quando parece que nada de grande acontece.
Me coloquei no lugar de Emma e senti certa angústia ao imaginar como deve ter sido horrível para as mulheres que durante anos e anos viam no casamento o único objetivo de suas vidas. Aliás, o convento também era uma opção e eu realmente não sei qual das duas é pior.
Emma se casa com Charles Bovary, um médico que hoje podemos classificar "como do povão" que acaba de ficar viúvo e se encanta com a beleza e graciosidade de Emma, características ausentes em sua falecida esposa. Podemos dizer que Emma era moderna e não-conformada. Apreciava a literatura e se interessava por muito mais que os afazeres domésticos. Sonhava com bailes, Paris e um marido que lhe proporciona-se suspiros de paixão e grande admiração. Ao casar-se com Charles, não demora muito para perceber que suas expectativas, talvez criadas por imaginar que o casamento seria como os romances que havia lido, não seriam atendidas e assim começa a história de sua frustração e idealização de um romance extraconjugal com os homens com quem tem contato mesmo que por um breve período de tempo.
Você possivelmente irá achar que Emma encontra o amante que contribuirá com a ruína de sua vida logo no início do livro, mas não, não é assim. Outros amores virão, ela sentirá a paixão que tanto desejou, sofrerá ao descobrir que nem sempre é completamente correspondida e, além de tudo isso, ainda terá que conviver com o sofrimento constante por perceber a miséria que seu casamento realmente é. Emma é uma grande romântica presa numa vida limitada que a impede de viver tudo que sempre desejou. Afinal, não é fácil ser romântico quando não é possível viver única e exclusivamente em prol disso.
A história trará de volta um personagem que você possivelmente não terá esquecido mas talvez, assim como eu, já não esperará encontrá-lo novamente. E é aí que tudo acontece. Desse momento em diante haverá a tão sonhada paixão e a felicidade nunca antes sentida, o desejo ardente finalmente será descoberto e para manter tudo isso será necessário mentir, tramar, descontrolar-se e sofrer novamente, mas dessa vez as consequências serão maiores e irreversíveis.

Betânia 16/10/2021

Madame Bovary
?Madame Bovary? é um romance triste. Emma, personagem principal, é uma mulher desencantada com a realidade, que vive em busca da felicidade passando por cima de princípios e morais para tentar obtê-la. A narrativa dos personagens consegue desenvolver uma relação de amor e ódio do leitor com cada um, além de ser uma obra bem escrita e envolvente. No geral, uma leitura muito positiva.

Michele Soares 12/10/2021

Sobre fogos de artifício estourando num campo vazio
Quando li pela primeira vez, achei um grandissíssimo porre e nada na vida poderia me convencer a reler.
Reli.
Continua sendo um grande de um porre, mas conclui que é um porre bom demais pra se permitir evitar ao longo da vida. Recomendo a leitura.

@bibliotecadaana 11/10/2021

Gostei bastante
Um romance triste.
Sobre a busca incessante de uma felicidade inexistentes.
Me fez refletir muito e compreender que a felicidade está nas pequenas coisas, e ela sempre depende de nós mesmos.

Ninah 11/10/2021

Sinceramente eu esperava mais do livro.
A personagem é chata e muito ingrata e foi impossível criar um vínculo com ela.