Madame Bovary

Madame Bovary Gustave Flaubert




Resenhas - Madame Bovary


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Kamilly.Delfini 07/06/2023

Madame Bovary
Tenho que admitir primeiramente que é um livro chato! A literatura francesa, se não me engano, principalmente a antiga faz com que o livro seja muito denso. Não é um livro que você possa ler mais ou menos, ou você presta atenção para entender ou você não entende.
Contudo, a história é muito boa, gosto como ela foi desenvolvida e dos temas que ela aborda. Indico para quem queira ler clássico, mas com a noção de que é uma leitura difícil (pelo menos foi para mim).
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@Estantedelivrosdamylla 03/06/2023

Emma: sofredora sem causa...
Madame Bovary logo no início já demonstra que é um livro cheio de realismo. Flaubert não deixou barato nos detalhes, e trouxe tudo de forma crua.

A personagem Emma logo de cara já mostra quem realmente é, e em momento algum o autor esconde os sentimentos reais de seus personagens (o que foi um ponto forte, ao meu ver).

O autor utilizou da sua obra para fazer uma crítica direta ao romantismo, ao amor idealizado e irreal que as pessoas até hoje sonham. Sua crítica veio em formato de pessoa : Emma (sonhadora ao extremo e que esperava viver a vida cheia de emoções presentes em livros que lia), porém....a vida real bate sempre à porta.

Com maestria, Flaubert soube utilizar das palavras para criar personagens detestáveis, para criticar a sociedade superficial, assim como para trazer aspectos políticos, sociais e religiosos à tona..

Em alguns momentos, o livro se torna cansativo, tendo em vista que o autor cita diversos personagens com nomes difíceis em francês, assim como lugares e situações da França à época (o que me faltou um pouco de conhecimento para acompanhar, mas logo mais vou ler alguns textos complementares ?).

Enfim, apesar disso, no geral eu gostei do romance, achei-o ousado e bem atual, e tendo como ponto forte seus personagens. Ele bem sabe escrever uma megera. É isto..foi um prazer conhecer esse clássico.
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Cazuz0 03/06/2023

A vida não é um conto de fadas, é um tédio
A história deste romance trata basicamente de uma mulher apaixonada pela fantasia e pelas lindas histórias de amor que lê em seus romaces. Seu sonho é viver um amor como nos romances, seu sonho é, em suma, ser feliz.
Emma mergulha num casamento em busca dessa felicidade idealizada que outrora lia nos romances, porém percebe que a realidade (não idealizada) é muito diferente do que ela esperava. O matrimônio é tedioso, estar com a mesma pessoa todos os dias é tedioso, até mesmo a maternidade é tediosa.
Não é surpresa pra ninguém que este é um romance sobre o adultério e que neste caso o adultério é a fuga do tédio, é a busca pelo amor idealizado.
A leitura, que no começo é um tanto cansativa (tal qual a vida da protagonista), fica muito mais fluida na terceira parte do livro, na qual mergulhamos na adrenalina das aventuras de adultério de Emma. Inclusive o final foi capaz de me causar fortes emoções.
É um belo clássico que não pode ser ignorado.
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Isis159 30/05/2023

Atemporal
Um dos meus favoritos. Pra mim é uma inspiração do que não ser, um exemplo sobre como uma mulher infeliz e submissa pode ver tédio em tudo e perder por completo o gosto pela vida. Emma busca a fuga desesperadamente. Eu amo o poder desse livro. Envolvente, feminista e inspirador
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Adriany.Maceno 29/05/2023

Muito bom!
Não sei exatamente o porquê demorei tanto para ler esse clássico em que a adaptação para o filme me intrigou muito (raras exceções). Como um belo clássico ainda há muito para ser dito e dentro de minhas limitações tive uma interpretação restrita da obra, que necessita de leituras de apoio e releituras.
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milliaways 28/05/2023

Esse livro deixa uma coisa bem clara em toda a sua extensão:

Um escritor consegue provar absolutamente qualquer coisa que ele quiser na sua obra, já que ele mesmo escreve as condições ideais para que sua ideia seja provada.

Dá pra ver claramente porque esse livro é a fundação do realismo: Flaubert coloca na sua protagonista o maior exemplo da beleza europeia: uma mulher branca, de olhos claros e cabelos ruivos. Essa aparência é destruída por tudo que o autor odeia: Romances idealizados de paixões medievais, adultérios e o consumismo do capitalismo inicial. Essa destruição é visível, graficamente: Sua aparência bela de noiva no leito de morte é destruída quando Charles levanta o véu de sua falecida, proferindo um grito de horror; um líquido preto sai da boca de Emma quando seu corpo é levantado para ser adornado pela coroa de flores, provavelmente resultado da destruição de seus órgãos pelo veneno. É visível essa referência no cadáver do monge presente na obra de Dostoiévski, mas o velho russo é infinitamente superior em sua escrita.

Duas ideias firmes são estabelecidas dentro do realismo de Flaubert, e isso acaba provando que mudar diametralmente a visão das coisas não traz tanta inovação quanto parece, e o realismo se torna tão previsível quanto seu predecessor.

O primeiro pilar é: A felicidade real ou não existe, ou só existe pra quem é ativamente pérfido em suas ações. Emma entra no casamento com ideais fantásticos de literatura, para ser brutalmente desenganada. Isso, porém, alimenta sua sede por prazeres, que é saciada no adultério e no consumismo desenfreado. O adultério apenas traz consequências psicológicas de mais desengano, ao perceber que seus amantes não eram cavaleiros brancos. Mas as dívidas adquiridas levam a protagonista ao suicídio. Não existe possibilidade de felicidade na vida de Emma.

Charles, por outro lado, é um homem bom, honesto e justo, com suas pequenas ambições de pequeno burguês. Emma o vê como o pior dos homens, o menos ambicioso e seu maior erro. Charles, no final, não encontra felicidade, descobre que foi traído por sua esposa durante toda a vida, não sucede como médico e morre de desgosto. A conclusão é que: um homem bom e justo não consegue encontrar felicidade, não merece o amor e morrerá como um ímpio.

O único que alcança a felicidade na obra é o farmacêutico Homais: Um homem falso, que vive de aparências e bajulações, acaba por escrever sobre qualquer mínimo assunto que possa angariar popularidade a si mesmo. Por fim, recebe a cruz de honra, símbolo maior de sua ascensão pessoal.

O que deveríamos perceber é que esse tipo de destino terrível, tanto para os justos como Charles ou para os sonhadores como Emma, se deve principalmente ao capitalismo burguês da época. Mas é extremamente sutil na obra de Flaubert. O que vem aos olhos é que isso é a naturalidade, que os bons e sonhadores só merecem o desterro porque "assim é a vida", numa espécie de naturalização da punição que tende ao pensamento fascista de que "a culpa é dos humanos".

O segundo pilar é intimamente relacionado com o primeiro, a mais comum deturpação da Lei de Murphy: Tudo de ruim que pode acontecer, acontecerá. E com o detalhe da forma mais ridícula e humilhante possível aos personagens. Isso se torna um problema quando esse pilar se torna a regra: se no romantismo e nos romances de cavalaria sempre se espera um final feliz, no realismo sempre se espera o pior final possível. Se outrora a previsibilidade do fim era motivo de esperança ao ler um livro, agora se torna um motivo de melancolia, onde sempre devemos esperar o pior, decepcionados, mas não surpresos.

Querendo ou não, Madame Bovary acaba como uma grande aplicação dos conceitos de Stendhal com no mínimo um embelezamento estilístico. Válido mencionar novamente o comentário de Maria Rita Kehl sobre como a obra fala do fardo da mulher ser dona de casa no século 18, com o êxito de mostrar Bovary como a vontade das mulheres de seguirem seus sonhos fora do casamento; e outras críticas positivas de estilo a Flaubert. São comentários válidos e de excelente leitura. Eu vejo como uma obra padrão do realismo, cujo êxito é dito no comentário de Kehl: A mulher tem sonhos e corre atrás deles. Mas Flaubert diz mais: não há felicidade no final da busca dos sonhos. Isso é a definição perfeita do realismo.
Jack 31/05/2023minha estante
E o alerta de spoiler hein?


Amanda Gomes 10/08/2023minha estante
Exatamente, faltou o alerta de spoiler!




Evelyn.Vilela 28/05/2023

Que dureza...
Este livro me faz pensar em duas situações diferentes:
A primeira é a escrita do autor. Ele torna tudo real e em determinados momentos parece que está lendo nossa mente para então escrever a cena seguinte. Realmente primoroso, sem contar o fato de ter sido algo revolucionário para a época, já que tratava de assuntos tabu, como infidelidade e igreja.
Segundo, temos a história em si, que me fez sentir compaixão, raiva, compaixão de novo, desprezo, enfim...
Emma no fim ao meu ver teve uma vida desperdiçada, jogada fora.
Nada valeu de nada.
O que poderia ter válido ela ignorou e movida por aspirações que trazia consigo acabou que foi tudo mesmo uma grande ilusão.
Esta edição trás a peça jurídica real da época que tinha o autor e os envolvidos na edição e impressão do livro como réus.
Vale a experiência de le-lô ao menos uma vez na vida.
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Cleber.Laia 24/05/2023

Quando você pensa em uma obra clássica, acho que obrigatório ver a sociedade francesa e toda a podridão burguesa que lembra muito a família tradicional brasileira.
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Marllon Oliveira 21/05/2023

Emma
Não era só a questão de moralidade que envolve o livro, mas notei um enorme egoísmo por parte de Emma, que não se importava com o marido (pobre Charles) que, além de inofensivo, fazia de tudo para cuidar da esposa, que não tava nem aí para ele e o repelia quando tinha oportunidade. Senti raiva de Emma, pela sordidez que ela agia. Em certos pontos eu não julgava seus desejos de ter algumas coisas que não tinha e, isso é até normal, mas quando partiu para a parte moral, ainda mais tendo a escolha de não fazer, fica difícil de defender. Chega a ser um drama da vida real, pois, enquanto eu lia, me perguntava se naquele exato momento, tinha alguém agindo como Emma, sendo uma Emma.

Recomendo muito o livro, um romance muito bom e, certamente buscarei outros dessa mesma grandeza, tendo-o como referência.
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