Luciano Luíz 30/10/2022
Clássico absoluto da literatura francesa, GUSTAVE FLAUBERT nos apresenta MADAME BOVARY, obra lançada no século 19 que muito se assemelha ao comportamento atual da sociedade neste século 21 e provavelmente desde o surgimento do ser humano a partir do momento em que começa a ter consciência de quem e o que é e quer... ou algo próximo disso.
Atenção, vou colocar alguns pontos do enredo para me expressar. Portanto se você ainda não leu, ignore esta resenha.
Mas caso não se importe, acredite, o que vou colocar não estraga de modo algum a história, pois obviamente meu comentário não se compara a qualidade narrativa do escritor francês.
Aqui conhecemos a história de Charles Bovary, menino que vai estudar e se torna médico. Quando em idade aparentemente compatível, sua mãe, a senhora Bovary arranja-lhe casamento com uma viúva. Um dia indo atender a um senhor numa fazenda distante, a filha deste apaixona-se e sonha em se relacionar com Charles. A esposa do doutor Charles morre e este passa a fazer visitas frequentes a moça lá no interior.
Emma então casa-se com Charles e é ela que dá título ao romance. Porém, pouco antes do casório começa a se mostrar arrependida, que não é aquilo para que foi feita. Há algo de errado com seus sentimentos e assim mesmo o matrimônio é conduzido.
Os anos vão passando e para Emma a vida é apenas uma monotonia. Para ela o amor com Charles não é algo real a não ser em raros momentos, mas estão enevoados quando o casal sai e vai a lugares sofisticados da alta sociedade e lá Emma vê tudo que gostaria de ter e viver. Boa comida, boa roupa, bons móveis...
Há um jovem na vila onde mora que é apaixonado por ela e ela sente o mesmo por ele, só que o rapaz um dia vai-se embora. Depois disso Emma conhece outro homem que a quer a qualquer custo. Um homem que coleciona conquistas e depois as descarta, mas Emma disso nada sabe até que tornam-se amantes e um dia quando estão para fugir, o cara a abandona e ela adoece.
A história é muito mais do que isso. Emma engravida de seu marido, e ela deseja com todas as forças de que a criança seja um menino, pois meninas não tem a mesma liberdade social, moral e educacional. Aí vem uma menina e Emma a rejeita.
Madame Bovary também se afunda em dívidas no formato de notas promissórias para comprar artigos de luxo para a casa, coisa que vai muito além da realidade do doutor Charles e ela faz questão de presentear seus amantes.
Com o tempo ela vai mostrando-se como dominadora destes e eles então querem se livrar dela.
O que relatei acima é somente um fragmento da estrutura da obra. O livro em si é riquíssimo em detalhes, pois há mais além de amor e traição e gastos.
Pobre Charles e sua filhinha.
Impressiona que o comportamento do ser humano naquele distante século 19 não tenha sofrido algumas evoluções. É exatamente a mesma coisa. A não ser pelo fato de um ou outro detalhe que no presente não é visto mais como tanta polêmica e ou vulgaridade.
É uma leitura que flui rápido. Romance de bom tamanho. Não é grande e nem pequeno. A medida ideal. Tem seus momentos de cunho político (claro, com relação à época, porém, com coisas semelhantes ao que se vê atualmente, mais precisamente a questão de classes como quem vive no campo no ramo da agricultura, etc.).
Personagens simples e funcionais. Bons diálogos e cenário que marca na imaginação.
Enfim, este é um daqueles clássicos mais que obrigatórios. Vale investir um tempo e emoldurá-lo na estante.
L. L. Santos
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