Fernanda631 05/01/2023
Madame Bovary
Madame Bovary foi escrita por Gustave Flaubert e foi publicado em 15 de dezembro de 1856.
Emma Bovary não era uma mulher valente e virtuosa que no final sai triunfante. Era uma mulher que foi educada em um convento e possuía uma vocação religiosa, mas foi perdendo o interesse pela Igreja quando começou a ler romances de uma biblioteca pública.
Nesses romances, Emma Bovary aprendeu que ela poderia escapar do mundo real para a ficção. Como? Ela aprendeu sobre encontros à meia-noite, noivas roubadas, paixão e glamour. Ela aprendeu que o amor romântico era o equivalente a uma dose de adrenalina que valia a pena ser vivido. Esse era um sonho de adolescente, impossível de realizar, mas ninguém lhe disse isso. Afinal, sua mãe já estava morta.
Esse sonho tornou-se uma espécie de um ideal. Muito parecido com o Cavaleiro da triste figura, Don Quixote, que desenvolveu o mesmo encantamento lendo romances de Cavalaria, até se transformar em algo que era impossível ser.
O romance começa apresentando Charles Bovary adolescente. Um garoto meigo, monótono e estudioso, que no seu percurso de vida acaba se tornando um médico. Não um grande médico, mas um médico no mínimo dedicado à profissão. Sua mãe lhe apresenta uma mulher chamada Madame Dubuc. Uma mulher de meia-idade e rica. O casal muda-se para uma pequena cidade chamada Tostes, onde Charles começa a praticar medicina.
Numa noite, ele recebe um pedido para ir à casa de um senhor que estava com a perna quebrada. Durante os procedimentos, ele se encanta por uma linda e elegante garota chamada Emma filha do seu paciente. Não demorou para que um clima de romance começasse a surgir e tudo virar motivo para que Charles voltasse até a fazenda para examinar o pai da jovem e, consequentemente, encontrar também a bela moça.
A situação acabou gerando um desconforto na vida conjugal de Charles. Sua esposa ficou extremamente enciumada com a relação e obrigou que o médico deixasse de visitar a família. O inesperado acontece quando sua esposa morre de uma doença nervosa, Charles fica viúvo e volta a visitar Emma, e, em um ano, após a morte inesperada de sua mulher, Charles e Emma se casam.
Emma Bovary tinha uma vida baseada na idealização do amor. Portanto, sonhava que tudo era igual ao que ela lia nos romances. Assim, ela acreditava no sonho de encontrar um amor-perfeito, tal qual era mostrado nos livros. Charles tem uma verdadeira adoração pela mulher.
Emma, no começo, até que se mostrava feliz. No entanto, o tédio começa a invadi-la a tal ponto que ela começa a buscar refúgio nos romances. Aos poucos, ela começa a perceber que sua vida não tinha nada a ver com os seus romances favoritos e foi assim que os defeitos de Charles Bovary começaram a vir à tona na opinião dela.
Sua conversa enfadonha, sua aparência desmazelada, começou a ser notada por Emma. Embora ele fosse gentil, amoroso e moderadamente bem-sucedido em sua profissão, ela sente que ele não é um marido adequado e passa os dias sonhando com uma vida melhor – uma vida refinada, elegante e excitante. Quando ela e Charles foram convidados para ir a um baile no Château La Vaubyessard a convite do Marquês d'Andervilliers, e ela se diverte dançando, aproveitando do melhor que a vida poderia oferecer.
Após esse baile, dois sentimentos aportaram diante dela. O primeiro, seus anseios ficam aguçados e intensificados. O segundo, ela fica apática por não poder vivê-los permanentemente.
O resultado é que uma apatia e uma magreza começaram a deixar a sua saúde mais frágil. Charles Bovary decide se mudar para uma nova cidade na esperança de curar esse mal-estar de Emma. Foi nessa época que ela engravida e dá à luz uma menina chamada Berthe. O nascimento da menina a deixou profundamente infeliz.
Ela queria que tivesse sido um homem, pois ela tinha consciência de que os homens gozavam de vantagens muito maiores do que as mulheres numa sociedade patriarcal como a França.
Quando eles se mudam definitivamente para Yonville, um novo elenco de personagens da cidade começa a aborrecer Emma. Todos exceto Leon, um escriturário sonhador que gostava de compartilhar seus interesses e sentimentos, música e literatura romântica com Emma. Ela e Leon se apaixonam, mas Emma o detém. Logo ele se muda para Paris para terminar o seu curso de direito. Sua ausência foi sentida.
Até que um dia ela conhece um homem rico e aristocrático chamado Rodolphe, um mulherengo que decide seduzi-la. Arrependida por casar com um homem tão frio e ocupado, a protagonista procura de vez uma fuga para a situação: o adultério.
Eles começam um caso longo e apaixonado que preenche o imenso vazio existencial de Emma. O clima de conquista e sedução anima Emma Bovary e ela resolve se entregar ao relacionamento extraconjugal na expectativa de que viveria novas emoções na sua vida tão parada e tranquila. Mas Rodolphe, não estava nem aí para Emma, e começa a fazer o movimento de retirada quando ela propôs fugir com ele da cidade. Ele responde com uma carta no dia em que planejavam fugir juntos, e Emma fica infeliz e entra em um quadro que hoje chamaríamos de depressão.
Sua carência era compensada por compras. Suas dívidas aumentam comprando roupas bonitas de um homem chamado Lheureux, que era o dramaturgo da cidade. Enquanto isso, um homem chamado Hyppolyte, que era o cavalariço da cidade, tem um problema na perna. Homais, o farmacêutico da cidade, e Emma, mulher de Charles Bovary, o convencem a fazer uma operação. Convencem Hyppolyte a ser operado em nome da ciência.
Essa operação incentivada por Emma era uma forma de ela sentir algum orgulho pelo marido. A operação a princípio havia sido bem-sucedida, mas algo deu errado. A perna começou a gangrenar. Charles chama o doutor Canivet (um médico da cidade vizinha), mas que também não consegue dar jeito no inevitável. Hyppolyte perde a perna.
Um dia, Charles e Emma viajam para Rouen para assistir a uma peça. Eles encontram Leon, que havia voltado de Paris e finalmente começam a ter um caso. Fingindo ter aulas de piano, Emma consegue ir à cidade uma vez por semana para vê-lo. O mesmo processo ocorre como aconteceu com Rodolphe, ou seja, tudo começa bem até se tornar repetitivo e enfadonho, só que dessa vez Emma também sente aquele cansaço. E acabam insatisfeitos um com o outro.
As dívidas de Emma não param de crescer, e um dia ela recebe uma espécie de oficial de justiça declarando que ela deve pagar uma grande soma em dinheiro ou perderá todos os seus bens. Totalmente sem perspectiva de uma vida feliz e completamente assolada em contas, Emma entra em desespero por não ter mais como esconder a situação de Charles.
Quando ela percebe o problema em que se meteu, ela entra no modo desespero. Emma tenta conseguir dinheiro de Leon, que não se compromete, do advogado da cidade, que a propõe um caso, e finalmente ela recorre a Rodolphe, que simplesmente recusa negando friamente.
Emma está louca e morrendo de medo. Não havia uma solução fácil. Para ela só sobrou uma solução. Ela convence Justin, o assistente do farmacêutico, a levá-la ao laboratório de Homais, e ela ingere um punhado de arsênico. Em completo desespero e sem perspectiva de felicidade, Emma se envenena e acaba morrendo. Ela morreu.
Ao descobrir toda a verdade sobre as traições e as dívidas, o marido de Emma acaba morrendo de desgosto. Já Berta, a filha do casal, termina indo morar com uma tia e precisa trabalhar para manter o próprio sustento.
A leitura do livro é bastante densa em função da prosa do estilo do escritor. As palavras são escritas de forma precisa e fazem uma incrível descrição da história. Assim, cada personagem é construído de forma minuciosa com a finalidade de proporcionar ao leitor uma verdadeira viagem para dentro da história.
A personagem Emma, por exemplo, em nenhum momento foi descrita como uma mocinha tradicional da época. A história de Emma e do médico Charles é até hoje inspiração para muitos escritores de romances. Cada parte da obra narra uma etapa da vida do casal e mostra de forma racional as características dos personagens. Considerado um dos romances mais lidos, Madame Bovary é um dos livros precursores do realismo.
Alguns temas como a crítica à burguesia da época podem ser encontrados na leitura. Não é à toa que ele pode ser considerado uma das maiores obras da literatura universal. Apesar que não sou muito fã desse livro, e acredito que a protagonista teve uma vida muito fácil e divertida apesar do crime que cometeu.
Vamos ser sinceros, Emma Bovary não era uma boa esposa, na qual não se importava nenhum pouco com o marido, nem chegou a se importar com a filha recém-nascida, desejava por ter um filho homem com o motivo de que homens podem se divertir e aproveitar a vida diferentemente das mulheres.
Não demonstrava afeto pela filha, traiu diversas vezes o marido com vários homens diferentes. Ela em nenhum momento o respeitou como seu esposo tudo com o motivo que sua vida era parada demais e ela queria aventuras, ela queria viver romances que lia em livros, desejava e ansiava por ter uma vida iguais das protagonistas que lia.
E além de tudo fez dividas gigantescas sem seu marido saber, mostrando outra traição a ele, ela se endividou e gerou vergonha a seu marido, por ele ser responsável por algo que nem sabia da existência.
Em todos os momentos Emma se aproveitou da confiança que o marido tinha por ela e fez tudo o que queria e no final acabou por custar sua vida, já que para fugir de tudo se matou e isso causou mais dor a sua família, que sem sombra de duvidas ela que foi a responsável pela morte do marido e dos sofrimentos que a filha iria sofrer da perca do pai em diante, agora órfã, sem bens algum e tendo que trabalhar só pra sobreviver.
Confesso que em anos de leitora, esse foi o primeiro livro que eu detestei, isso no inicio de minha adolescência quando eu tinha uns 12 anos, reli outra vez estando mais velha e continuo o mantendo entre os livros que não gosto, estando no top 3, pelos motivos que citei acima. Não tiro o mérito do livro ou sua contribuição, contudo continuo não gostando dele.
Gostaria de acrescentar que Gustave Flaubert acabou sendo acusado de obscenidade depois que seu livro foi lançado. Como não poderia ser de outra forma, seu julgamento acabou em absolvição, e claro que esse fato fez com que todos se interessassem pelo livro após o seu lançamento em 1857.
A edição foi considerada bastante polêmica na época em que foi lançada e o autor Gustave Flaubert chegou a ter a obra censurada. Não bastasse a censura, Flaubert teve até mesmo que responder um processo em uma corte francesa.
Mais de cento e sessenta anos depois, o romance “Madame Bovary” acabou derivando uma outra palavra, o “Bovarismo”, que é uma tendência que certos indivíduos apresentam de fugir da realidade e imaginar para si uma personalidade e condições de vida que não possuem, passando a agir como se possuíssem. Sendo sinceros, todos vemos isso nas redes sociais, e é o que torna “Madame Bovary” universal.