Madame Bovary

Madame Bovary Gustave Flaubert




Resenhas - Madame Bovary


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Danielli18 17/11/2024

Madame Bovahi
Mais profundo do que aparenta ser a história da jovem francesa na rotina do seu casamento, é um retrato da mulher reprimida como indivíduo pela sociedade, ainda com reflexos atuais.
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Deise.Vedolin 16/11/2024

Surpreendente
Primeiro livro do realismo francês. Enquanto lia, achei a leitura cansativa e arrastada. Ao final do livro percebi qur estava apaixonada pela história e pude entender o porquê de tanta polêmica sobre este livro em seu tempo. Super recomendo.
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Zenaildo 16/11/2024

Madame
O que fazer quando você não tem nada e se casa com uma pessoa que te ama e começa a frequentar lugares e ver pessoas de classes diferentes.. bom é o que vemos neste livro, tanto veremos as consequências de algumas atitudes de madame como também o psicológico dela. Eu achei a leitura incrível sem falar que vemos muito disso na atualidade.
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mariaclara.pb 15/11/2024

Emma, my darling..
10 anos atrás li madame Bovary pela primeira vez e me encantei. Confesso que não lembrava das longas cenas descritivas sobre os cenários franceses, roupas, carruagens. Muito difícil imaginar tudo isso, confesso. Madame Bovary foi revolucionário para o gênero romance, para as mulheres e para os pobres. O romance era mau visto por ser "acessível" e por distrair os trabalhadores. Flaubert escreve muitíssimo bem e é nítida a preocupação com as sentenças e parágrafos. A construção do texto é amarradinha e as personagens intrigantes. Complicado não ter empatia por Emma e suas escolhas apesar de erradas são compreensíveis, principalmente com o olhar de hoje ao ver que ela era muito jovem para tudo aquilo. Seu marido, sim eu esqueci o nome, algo apropriado para um homem medíocre, mas que também não merecia o que aconteceu e como aconteceu. Mas a maior vítima é a neném que mesmo antes de perceber perde todas as oportunidades da sua vida ao cair em desgraça social. Um livro que não irá te prender, que exigirá sua atenção, mas que se você se interessar tem uma razão gigantesca para ocupar seu lugar na história.
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Hilton 07/11/2024

Tédio
"O tédio, aranha silenciosa, tecia sua teia na sombra em todos os recantos de seu coração."
Acho que posso dizer que o tema central do livro é o tédio. Ele sintetiza bem a vida pacata da maioria dos personagens, extraordinariamente bem desenvolvidos, e as razões pelas quais Emma fez suas escolhas. Sonhando tanto com como as coisas poderiam ter sido, ela vive o tédio de ver que suas expectativas nunca são superadas.
Fora isso, é muito legal ver as influências que esse livro deu pra Anna Karenina e Os Irmãos Karamazov, dois livros que eu gosto bastante.

#justicaporcharles
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Floribela.Aguiar 04/11/2024

Que desgosto dessa mulher
Todas as pessoas na internet que vejo que gostaram desse livro falam de como a madame Bovary só queria uma vida melhor e como ela queria viver um romance e como o marido era chato e bla bla bla.
Mas ao longo desse livro eu só pensei na dor que o marido dela sentia, mesmo sem saber o que estava acontecendo.
Pra mim não importa o que ela queria ou deixava de querer, traição não tem justificativa e ponto.
Olha a dor que ela causou nos outros, no marido, na própria filha...
Gihzombie 04/11/2024minha estante
Demais! Tem uns livros que o pessoal romantiza e querem achar normal atitudes que não são. É que o livro do Werther o cara é um perseguidor e o pessoal acha ele um romântico ?


Floribela.Aguiar 05/11/2024minha estante
Exato!!!!!


Flá Costa 11/11/2024minha estante
Estou lendo e tendo a mesma perspectiva. Acho que a Emma é um bom retrato de como deixamos de ver nossa sorte, de como somos ingratos com a vida e tudo o que ela nos oferece.


Floribela.Aguiar 12/11/2024minha estante
Exatamente, a Emma não soube valorizar o que tinha e por isso sempre queria mais e mais, a vontade insaciável de coisas melhores, sendo que ela já tinha uma vida boa




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Elô 06/11/2024minha estante
Que incrível!!
Dá até vontade de ler, mas a leitura é complicada, aí me complica




KelenDZ 01/11/2024

Gostei bastante do livro.
Passei bastante raiva por Emma ser tão desajuizada, vivendo no mundo da lua sem ver que a vida real não era a mesma dos livros. Fiquei triste pela filha, que foi a maior prejudicada na história.
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Nominável 30/10/2024

Esse entra pro meu top de melhores leituras da vida
Disseram que Flaubert levou cinco anos para concluir, ao final do livro o advogado dele, em sua defesa no tribunal, menciona que levara 3 anos, seja como for, este é um livro muito bem escrito e que prende o leitor do começo ao fim.
Não tem nada de prolixo em Flaubert, cada frase e cada descrição sua é um mergulho na psiquê da personagem, se ele falha em algo, é em ser perfeccionista, tal como um Virgílio do seu tempo.
Eu achei a escrita sublime, nunca um livro me fez querer anotar tantas frases quanto este. Quando narra uma cena, o nível de profundidade de detalhes é tanto que você quase sente as gotas d'água da chuva na folhagem ou a lama nas botas enquanto passeiam por um jardim enlameado.
Quanto à condição da Madame Bovary, que de início eu brinquei que ela era Boderline, bem, como uma amiga disse: "Emma tem o hiperfoco em alguns sonhos, e tem traços realmente", daria pra citar momentos dela solteira que ela "picava os dedos [com agulha] para levá-la à boca para chupá-los", ou quando ela ao ver León, ficou tão emocionada que "mordeu os lábios e um fluxo de sangue correu-lhe sob a pele e tornou-a rósea desde a raiz dos cabelos até a beira da gola." Enfim, o vazio existencial estava nela, a busca por uma pessoa favorita, a impulsividade que a levara ao sexo extraconjugal, transtorno de humor que apesar de não ter ficado tão óbvio na escrita, estava ali nela o tempo todo pra baixo, com picos de euforia mas que rapidamente voltava a mudar, sempre sendo escrava das emoções a ponto de pouco se preocupar com a questão maternal, isso sem falar na tentativa de suicídio que culminou no que culminou.
Pode nem ser nada disso, mas Flaubert desenhou uma história magnífica e que minha única revolta foi com Charles, talvez ter um pouco de ciúme seja bom, né?
Do que aprendi com Viktor Frankl de que ter um cônjuge e filhos ajuda a "manter a pessoa aqui" talvez tenha que levar em conta que alguns sofrimentos, para algumas pessoas são tão profundos que às vezes não dá. Enfim... não é um livro sobre uma mulher imoral, é um livro sobre uma mulher com alguma doença na alma.
Nominável 30/10/2024minha estante
Estava lendo com a companhia do meu buddy de leitura Leandro. Eu concluí. ele vai postergar um pouco, o livro não tava caindo bem pra ele.




Monique 27/10/2024

Madame Bovary
Emma é uma jovem de beleza admirável, longos cabelos negros e belos olhos. Sua personalidade é marcada por uma busca incessante da felicidade, realizações, vida luxuosa e romântica. Ela não se conforma com a vida monótona e entediante pela qual é marcada a sua realidade em uma pequena aldeia ao Norte da França.

Charles Bovary, marido de Emma é um homem conformado com sua realidade, tem uma personalidade fraca, deixando as decisões de sua vida nas mãos de outras pessoas (sua mãe, seu pai, sua falecida esposa, Emma e qualquer outra pessoa). Sente-se feliz e apaixonado por Emma, sortudo por ter como esposa uma jovem de beleza notável e certamente cobiçada por todos.

Logo após casar-se com Charles, Madame Bovary percebe que, diferente do que lia em seus romances, o casamento não a faz feliz e como esperava. Seu marido é tedioso, chato, não tem grandes conhecimentos e nada para ensiná-la. Emma busca emoções e nem mesmo o nascimento de sua filha a faz sentir-se plenamente realizada, muito pelo contrário, ela rejeita a criança, chegando até a admirar-se de sua "feiura".

Muito a frente de seu tempo, Gustave Flaubert trás uma complexidade à Emma Bovary, explorando possíveis transtornos psicológicos como Borderline, Narcisismo e Depressão, desconhecidos àquela época, assim como temas considerados escandalosos para a época, com um livro que trás como protagonista uma mulher adúltera e completamente indiferente ao papel de esposa devotada ao marido e filhos.

Em alguns momentos do livro o romantismo exagerado de Emma beira ao ridículo; o consumismo tb é um tema que fica explícito ao longo da leitura.

Dito tudo isto, como conclusão e opinião pessoal, a obra faz jus ao sucesso, não é atoa que é um clássico consagrado ao longo de séculos e é considerado pioneiro dos romances realistas.
Sobre Emma: creio que ela sofria de alguns transtornos psiquiátricos que a levavam a estar sempre tão insatisfeita e a ser tão inconsequente. Ainda assim, ao longo da leitura ela me despertou em alguns momentos empatia e em outros raiva, irritação...
Já Charles me causou bastante irritação com seu conformismo e falta de personalidade. Como médico, como esposo e como pai, ele foi omisso em todas as situações.

Apesar de ter demorado bastante para concluir a leitura, posso dizer que foi uma das melhores leituras de 2024.
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Livinha 27/10/2024

Infelizmente, chegou o dia nada esperado: eu não gostei de um clássico. Vamos começar dizendo que este fora um livro que demorou quase 5 anos para ser finalizado. Uma obra escrita em 1856 e com o cenário sendo descrito a partir de uma narrativa de discurso indireto livre, sendo, inclusive, uma das primeiras obras da literatura com este tipo de narração. ?Madame Bovary? foi processado por ser uma ?afronta à moral e aos bons costumes?. Uma mulher, chamada Emma, se casa com um médico chamado Charles Bovary - e aí começa toda a narrativa. Poderia descrevê-la como uma mulher entediada, presas em suas próprias lacunas de desejo e atração. Uma mulher que dita sua própria vida (daí toda a polêmica do livro), mas que, ao mesmo tempo, tenta, a todo custo, realizar uma fantasia que nunca será satisfatória em sua excelência - já que, mesmo durante o prolongamento desta fantasia, ainda sente o tédio. Pode estar meio confuso, mas se eu disser qual a fantasia, o livro perde o sentido. Não consegui me conectar com nenhum personagem (Inclusive, tive muita raiva de Emma em muitos momentos). No final, só achei a protagonista altamente enfadonha. Entendo toda a imagética de, em pleno século XIX, falar sobre uma mulher que dita sua própria vida, mas acredito que teriam outras formas de exemplificar. Só não gostei mesmo.
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Carla.Parreira 24/10/2024

Madame Bovary (Gustave Flaubert). O livro aborda a obra "Madame Bovary", escrita por Gustave Flaubert, que levou cerca de cinco anos para ser escrita e foi inicialmente publicada em folhetim em 1856, gerando grande polêmica devido ao seu conteúdo considerado imoral. Flaubert e a revista que publicava sua obra enfrentaram processos, mas isso acabou aumentando a curiosidade do público, tornando o livro um sucesso de vendas. A narrativa começa apresentando a história de Emma Bovary, uma jovem sonhadora e leitora de romances que se casa com Charles Bovary, um oficial de saúde, cuja vida medíocre não corresponde às aspirações românticas de Emma. O conto engata na infância de Charles, passando por sua educação e sua família, revelando que ele não possui talentos especiais e acaba se tornando um homem conformado, casando-se com uma viúva antes de conhecer Emma. Após a morte de sua primeira esposa, ele se junta a Emma na esperança de que ela traga felicidade à sua vida monótona. Contudo, Emma logo se decepciona com a realidade do casamento, que não se alinha com as histórias de amor que tanto apreciava. O descontentamento de Emma aumenta com o passar do tempo, especialmente após o nascimento de sua primeira filha, que ela rejeita, sonhando ainda com um filho homem. Essa frustração a leva a se distanciar emocionalmente, buscando refúgio em fantasias e desilusões, enquanto a relação com Charles continua sem vivacidade. Emma se vê presa em uma vida que não desejava, marcando o início de suas ansiedades e anseios por uma vida mais emocionante e cheia de romance, o que a fará tomar decisões que mudarão o rumo de sua história.

Emma, ao longo da narrativa, demonstra um profundo descontentamento com sua vida. Após uma série de desilusões na maternidade e no casamento, ela se envolve com León, um jovem tabelião. Embora seu primeiro encontro seja marcado por uma paixão platônica, Emma logo se vê apaixonada por Rodolfo, um galanteador rico. A relação com Rodolfo se transforma em um caso extraconjugal, enquanto Emma começa a gastar desenfreadamente em presentes para ele, embora ele desdenhe as coisas que ela compra. Quando a fuga planejada com Rodolfo não se concretiza, Emma fica devastada, chegando a cogitar o suicídio. É nesse momento que León retorna à cidade, reacendendo sua esperança e fazendo com que ela inicie um novo affair, que também se transforma em uma rotina enfadonha.

A narrativa destaca como Emma parece buscar constantemente novas emoções, mas cada relacionamento se torna rapidamente monótono, levando-a a um ciclo de insatisfação. Ela é apresentada como alguém que se diverte mais ao idealizar encontros do que ao vivê-los, evidenciando sua luta entre expectativa e realidade. A história revela como as ilusões românticas e uma constante busca por prazer podem resultar em consequências devastadoras, à medida que as dívidas acumuladas vão se tornando uma parte significativa de sua vida infeliz. Conforme a trama avança, percebe-se que a repetição de seus erros a leva a um destino trágico, refletindo os temas do tédio humano e a busca incessante por satisfação, que estão entrelaçados ao longo da obra. A vida de Emma Bovary se desenrola em um contexto histórico que reflete a sociedade da França durante o reinado de Luís Felipe. Essa crítica social é uma das grandes virtudes da obra, evidenciando a monotonia da época e a insatisfação das classes médias. A trama se inicia no inverno de 1827 e se estende até 1856, atravessando a Revolução de Julho e o reinado de Napoleão III.

Emma, em sua busca por emoções semelhantes às que encontra em romances, revela-se uma figura que anseia por algo além da realidade, refletindo uma característica comum a muitos personagens românticos, comparada por alguns críticos a Dom Quixote em sua idealização da vida. Apesar de seus amores, sua busca incansável por um amor verdadeiro e pela intensidade emocional culmina em frustrações.

O crítico Nabokov aponta a identificação excessiva do leitor com personagens fictícios como uma forma de infantilidade, sugerindo que a leitura deve ir além do mero prazer emocional. Na obra, a presença de camadas é simbolizada por diferentes elementos, como o bolo de casamento e o caixão, representando a complexidade das relações humanas e o desenlace inevitável da vida.

Emma é descrita como uma mulher que exerce controle sobre suas decisões, desafiando as normas da época ao tomar ações que vão contra as expectativas sociais. Sua capacidade de decidir sobre a própria vida gera desconforto na sociedade conservadora, especialmente considerando as dívidas acumuladas em nome do marido e suas escapadas românticas. Os encontros com León e Rodolfo demonstram não apenas sua busca por amor, mas também um desejo por autonomia que contesta os papéis tradicionais de gênero.

A recepção crítica de "Madame Bovary" também é discutida, com referências a cartas trocadas entre contemporâneos que expressam opiniões diversas sobre a moralidade da obra. Mário Vargas Llosa, em sua análise, reconhece a importância da narrativa de Flaubert em sua própria formação literária, analisando como a história impactou sua compreensão da literatura. Ao longo de sua interpretação, Vargas Llosa explora a construção da obra, detalhando os métodos de escrita e os valores que permeiam as relações e a busca por significado na vida, refletindo a permanente relevância de Emma Bovary na literatura universal.

Flaubert, em suas cartas, revela o esforço dedicado à escrita de "Madame Bovary", ilustrando sua disciplina e comprometimento com o processo criativo. Ele mesmo confessou que passou meses trabalhando em outra obra, "Às tentações de Santo Antão", antes de ser incentivado a escrever algo mais contemporâneo, o que o levou a desenvolver a história de Emma motivada pela notícia de uma mulher que se suicidou por dívidas relacionadas a romances extraconjugais. Esta abordagem traz à tona a temática da insatisfação e da busca descontrolada por alívio emocional através de bens materiais, evidenciando como Emma tenta preencher seu vazio existencial por meio de compras e novas experiências, o que, paradoxalmente, a empurra para a ruína.

No aprofundamento da análise, o texto discute a inovação narrativa que Flaubert trouxe ao utilizar o discurso indireto livre, que permite mesclar os pensamentos do narrador com as emoções e memórias dos personagens, oferecendo uma nova perspectiva sobre a psicologia dos mesmos. O narrador em questão não se intromete nas ações, mas traz uma voz que pinta nuances e detalhes que enriquecem a narrativa. O uso de itálico para distinguir os pensamentos é uma inovação que visa intensificar a experiência do leitor.

Nos estudos contemporâneos, críticos como a professora Verônica Galíndez exploram a dualidade de "Madame Bovary" entre o romantismo e o realismo, destacando que Flaubert acreditava que sua obra se mantinha no âmbito do romantismo, enquanto outros, posteriormente, a classificaram como um marco do realismo. O trabalho meticuloso e dedicado de Flaubert transformou a escrita em um ofício que requer esforço e tempo, mudando a percepção sobre a origem da literatura, que antes era vista como uma inspiração divina.

O crítico Hélène Cixous também é mencionado, alinhando-se à ideia de que "Madame Bovary" tem uma qualidade universal que ultrapassa o feminino, transformando Emma em uma figura que representa o desejo e a angústia humanas. Cixous sugere que a busca incessante de Emma não é apenas por amor, mas por um sentido que evade sua realidade. A complexidade de Emma Bovary, com suas neuroses e frustrações, reflete um espectro de experiências que permeiam a condição humana, imortalizando a personagem como uma das mais fáceis de se relacionar na literatura, ao mesmo tempo que provoca uma reflexão profunda sobre a sociedade e suas expectativas em relação ao amor e ao papel da mulher.

A narrativa de "Madame Bovary" avança para momentos culminantes da vida de Emma, marcada pelo desespero financeiro e pela angustiante histeria que a consome. O texto destaca que o estresse emocional que a leva ao suicídio é consequência de um ciclo vicioso de dívidas e desilusões amorosas. Ao contrário de outros romances, como "Anna Karenina", onde o suicídio é tratado de maneira abrupta, Flaubert mergulha o leitor em um retrato angustiante das últimas horas de Emma, permitindo que a aflição dela, seus espasmos e os gritos sejam vivenciados de forma intensa. O detalhamento meticuloso do seu sofrimento e a representação da cena final oferecem um alívio ao leitor, porém, ao mesmo tempo, descortinam a tristeza do marido que permanece apaixonado por ela.

A falta de preocupação de Emma com sua filha contrasta fortemente com as motivações de Anna Karênina, que, apesar de seus defeitos, mostra alguma consideração pelos filhos. Emma parece esquecer completamente a filha, refletindo uma crítica severa à sua egoísmo. A escolha dos amantes de Emma, muito diferentes da devoted Anna, contribui para seu destino trágico, apresentando uma sequência de interações insatisfatórias que a conduzem à ruína. O narrador, no entanto, parece entender e até elogiar a complexidade de Emma, revelando um amor pela personagem, ao passo que critica suas ações.

Enquanto o desfecho da vida de Emma se aproxima, o autor se despede lentamente, intensificando a conexão emocional com o leitor. Flaubert proporciona uma experiência que permite um luto compartilhado, simbolizado pelo sepultamento de Emma, descrito com uma riqueza de detalhes que demonstra o desespero e a tragédia que permeiam sua vida. A narrativa traz à tona a beleza de Emma, mesmo em sua decadência, enquanto o impacto de sua morte ressoa no marido, destacando ainda mais a ironia e a tristeza de sua existência marcada pela busca incessante de uma felicidade que parecia sempre fora de alcance.

O marido de Emma toma a decisão de enterrá-la num vestido de noiva, uma escolha carregada de simbolismo que reflete a idealização que ele ainda mantém dela, mesmo após seu descaminho. O momento trágico em que a boca da morta se abre involuntariamente acrescenta um toque surrealista à cena, revelando a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte. A sensação de que Flaubert se demora na despedida de Emma evidencia sua conexão emocional com a personagem, permitindo ao leitor um luto aprofundado diante da perda.

As comparações entre Emma e Anna Karênina se tornam mais claras; ambas enfrentam dilemas existenciais marcados por suas busca de amor e liberdade. Emma, como mãe, nunca teve concorrência, o que a levou a acreditar que estava acima do marido, da filha e das normas sociais. Essa elevação ilusória, no entanto, não a protege dos dramas que enfrenta, revelando a fragilidade de sua posição. A possibilidade de resolver seus problemas práticos parece acessível, mas a manipulação que exerce sobre seu marido acaba sendo insuficiente para salvá-la da tragédia.

O marido, mesmo após descobrir as cartas que Emma guardava de seus amantes, permanece amando-a, ressaltando a complexidade das relações e a resistência dos sentimentos humanos. Esse amor inabalável contrasta fortemente com a desilusão e a busca incessante de Emma por uma felicidade que nunca é alcançada.
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Lavinia.Farias 22/10/2024

Nós mulheres
Nós mulheres que nos desesperamos pra casar, acabamos casando com um qualquer que não é ruim mas não é nada bom, não sabe nada de artes, não entende nada de música, não aprecia leituras e conversas profundas ou filosofia, assim nós temos depressão profunda e queremos nos matar a cada segundo, porque nossas vidas (sendo ditadas desde berço por sermos mulheres) nunca é tão livre ou interessante quanto as vidas dos homens podem ser, e é tão triste ver um homem que sabe aproveitar isso quanto ver um homem que não aproveita. Me parte o coração esse final mas é algo verdadeiro, a vida nem sempre é linda. Ela é normalmente complicada por natureza, já que as relações interpessoais, que ditam a vida, são extremamente complicadas.
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