R...... 16/03/2021
Edição Nova Cultural (2002)
Realizei essa leitura a alguns anos e foi experiência impactante. Flaubert coloca em paralelo aspectos em que me reconheci, apresentados de maneira a parecerem incompatíveis, sobre idealização de sonhos e personalidade fleumática. A história tem isso (embora não seja o foco, li com essa angulação) e, obviamente, não são necessariamente responsáveis por todo desenrolar. Uma série de fatores se somam para o que testemunhamos na trama, porém, tais aspectos em si despertaram empatia por Emma e Carlos de minha parte no início. Resultado: uma leitura angustiante, sofredora, tensa, na contemplação a degenaração de algo reconhecível, potencialmente realista. No final das contas acabei detestando a ambos... Perturbaram-me na percepção de características pessoais.
Na vazão a sonhos, a história é egoísta, o livro fez--me sentir mal com disposições capazes de cegar, se transformar em obsessão, buscar alternativas longe do que foi idealizado, estupidez, loucura... Para mim não é uma luta pelos sonhos, mas a degeneração destes... Sonhar, sonhar e buscar, o que dizem elogiosamente, mas nessa disposição em Emma pode também ser o caso de Síndrome de Hybris...
Detestei também a passividade irritante de Carlos, consensual a sofrimento... Foi egoísta fechando-se no conformismo, arrastando tudo e todos para isso invariavelmente...
Esse é um relato subjetivo sobre a leitura,
Sendo objetivo, o livro é um clássico, novidade nenhuma na resenha, com proposta provocativa sobre realidade e ficção, em que o leitor é despertado a críticidade, acima de tudo, sobre si mesmo em seus ideais... É o que penso.
Resenha em Macapá... Sonhando e lutando, decididamente e conscientemente pelas aspirações e motivações.