Resenhas - Perto das Trevas

Whatsername 06/06/2022

Muito interessante ver o autor se abrindo e descrevendo, como foi seu período tortuoso em que esteve nas garras de uma das piores doenças que podemos esperar: a depressão. A qual tira todos os dias a vida de uma pessoa.

Eder- 06/09/2018

Perto das trevas, salvo pela Luz
"Da nossa vida, em meio da jornada,
Achei-me numa selva tenebrosa,
Tendo perdido a verdadeira estrada."
DANTE
Ao lado do livro "Uma Mente Inquieta" de kay Redfield Jamison, este livro de William Styron descreve com maestria aliando inteligibilidade a trajetória de uma patologia denominada depressão. Styron narra seu drama descrevendo os processos evolutivos da doença à qual lhe acometia, o cotidiano (tanto exterior como interior) afetado, as diferentes formas de apoio que lhe renderam esperanças para continuar lutando, e os erros e acertos no processo da cura.
"Perto das Trevas" ocupa um lugar privilegiado entre os livros que tratam desta temática (patologias do cérebro) por seu ano de publicação, a saber, 1991. Enquanto que o livro de Jamison "Uma Mente Inquieta" foi publicado quatro anos mais tarde.
O livro ganha notoriedade por relatar o drama de Styron mediante uma linguagem simplificada e acessível à qualquer leitor.
Associa as suas tendências suicidas às reações anteriores do seu subconsciente, como por exemplo, a temática do suicídio já presente em seus escritor bem antes de sofrer com a depressão.
Cita algumas outras obras relacionadas ao tema "suicídio" como o livro "Self-destruction in the promissed land" de Howard I. Kushner (ainda não traduzido no português).
Arrisca diagnosticar fenômenos e fatores ocorridos na infância que contribuem para a tendência suicida ao citar a vida de personalidades significativas, como por exemplo, as vidas de Ingmar Bergman, Van Gogh, Abraham Lincoln, etc. Sendo que neste último, cita o episódio relacionado à perda de sua mãe aos nove anos de idade e de sua irmã ("teoria do luto incompleto"), 19 anos mais tarde. segundo o autor, tal teoria pode ter influenciado sobremaneira o desenvolvimento da depressão em sua vida.
Mas no capítulo IX o autor rebusca na sua trajetória pessoal elementos que podem ter contribuído para o seu "declínio" mediante falta de sentido no seu trabalho e na sua vida cotidiana; fatores que também levaram-no a considerar como elementos fundantes da sua doença mental.
Livro muito recomendável à todo e qualquer leitor que queira iniciar leituras elucidativas e referencias a temas ligados com a depressão, esquizofrenia, loucura, suicídio, entre outros assuntos afins.
Cito uma passagem do livro contido no capítulo X:
"Para aqueles que viveram no bosque tenebroso da depressão, e conheceram sua agonia indescritível, a volta do abismo não é tão diferente da ascensão do poeta, subindo e subindo, deixando as profundezas negras do inferno para chegar ao que ele via como "o mundo cheio de luz". Aí, quem recuperou a saúde quase sempre recupera a capacidade para a serenidade e a alegria, e isso deve ser indenização suficiente por ter suportado o desespero além do desespero.".
"E assim saímos e mais uma vez vimos as estrelas." (p. 91)


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