LER ETERNO PRAZER 13/09/2022
Os trabalhadores do mar - Victor Hugo!!
Obra que podemos até afirma ser em essência um relato do homem e de sua aventura diante à natureza.
Segundo Victor Hugo, o homem enfrenta três lutas na sua existência, e que são definidas como suas necessidades básicas e são elas: A RELIGIÃO, A SOCIEDADE E A NATUREZA. Desta forma o homem precisa ultrapassar os conceitos dos dogmas; lutar por leis justas e; sobreviver em natureza, tanto social quanto mundanal. O primeiro conceito é trazido pelos escritos do Corcunda em Notre Dame, o segundo conceito; elevado pelos Miseráveis, e o terceiro conceito; natural, descrito nos Trabalhadores do Mar. Após obter, em uma pequena pesquisa, essas informações vi a grande importância dessa obra.
Aqui, em "Os trabalhadores do mar" vamos acompanhar uma verdadeira saga do homem a enfrentar todos os sinais e forças da natureza.
Bom falando da leitura em si, posso dizer que "Os trabalhadores do mar" chega a ser quase um poema sobre a vida, os costumes e a natureza da ilha de Guernesey, onde o autor viveu por muitos anos num exílio auto infligido. Na observação de todos esses elementos que tinha a sua vilta, Victor Hugo desenvolve a história de Gilliat( nosso grande personagem), sua sofrida trajetória a margem daquela sociedade onde sofre grande discriminação.
Gilliat era estranho aquele lugar; chegou a ilha ainda pequeno, mas fora morar numa casa muito velha, esquesita. Com fama de mal-assombrada e índole pagã sentiu todo aquele folclore local recair sobre suas costas, atribuindo-lhe, compulsoriamente, uma personalidade desprezível. Isso lhe fez um ser introvertido, avesso às cerimônias e costumes da ilha. Não ia à igreja, nem enconpridava as conversas.
Mess Lethierry era um mercador que transportava os mais diversos gêneros do continente à ilha. Era considerado um homem inovador,um grande empreendedor, tanto que mandou construir uma enorme embarcação, que apelidou de "Durande", para assim aumentar o fluxo de mercadorias do local.
Pela religião e superstição os moradores da ilha conduziam seu modo de pensar, as conclusões sobre os outros eram pautadas em critérios nada tangíveis do ponto de vista racional. Por isso não viam com bons olhos a iniciativa do grande barco de Lethierry, e também abominavam a maneira de ser de Gilliat.
O novos era assustador e muitas vezes rejeitado, e Gilliat tinha entendimento sobre processos naturais que permitiam técnicas mais eficientes sobre coisas até corriqueiras; então era chamado de feiticeiro. Lethierry queria introduzir a tecnologia para aumentar a eficiência nos transportes da ilha.
Para Lethierry foi mais fácil ser aceito, pois a vida dos moradores de Guernesey melhorou graças ao próprio. Houve bem mais abundância de tudo que as pessoas dali necessitavam; ele era muito rico, também. Tinha sobre sua tutela a bela sobrinha Déruchette, que encantava a todos, e facinou Gilliat. Já com Gilliat era outra história. Estigmatizado por sua casa, suas roupas, sua conduta e como se portava, não haveria chance para ser notado. Estava fadado ao desamor e à solidão.
Ah!! Mas eis que uma oportunidade se apresenta em meio a milhões de desventuras, àquele homem tão simples: o navio Dudande naufragou! Lethierry em desespero chorava e dizia-se arruinado; seu sofrimento comoveu Déruchette. A sobrinha então assumiu o compromisso de se casar com aquele que conseguice recuperar a embarcação.
Daí então Gilliat não teve dúvida e partiu decidido a recuperar a Durande e conquistar o amor de Déruchette. Ele era um homem obstinado, e tinha a seu favor conhecimento e inteligência, que eram atributos desconhecidos daquela sociedade tão fechada, já que não lhe davam a oportunidade de ser aceito.
Partimos daí então a acompanhar o grande desafio de Gilliat, a maior e mais difícil, diria quase impossível empreitada de sua vida, pois o resgate da embarcação já havia mais esperança de que fosse possível visto que a mesma estava presa entre dois grandes rochedos e poucos eram seus recursos em termos de ferramentas.Mas o intuito de Gilliat era tentar tudo sozinho, pois a mão de Déruchette havia de ser sua.
"Os trabalhadores do mar" tem um texto primoroso, Victor Hugo, como se fosse uma suave e harmoniosa canção, vai levando a narrativa em cada página de forma impecável conquistando o leitor a cada página virada!! Além disso ele não só conta uma história de amor, mas o desejo de ser amado; a marginalização injustificada de um homem que tinha muito a oferecer, mas, sendo ignorado e trajado de obtuso, vivia em mundo tão restrito quanto o dos limitados moradores da ilha.
O autor explora muito e bem, toda a natureza e a geografia do lugar, um lugar tão belo e hostil, com lugares cheios e de beleza e outro carregados de mistérios e perigos.
"Os trabalhadores do mar" é uma obra clássica, mas de fácil e agradabilíssima leitura!