hylle 20/12/2023
Lindo, triste, dramático, chato, admirável
Bom, talvez o título não seja bem nessa ordem, mas fazer o que... Realmente pensei que o dia de fazer essa resenha nunca chegaria, mas os dias de glória vieram! (uma pena que nem pra todos).
A primeira coisa que preciso dizer, é que se você, assim como eu, leu "Os miseráveis" e veio pra esse livro esperando encontrar algo do mesmo nível, eu sinto te dizer o seguinte: impossível, cara. supera. Infelizmente, acho que começar pela obra prima de um autor te dá essas decepções. Coloquei sim muitas expectativas nesse livro, e isso pode ter estragado um pouco a minha experiência. Mas o fato é que o Victor ainda é o Victor. Você ainda vai ter personagens incríveis, capítulos lindos e muitas digressões (talvez ele só tenha perdido a mão nessa última).
Como eu comecei odiando o livro pra depois ter os meus refrescos, é justo eu começar metendo o pau também, né? O foco desse livro é a natureza (a sinopse fala uns negócios bonitos sobre sociedade e religião, mas eu realmente não lembro), e eu tenho até vergonha de admitir isso, mas achei de uma bobeira tremenda isso. Não que eu ache a natureza uma bobeira, longe de mim, mas me deixem explicar: achei muito dramático, gente. Realmente, o autor consegue escrever bonito sobre quase tudo, mas 20 páginas falando sobre o vento? sobre um polvo? sobre uma tempestade? desculpem, eu ri. Acho que isso é uma coisa bem pessoal, mas não acho a natureza uma coisa tão sentimental quanto o Victor passa nesse livro não. Tem uma frase que eu até achei bem cômico ter sido colocada pelo autor: "Toda a natureza devora ou é devorada. As presas mastigam-se umas às outras. Entretanto os sábios que também são filósofos, e por consequência benévolos para a criação, acham ou acreditam achar a explicação disto". E é exatamente isso que ele faz. Se ele acreditar achar a explicação ou se só acredita muito que não há uma explicação, ele escreve. Escreve bastaante sobre.
Mas, fora essa enrolação (que, repito, as vezes consegue ter um tom poético muito bonito) a história desse livro é maneiríssima! E melhor que a história, é o personagem principal, Gilliat. Depois desse livro, minha opinião de que Victor Hugo é um dos melhores autores do quesito "criar personagens com um caráter impecável" só se fortaleceu, porque caramba! Que personagem incrível é esse nosso Gilliat. Acompanhar ele dá um gostinho ímpar pra história. Fora os outros personagens, que também são bem marcantes (se marcam ódio ou amor em você, aí depende bastante). Fora que quando você menos espera, o livro te surpreende (não, não é um tédio total, eu juro!)
E eu não poderia deixar de comentar o final, né. Por mais cansativa que possa ser essa leitura, eu digo que vale a pena! Vale a pena acompanhar essa aventura. Que final sensacional. Claro que ele te dá muitas outras emoções, mas eu prefiro ser vaga aqui. O desfecho me pegou muito de surpresa, e confesso que eu estava decidida a dar 3 estrelas pra essa leitura, mas, depois de ter essa experiência que foi o final (é uma experiência), tive que mudar meu veredito. Uma coisa que eu posso afirmar que é uma habilidade que o Victor mantém tanto em "Os miseráveis" quanto aqui, é fazer umas cenas visualmente lindas. Sim, você vai precisar se esforçar pra visualizar, mas a recompensa é incomparável. Que cenas lindas esse livro tem. Que cenas linda de morrer! rsrs