Lorien 20/11/2009
"O homem pode embriagar-se com a própria alma.Essa embriaguez chama-se heroísmo"
Apesar de eu ter curtido ler, principalmente em alguns pontos específicos, foi uma leitura bem arrastada. Adiada por anos, com o livro já na estante, e, quando começada, interrompida várias vezes.
O início do livro é muito interessante. Hugo usa vários capítulos e páginas descrevendo um mosaico de personagens, e,a princípio, é meio difícil de imaginar onde a história vai desembocar. Mais para o meio, o livro parece infinito, interminável. A impressão que se tem, pelo menos na versão que eu li, edição de bolso com letras miúdas e margem pequena, é que por mais que se leia, o marcador de livro não se move, a leitura permanece no mesmo lugar. E, talvez, o livro acabe, nesse ponto, irritando as pessoas que não gostam de descrições longas e minuciosas.
De minha parte, li marcando trechos e pensando em leituras prévias. Lembrei-me muito do Gaston Bachelard, no "A Água e os sonhos", sobre a imaginação da matéria. E um relato dos perigos do mar, sempre lembra os outros: Foi impossível não lembrar do Crusoé de Defoe, do Ulisses de Homero. Sem dúvida, a figura de Gilliat espelha essas e outras, pois a boa literatura, é, mesmo, a intertextual.
Mais para o fim, o livro é agoniante: Quando você pensa que está tudo bem e tudo vai dar certo, aparece outro imprevisto, e outro, e outro, e outro. O final, não é o de um conto de fadas, mas não deixa de ter sua beleza. E, como diz o Willian Goldman, no "O noivo da princesa", é um daqueles livros para ler sabendo que a vida não é justa.