Adriana 02/10/2012Esta resenha é muito especial porque é a primeira que eu faço para o projeto Indique Um Livro. Ou seja, este livro é uma indicação de leitor e eu estou super feliz por ter seguido a recomendação do Eduardo.
Escolhi esta obra para começar porque Os Trabalhadores do Mar, ou qualquer obra do Victor Hugo, não era um livro que eu teria escolhido se passasse por ele em uma vitrine, sebo ou biblioteca. Que bom que eu tenho vocês para me ajudarem, pois estava perdendo uma obra muito boa.
O livro é de 1866 e a edição que eu li foi traduzida por Machado de Assis e republicada pela editora Abril em 1979. Como dá pra imaginar, este é um clássico do período e fiquei feliz de ter a oportunidade de lê-lo.
Uma das maiores qualidades que encontrei na obra é que ela é muito fácil de se apegar. Logo nas primeiras páginas fui fisgada pela trama, que fluiu rápida e coerentemente. Isso não quer dizer que seja um livro simplório ou bobo, muito pelo contrário. Refleti sobre ele durante dias até conseguir começar esta resenha. Não é uma obra fácil de se entender e, ao fechar o livro, fiquei com uma sensação tipo a do Kiko de “o que será que ele quis dizer com isso?”.
Mas vamos aos fatos, assim posso explicar melhor minhas dúvidas…
O livro narra a história de Gilliatt, um homem recluso, fechado e muito inteligente. No lugar onde mora, ele é taxado de bruxo, filho do demo e por aí vai… Tudo porque a ignorância do povo daquela época era grande, e os estrangeiros sempre foram desprezados (Gilliatt era um francês vivendo na Inglaterra).
Depois da morte de sua mãe, ele acabou ficando ainda mais solitário, até o dia em que se encantou pela jovem Deruchette. Ela é sobrinha de um dos homens mais influentes do povoado, dono de um dos primeiros barcos a vapor do local, a Durande. Vítima de um golpe ardiloso, o tio de Deruchette acaba perdendo seu bem mais valioso e entrando em profunda depressão.
Como vida com o sofrimento do tio, no calor do momento, Deruchette afirma que irá se casar com que resgatar Durande, embarcação que foi destruída em uma tempestade.
Gilliatt parte então em uma jornada épica para resgatar o barco e conseguir a mão da moça. Com ele, vivemos aventuras do mar, compartilhamos sua dor e sofrimento na tentativa de realizar um feito dito impossível. Como eu disse, Gilliatt é um personagem muito inteligente e com o qual é fácil se identificar. Simpatizei com ele desde o início por causa do meu jeitão fechado de ser.
Apesar deste resuminho que eu fiz, Os Trabalhadores do Mar é muito mais do que isso e parece trazer muito mais mensagens do que a passada por escrito. Ao final, tive a impressão de que o autor quis dizer algo que não consegui captar, além de me bater uma melancolia imensa. Não dá pra se dizer que é uma obra que não mexe com o leitor, com certeza fará você refletir muito. Os Trabalhadores do Mar, além de muito bem ambientado por Victor Hugo (que o escreveu em homenagem à ilha de Guernesey, no canal da Mancha, onde o autor se expatriou), é um texto que traz muitas reflexões em seus parágrafos extensos.
Uma das coisas que me incomoda um pouco em todos os clássicos é justamente isso: muita enrolação pra dizer pouca coisa (falando o português simples). As divagações do autor muitas vezes não davam em lugar nenhum, mesmo assim gostei de lê-las, pois sempre vi Victor Hugo como escritor brilhante (amo de paixão este texto). Alguns parágrafos intermináveis realmente se mostraram importantes no decorrer do livro, por isso foi bom que eu ficasse ligada e apreciasse a obra em sua totalidade.
É uma obra que recomendo totalmente para um público mais maduro, que aprecia romances inteligentes e sagazes. Se você procura conhecer estilos de escrita diferentes, com certeza este livro merece sua atenção.
Resenha em http://mundodaleitura.net/?p=4304