AleixoItalo 05/11/2015A adaptação de mídias é algo corriqueiro no mercado e sempre que um produto se mostra potencialmente vendável, a tendência é sua extrapolação para outros segmentos com intuito de gerar mais lucros. Esses spin-offs são quase sempre forçados e descartáveis e só raras vezes geram produtos bons para competir com ou expandir o original. Escrever um livro exige dedicação do escritor, cada livro carrega um pouco da alma do seu autor e essas obras feitas sob demanda por freelancers, geram na maioria das vezes livros insípidos e insossos — dentre as poucas obras que eu me lembro de ter lido nessa categoria, Uncharted, Battlefield, King Kong e Assassin Creed são livros vazios e completamente descartáveis
O tipo mais comum de transposição de mídias, a adaptação de obras literárias para o cinema, é previsível uma vez que o tipo de comunicação que acontece no livro, por meio de palavras e da imaginação, é bem diferente da abordada no cinema, que entrega a obra pronta para o consumidor por meio de imagens e trilha sonora. Mas embora não seja um tipo de produto comum, o inverso também existe: a novelização de obras cinematográficas em romances.
Algumas franquias expandidas para a literatura conseguem obter sucesso, como é o caso de do mercado de livros de Star Wars e diversos livros baseados em jogos. Novelizar um filme é literalmente transcrevê-lo em sua integra para o papel, livros tendem a ser mais completos e mais amplos que os filmes — afinal não obedecem exatamente um prazo pra ser consumido — enquanto as novelizações são basicamente a mesma história das telas transcrita para ser lida. Apesar da prática não muito comum, existem diversas novelizações no mercado, em geral bem chatas de se ler uma vez que não existem os sentidos de comunicação utilizados no cinema, mas as vezes uma ou outra, consegue se sobressair e se tornar uma boa obra. É o caso de Alien.
Escrito por Alan Dean Foster, escritor de ficção científica norte americano que tem em seu currículo diversas obras sobre o assunto, várias adaptações e algumas novelizações, Alien conta a história da Nostromo e de seus sete tripulantes, que em missão se deparam com um estranho planeta onde existem ruínas de uma possível civilização alienígena. Ao explorar esse planeta, acabam trazendo para dentro da nave um oitavo passageiro... Todos já conhecem o enredo e o livro é uma adaptação fiel à obra hollywoodiana, nesse caso para que ler o livro se você tem o filme em mãos?
Apesar de contar a mesma história, Alan Dean Foster conseguiu criar uma atmosfera própria para o romance. Diferente da obra cinematográfica, aqui não temos Ripley como a personagem principal, o foco se dá em todos os tripulantes, onde cada um desempenha o seu papel e são igualmente importantes para a trama. A descrição dos cenários — principalmente da civilização alienígena — e dos acontecimentos, são excelentes e detalhes sutis como a preocupação com o sangue ácido dentro de uma nave pressurizada e a biologia do alienígena, são detalhes que passam batidos no filme, mas que contribuem bastante com a qualidade do romance. Os personagens são muito bem construídos e a obra é entremeada com pensamentos e aspirações dos tripulantes.
O livro é curto e mesmo assim é agradável e consegue emular com qualidade todo o terror espacial criado por Ridley Scott. Em 2015 o livro retornou as prateleiras do Brasil, lançado pela Aleph e é uma excelente obra Scifi para se ter na estante, seja fã da franquia ou não.