ThaisTuresso 19/09/2011Com sensibilidade artística e narração misteriosamente sedutora, a autora Angela Becerra descreve seus personagens e suas complicadas transições na vida de cada um deles, a descrição e escrita da autora é envolvente e quase póetica, melancólica mas realista. O que falta ao tempo é o livro que resenho hoje.
O que falta ao tempo narra a vida de uma garota chamada Mazarine, que é orfã e mora sozinha com a "santa" que logo vocês saberão quem ou o que é. Mazarine juntou suas economias para iniciar suas aulas de pintura naquela estação, queria ter aulas com o famosíssimo Cádiz, pintor famoso e dualista da época. Mazarine apreciava o autor, mas sabia que os pés que ele pintava eram terríveis, desejou ardentemente lhe ensinar a desenhar habilidosamente os pés de suas pinturas.
Cádiz estava passando por um período conturbado em sua carreira artística, faltava-lhe inspiração para sua arte, e a esposa dele Sara, estava percebendo esse período estático da arte do marido, mas respeitava seu espaço, assim Mazarine apareceu na vida dos dois, e traria mudanças irreparáveis. O pintor logo notou a aptidão de Mazarine para a arte, mas fingia ignorá-la, jamais admitiria para a jovem garota o fascínio que tinha pela obra que saia de suas mãos.
— O que me diz sobre o tempo, mestre do dualismo?
— O tempo?... — Ficou pensando um instante. — É o que nos falta, a todos nós. Nesse momento, é o que me falta para chegar a você.
Mazarine esconde segredos demais, um deles, ela jamais ousou contar a alguém. Ela imagina o esquife e tenta visualizar como era a vida de Sienna antes de sua morte, considera-a como a irmã que jamais teve e ao retirar de Sienna o medalhão, ela estará atraindo para sua vida pessoas perigosas que fazem parte de uma seita, que idolatram essa esquife, onde se encontra o corpo embalsamado de uma jovem, chamada Sienna, que está na casa de Mazarine, desde que a sua mãe morrera. A vida da moça começa a correr perigo, desde que um homem estranho, viu o colar de Mazarine, ele sabe que é da santa, da seita que ele segue.
Mazarine começa a adotar hábitos estranhos, desde andar descalça pela neve, jamais usar sandálias desde um sobretudo preto. Assim essa jovem caminha diariamente pelas ruas da cidade, provocando espanto pelos seus modos por onde passa.
Entre o improvável e essa realidade oposta e inconciliável, bem e mal, sim e não, a autora deste livro cria uma história fascinante, escrita com aspectos melancólicos, que tornam o livro impressionante. Recomendo!