Rebeca.Garcia 10/11/2024
Livro "Éramos Seis"
Escrito por Maria José Dupré, escritora brasileira nascida em 1898, o livro "Éramos Seis" conta a história de uma família dos anos 20, no qual a personagem principal é a matriarca Lola.
A família, como diz o título, é composta por seis membros: Lola, seu marido Júlio e seus filhos Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel. A história é contada em primeira pessoa, na visão de Dona Lola, mulher do início do século XX, dona de casa, que faz de tudo para manter sua família unida diante dos contratempos da vida. Apesar da história passar quase toda na cidade de São Paulo, residência da família Abílio de Lemos, a mãe, as irmãs e o cunhado de Lola moram no interior do estado, em Itapetininga.
Além de narrar o dia a dia de um núcleo familiar particular, a história também faz referência às grandes transformações paulistas e mundiais do início do século, como a Segunda Guerra Mundial, a Revolução Paulista de 24, A era Vargas e a Gripe Espanhola.
Lola narra a vida dos filhos desde pequenos até a vida adulta. Com o desenrolar da história, a personalidade de cada um dos filhos vai sendo construída, como Carlos, que era para Dona Lola o melhor e mais companheiro filho. No fim, as sucessivas mortes, fugas e casamentos, fazem com que, com o passar da trama, a família vá se destituindo, sendo o desfecho o ápice do definhar e da solidão de Lola.
Eu me apaixonei, completamente, pela forma de escrever de Maria José. Achei o livro de uma densidade e sensibilidade incomparável, além de ter me encantado com a sutileza da personagem Lola.
Sei que é impossível falar de Éramos Seis sem falar das inúmeras adaptações da obra para a dramaturgia. A primeira adaptação foi ao ar em 1958, na TV Record, a segunda em 1977, pela TV Tupi, tendo Nicette Bruno como D. Lola, em 1994. A terceira versão foi produzida pelo SBT e a última produzida em 2019, pela rede Globo. Encantei-me pela história através da última versão produzida. Lola é interpretada, primorosamente, por Glória Pires e Júlio, por Antônio Calloni. Toda a ambientação, as roupas, os atores e a trilha sonora são de extremo bom gosto e beiram a perfeição. A novela possui um ritmo lento, assim como o livro, mas, sensibilizante, como a vida de D. Lola. Acredito que o povo brasileiro atual, com suas produções rápidas e enredos depreciativos, não souberam apreciar a candura desta novela. Um ponto importantíssimo é que, ao contrário do livro, na novela, a personagem principal teve a chance de se reinventar e, como um sopro de esperança para nós, privilegiados espectadores, viver um lindo final feliz.
"Grossas gotas de chuva caem do céu sobre a terra, sobre as folhas das árvores e sobre os telhados. Cor de cinza. Solidão. " - Frase final do livro "Éramos Seis".