spoiler visualizarBrubs. 24/09/2012
"Ah, you look so cool."
Então... Fazia muito tempo que eu queria ler este livro mas vim adiando os planos porque preferi associar a leitura à estreia do filme agora em 2012. Infelizmente (ou não) o filme foi adiado para 2013, e aproveitando um tempinho livre na minha vida decidi ler logo de uma vez. Fui um pouco influenciada pelo trailer do longa (pelo qual já sou apaixonada desde sempre, haha) e comecei a leitura construindo os personagens de maneira similar. Gatsby pra mim já é o DiCaprio mesmo. Daisy é certamente a carinha da Carey Mulligan. Curiosamente, sabe-se lá por um lapso de da força do hábito de narrador na primeira pessoa, ou por uma ironia do destino em perceber tanta personalidade misturada, não consegui associar a figura do Nick à do Tobey Maguire, mas sim, a vinculei rapidamente ao próprio Fitzgerald na minha cabeça (o sotaque do narrador - especialmente porque li o livro em inglês - era totalmente propriedade do Fitzgerald de "Midnight in Paris", feito por Tom Hiddleston). Meu pouco conhecimento pelas ilhas de NY e geografia da região, permitiram a criação de um cenário talvez muito sulista na minha cabeça. Juro que estou ansiosa pra saber se imaginei certinho. Mas ok, isso tudo e mais a gloriosa versão de "Love is Blindess" do Jack White que embala o trailer, fazia da minha cabeça um ambiente perfeito pra só completar a história.
Bom, se parti dessa relação livro vs. filme como pressuposto para me motivar a começar a ler, não precisei de mais nada para terminar. Criei um AMOR muito grande pelo livro. A narração do Fitzgerald é extremamente moderna, rápida, e tem uma riqueza de detalhes que são frequentes, mas não cansativos. A descrição das grandes mansões, e da cena em que Jordan e Daisy estão deitadas nos sofás com as cortinas esvoaçantes... uau! :)
Meu inglês é relativamente bom, mas ainda assim tive um pouco de dificuldade em entender alguns coloquialismos e expressões, mas por outro lado também me senti orgulhosa de entender algumas brincadeiras sutis que o Fitz (posso chamar assim?) faz com a fonética, e outras "gonnegtions" (como ele brinca sobre o sotaque de Wolfsheim). E se no começo ele parece nos apresentar muitos personagens, depois todos parecem se tornam justificáveis na história (exceto talvez, pela longa lista de famílias ricas de East Egg).
Talvez além da geografia, me faltou um pouco mais de conhecimento sobre o contexto histórico da década de 20, que me pareceu superficial demais na distinção de American Dream e ascensão dos novos ricos antes da quebra da bolsa.
MAS... Filtrando tudo o que me foi deficiente (e não descarto aqui a necessidade de reler a versão em português do livro... pode ser que eu tenha perdido algo importante) pude perceber um Gatsby iludido, preso ao passado e que mesmo rodeado de tudo o que alguém pudesse desejar, era solitário, lacônico e melancólico. Passou a vida tentando resgatar um relacionamento que não existia como antigamente, por mais que Daisy parecesse corresponder. Não houve correspondência suficiente da parte dela, ou pelo menos, assim me pareceu. Achei desesperador assistí-la, como acharia em qualquer outra personagem da época, eu suponho. Acho que faz parte do perfil contido, de submissão e conformismo que me irrita tanto. Daisy assim, tão quieta, contida, parecia como se estivesse frequentemente com medo de tomar um soco do grosso do Mr. Buchanan. Será que em algum momento do livro ela mostrou algum tipo de opinião de verdade? Será que foi forçada a partir? Será que foi embora pela filha? Será que sentia um refresco do passado enquanto estava Gatsby? Será que sentia algo real por ele? Será que não sentia nada?
Senti falta desse desfecho da relação dos dois. A ausência de notícias de Daisy frente à morte de Gatsby me assustou, porque eu esperava alguma comoção. Esperava alguma pista de sentimento dessa menina, mas aparentemente, nada.
Sobre o Nick, não sei. Não gosto de como ele se chama "ser o único homem honesto que ele conhece", porque acho isso falso moralismo. E ao mesmo tempo em que ele se mostra virtuoso e não levianamente carregado pela boemia, por muitas vezes fica bêbado como todos os outros, e se mostra incrivelmente passivo frente a tudo o que está acontecendo em volta dele. (e plmdds, a escolha de Tobey Maguire como carraway é kadejdfduhfufjdhf: no). Talvez a única personagem que tenha mostrado um pouco mais de envolvimento com os fatos, emancipação, força, capacidade de ligar os assuntos e emitir opinião a respeito do que via e assistia, era Jordan Baker. E foi ela, perceptiva e atípica mulher forte, que nos deu no final do livro uma visão sobre Nick. Visão esta, talvez, a única real.
Acho que pra fechar: falta reação dos personagens. Faltarem verdades jogadas na cara. Discussões. Sinceridade. Irritação. Espontaneidade. Talvez esses sejam costumes de outras épocas, luxo indisponível para os ricos dos Eggs de NY.