Vitoria.Milliole 25/07/2024
Um louco. Um gênio. Um idiota.
Ecce Homo é um livro pequeno, mas ? como todo escrito de Nietzsche ? denso. Último livro escrito pelo filósofo, quando a doença já tomava boa parte de sua sanidade, ao longo da leitura temos alguns lapsos de seu estado mental. Ou alguns lapsos de sanidade em meio à loucura?
Controverso, contraditório, nada convencional, louco, arrogante, egocêntrico e um gênio: é assim que eu definiria esse cara. Mas talvez eu começasse pelo egocêntrico. Meus amigos, o que dizer de um cara que diz, ao longo de mais de 100 páginas, sobre o quão bons seus escritos são e coloca a si mesmo acima de Dante, Shakespeare ou Goethe?
Em Ecce Homo, que em latim significa "eis o homem", Nietzsche faz uma análise do seu eu e de sua própria obra. Depois de um capítulo denominado "por que sou tão sábio" e outro denominado "por que sou tão inteligente", no terceiro, denominado "por que escrevo livros tão bons", ele analisa alguns de seus textos publicados, como quem quer apresentá-los com seus respectivos contextos na intenção de não ser mal interpretado no futuro.
Plot twist: o futuro chegou e ele é mal interpretado o tempo inteiro.
É o segundo livro dele que eu leio e, pela minha análise, é um bom livro pra servir de introdução ao autor, mas também perfeito pra quem já leu toda a sua obra e gostaria de ter uma análise pra colocar alguns pingos nos i's.
Nietzsche era um completo idiota. Se personalidade ou doença, realmente não temos como saber. Boa parte de seus escritos foram produzidos em meio aos delírios de sua doença. Se vivesse nos tempos de hoje, seria cancelado. Ninguém, principalmente nenhuma mulher concordaria em enriquecer o bolso de um cara que diz coisas como as que ele diz.
Mas, pra minha sorte, ele viveu bem antes de mim e eu posso gastar meu dinheiro sem culpa nesse prato cheio de asneiras, porque Nietzsche também era um gênio. Suas críticas contra a moral, especialmente a moral cristã, ganham a minha atenção. Elas são incisivas, ácidas e atemporais. Sua [longa] descrição do que é a inspiração foi a descrição mais certeira que eu já li. Seu ego... bom, é o maior que eu já vi um ser humano ter, mas serve pra dar umas boas risadas. Eu amo odiar esse cara e certamente detestaria tê-lo como amigo. Que doideira é lê-lo!