Resenhas - A folha dobrada

skuser02844 10/05/2023

Li no físico, peguei o livro na mão diversas vezes... mas só agora que vi que a capa é um cara deitado usando luvas de boxe, e finalmente acho que a capa faz sentido para o livro.
Aqui conhecemos Lymie, um garoto franzino, tímido, péssimo em esportes e que faz de tudo pra passar desapercebido.

"Tomar conhecimento da injustiça do mundo não exige mais que uma pequena dose de experiência. Para aceitá-la sem amargor ou inveja é necessária quase a soma total da sabedoria humana, coisa que Lymie Peters, aos quinze anos, não tinha."

Em um dia como outro qualquer, enquanto Lymie tenta não ter sua existência percebida chega um novo aluno na escola, Spud, um garoto confiante, briguento e esportista, salva Lymie de um afogamento e eles acabam desenvolvendo uma profunda amizade, que acompanhamos crescendo com o passar dos anos. Já na faculdade acontecerão coisas que deixarão essa amizade abalada.
É uma história muito bacana sobre uma amizade profunda, uma história de cumplicidade, companheirismo e, é preciso admitir, um pouco de dependência emocional também.
A forma como essa amizade é narrada pode até abrir margem para quem queira confundir as coisas com um relacionamento amoroso, mas não é isso que é narrado, sim, eles são extremamente íntimos, e vemos como Lymie adora se sentir útil e servir ao amigo, enquanto Spud tem uma personalidade mais agressiva e deixa que Lymie faça por ele coisas que vindas de outras pessoas jamais seriam admitidas.
Spud é mais auto-confiante, desde sempre, e Lymie melhora muito nesse quesito no decorrer dos anos, muito por causa da influência do amigo, mas isso também acaba gerando uma certa dependência... essa dependência existe em ambos, mas acaba sendo mais evidente em Lymie devido a sua personalidade.
Como toda amizade esse relacionamento tem altos e baixos, principalmente quando na faculdade os caminhos deles começam a seguir rumos diferentes, grupos diferentes. Mesmo quando Spud arruma uma namorada e eles acabam virando um trio inseparável o ciúme começa a cavar vales nessa amizade que até então parecia inabalável.
É uma bela história de amor fraterno, mostrando na p´ratica o versículo que diz que há amigos mais chegados que irmãos.
O autor, que faleceu em 2000, tem vários livros publicados, mas acho que no Brasil só existe um outro chamado Até Mais, Vejo Você Amanhã, que também tem uma amizade como foco da história, pretendo lê-lo assim que tiver oportunidade.

site: http://hiattos.blogspot.com/2023/04/opiniao-folha-dobrada-william-maxwell.html