Jhonnye0 18/10/2024
Sexta-feira, 18 de outubro de 2024
De luto pela menina Anne. Imagino seu pai lendo tudo aquilo que ela dizia a respeito dela e dos outros. Os seus segredos e os seus anseios; o quanto depois da guerra esse pai sofreu e chorou. Todos morreram; seus pequenos anjos e seus amigos. E pensar que tudo isto foi verdade, tamanha crueldade que o povo judeu passou. Sim, é como se estivesse de luto porque no decorrer da leitura nós nos tornamos quase íntimos e fica difícil não se comover ao perceber o fim de seu diário interrompido sem nem ao menos um prólogo pro Adeus.
- De repente tudo acabou
- Eles foram invadidos e capturados como ratos
- Acabaram os planos, acabaram os sonhos.
Ela sempre quis ser entendida, ter bons amigos e reconhecimento pelo seu trabalho, e sim, de certa forma conseguiu tudo isto ( ou pelo menos haveria ). Mesmo passando pelo enclausuramento, pela perseguição e pelo ódio. Pelo amargor dos velhos, pela decepção das expectativas, pela fome, pelo crescimento forçado no confinamento, pelo menosprezo, por querer casa no outro e não achar, pela negligência das necessidades básicas. Pelas tantas mortes lá fora, tantas bombas destruindo tudo e tantas más notícias.. que dá um aperto no peito só de pensar. Saber que histórias assim aconteceram e podem muito bem voltar a se repetir.
Mesmo ante a tudo isto, ela nunca desistiu. Não perdeu nem a fé em Deus nem a fé em si mesma - Caiu e levantou sete vezes.
Ao ler, meu espírito tencionou em momentos perigosos, se comoveu com a tristeza compartilhada e se alegrou quando ela se alegrava. Muitas vezes eu me pegava pensando ?Que bom que tal coisa boa aconteceu com ela", e suspirava de alívio.
Em dois anos ( o tempo que ela viveu no anexo ) percebemos suas mudanças. A sua maturidade aflorando, tendendo sempre pro lado justo das coisas, sua fé e seus sonhos fluindo, a sua carência e satisfação pelas coisas simples e naturais. E mesmo com algumas mágoas abertas ( o que nunca poderíamos julgar ) sempre procurou ser melhor do que era, buscando enxergar sempre a verdade. Dentro de si e dentro de outrem.
Admiro muito essa menina que se fez escrita neste livro, eu sinceramente senti demais pensar que tudo isto que ela relatou um dia veio realmente a acontecer. E mesmo que digam que pessoas sofrem todos os dias, eu diria: realmente, a vida não tem nada a oferecer de bom senão o prazer ou o desprazer da surpresa.
Deus diz para não nos apegarmos a este mundo e ele tem razão. Que o mundo já é do maligno, e que não enxergamos um palmo à nossa frente. A gente não sabe se vai viver pra ver o bem ou se vai viver pra ver o mal. Como Anne, por exemplo, adivinharia o seu futuro? Como nós advinharíamos o nosso próprio?
Aprendi com este livro a viver um dia de cada vez. E a cada dia se aperfeiçoar mais e mais. O quanto puder, sem preguiça ou desespero. Com a cabeça erguida pronto para ter coragem e enfrentar. Dar verdadeiro carinho a alma abatida, e não esquecer-me nem de mim e nem de Deus. Sempre lutar enquanto ainda houver vida, sempre lutar enquanto ainda houver esperanças.
Um livro para sempre reler -